O sindicato internacional de jogadores FIFPRO quer melhorar as condições em África para futebolistas que normalmente acabam a jogar no estrangeiro possam ficar no continente, afirmou hoje o antigo internacional camaronês Geremie Njitap.
O antigo profissional, conhecido por Geremi, que jogou sob o português José Mourinho no clube londrino, explicou que os jogadores africanos "deixam África ainda jovens devido às más condições de trabalho e ao desrespeito dos seus contratos".
“O FIFPRO está a lutar pelos direitos, interesses e melhoria das condições de trabalho, para que esses jovens jogadores possam jogar em África e inspirar a geração mais nova. Quando pensamos em África e no mundo, queremos que as pessoas olhem para nós como inspiração e boa governação, e não como um bem a ser levado para a Europa”, disse.
Geremi falava durante o chamado Fim-de-Semana de Governação Ibrahim (Ibrahim Governance Weekend, IGW na sigla inglesa), que este ano tem como tema "África Global: O lugar de África no mundo de 2023”.
De acordo com a consultora KPMG, citada pelo estudo intitulado “Factos e Números” produzido pela Fundação Mo Ibrahim, 514 jogadores africanos estavam inscritos em 11 grandes ligas de futebol europeias em 2021.
A França tem o número mais elevado, com 107 jogadores, enquanto a Áustria tem o número mais baixo, com nove, de acordo com a KPMG. Portugal está em quarto lugar, com cerca de 50.
Senegal (62), Marrocos (52) e Nigéria (54) são os principais países africanos com futebolistas africanos a jogar na Europa.
Em oito clubes europeus da primeira divisão, pelo menos 40% do valor do plantel está associado a jogadores africanos.
"Este é um problema muito grande. Eles são o nosso trunfo. Eu próprio joguei no Real Madrid e no Chelsea”, referiu o camaronês, que ganhou a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de 2000 ao serviço da seleção nacional.
Em 2000 e 2002 venceu a Taça das Nações Africanas pela Nigéria e a Liga dos Campeões pelo Real Madrid. Atualmente é o representante de África no Conselho de Administração do FIFPRO.
Geremi afirmou que “o futebol africano é um forte recurso do 'soft power’ africano” devido à presença nas equipas mais competitivas em todo o mundo.
No desporto, países da África Oriental como Etiópia e Quénia dominam o atletismo de longa distância há décadas e o continente tem uma presença crescente no basquetebol nos EUA.
Marrocos tornou-se a primeira seleção africana de sempre a chegar a uma meia-final do Campeonato do Mundo de Futebol de 2022, no Qatar.
Além do desporto, a influência africana está a aumentar em áreas como a música, o cinema, a literatura, a arquitetura, as artes e o património cultural, segundo o estudo da Fundação Mo Ibrahim.
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