Cerca de uma centena de iranianas foram excecionalmente autorizadas a assistir a uma partida da seleção do seu país contra a Bolívia, esta terça-feira, em Teerão, constatou um jornalista da AFP.
Sem ser inédita, esta presença feminina nas bancadas é rara na República islâmica do Irão, onde as mulheres não tinham o direito de ir ao estádio para assistir a jogos de futebol de homens.
Equipadas com bandeiras e vuvuzelas com as cores nacionais (verde, branco e vermelho), as adeptas foram colocadas numa bancada separada dos homens, segundo o jornalista da AFP.
Elas puderam ver a seleção do Irão vencer por 2-1 a Bolívia num jogo amigável.
Antes, o site Varzesh3, especializado em informação de desporto, explicou que as autoridades locais autorizaram um número limitado de mulheres a assistir ao jogo: "membros da família da seleção de futebol, membros das seleções femininas de futebol e futsal, funcionárias da federação de futebol e, claro, algumas adeptas de futebol" puderam ver o jogo ao vivo.
Desde a vitória da revolução islâmica em 1979, as mulheres estavam proibidas de comparecer a estádios para assistir a jogos de futebol masculinos, oficialmente para protegê-las das palavras obscenas dos homens.
Esta medida foi muito contestada no próprio meio do sistema político iraniano.
O presidente do Irão, Hassan Rohani, considerado moderado, já afirmou diversas vezes, publicamente, que quer ver mulheres nos estádios, mas essa mudança na lei esbarra na oposição ultraconservadora do governo.
A 26 de junho deste ano, milhares de mulheres, acompanhadas de familiares, foram autorizadas a entrar no estádio Azadi para assistir à transmissão em ecrã gigante da partida entre Irão e Portugal, referente à terceira jornada do Mundial2018, na Rússia.
Em setembro de 2017, um pequeno número de mulheres eleitas no Parlamento receberam a autorização para assistir ao jogo de qualificação para o mesmo Mundial, entre o Irão e a Síria.
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