As competições oficiais de futebol na Ucrânia, suspensas há meio ano devido à guerra, foram hoje retomadas, com a presença de Volodymyr Zelensky e militares, que deram o pontapé de saída do principal campeonato do país.

Antes do início do primeiro jogo da edição 2022/23 do campeonato, entre Shakhtar Donetsk e Metalist, em Kiev, foram hasteadas bandeiras do país e entoado o hino ucraniano, ao mesmo tempo que os todos os jogadores presentes no relvado surgiram envolvidos em bandeiras da Ucrânia.

Sem quaisquer adeptos presentes nas bancadas, o presidente, Volodymyr Zelensky, fez um discurso patriótico e de esperança e um soldado do batalhão Azov, ferido em combate, recebeu a honra de dar o simbólico pontapé de saída para a competição que pode ajudar a resgatar parte do moral do país.

Em dezembro de 2021 os campeonatos sofreram a habitual pausa de inverno, contudo nunca mais regressaram, pois em 24 de fevereiro eclodiu a guerra face à invasão perpetrada pela Rússia.

Muitos futebolistas e treinadores juntaram-se, entretanto, ao exército do país, enquanto vários clubes passaram a fazer trabalho humanitário e a tentar angariar fundos para apoiar o esforço de guerra.

Alguns clubes mudaram temporariamente a sede do trabalho das suas equipas, com o Dínamo Kiev - que hoje defronta o Benfica no ‘play-off’ da Liga dos Campeões - a trabalhar em Lodz, na Polónia, país que também acolheu o Shakhtar, mas em Varsóvia.

Devido à situação excecional de guerra, que resultou também em bombardeamentos de estádios e campos de jogo e de treino, a FIFA permitiu a jogadores e treinadores rescindirem os seus contratos, pelo que o campeonato deverá ter, sobretudo, atletas ucranianos.

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O regresso da competição – igualmente para escalões jovens e provas femininas - foi decidido em junho e, apesar de se ter colocado a hipótese de haver jogos ma Polónia e na Turquia, todos os desafios serão disputados em solo ucraniano.

Os jogos vão decorrer sobretudo na capital Kiev e na zona oeste do país, para evitar as regiões de guerra. Ainda assim, as partidas serão realizadas à porta fechada e sob fortes medidas de segurança.

“Quando jogo futebol, não penso na guerra. Deveríamos jogar. Pelo nosso país. É a nossa obrigação. O desporto pode ajudar a contar a nossa história ao mundo e podemos fazer com que as pessoas se sintam melhor”, disse o médio do Shakhtar Taras Stepanenko, de 33 anos e que conta com mais de 70 internacionalizações pela seleção do país.

O jogo em Kiev, entre o Shakhtar, que transformou o estádio num abrigo para refugiados, e o Metalist Kharkiv, outra das cidades mártir, marcou o início da época 2022/23 que vai contar com 16 equipas.

O futebol regressa ao país na véspera de se celebrar o Dia da Independência da Ucrânia, o seu principal feriado, em 24 de agosto - dia em que se cumprem seis meses da guerra -, o que acontece desde 1991.

Para a história, em campo neutro, o Shakhtar e o Metalist empataram 0-0.