Miguel Cardoso conquistou hoje o primeiro título da carreira como treinador principal, ao levar o recordista Espérance Tunis ao 33.º campeonato tunisino de futebol, igualando um feito alcançado por José Morais em 2008/09.
Em Radès, uma vitória na receção ao Monastir (2-0), para a nona e penúltima jornada da fase de apuramento de campeão, possibilitou ao recém-finalista derrotado da Liga dos Campeões africana reconquistar o título dois anos depois, sucedendo ao Étoile du Sahel.
O Espérance reforçou o comando isolado da Liga tunisina, com 23 pontos, oito acima do oponente de hoje, segundo colocado, quando restam apenas três em disputa, e passa a ostentar 33 cetros, mais 20 do que o Club Africain, segundo clube mais laureado do país.
Miguel Cardoso, de 52 anos, entra na história como o segundo treinador português a ser campeão na Tunísia, reeditando o êxito conseguido por José Morais, ex-adjunto de José Mourinho e atual líder dos iranianos do Sepahan, no banco dos ‘mkashkha’, em 2008/09.
Inativo desde que tinha terminado a sua segunda passagem pelo Rio Ave, em 2020/21, o técnico natural da Trofa chegou ao Espérance Tunis em janeiro e logrou o primeiro troféu ao fim de sete anos como técnico principal, três semanas depois de ter perdido a final a duas mãos da Liga dos Campeões africana face ao Al-Ahly (0-0 em casa e 1-0 no Egito).
Miguel Cardoso passa a ser o 25.º português a impor-se em campeonatos domésticos de África, continente com marca técnica lusa mais realçada, uma vez que dispersa 41 cetros por Angola, Argélia, Cabo Verde, Egito, Líbia, Moçambique, Marrocos, Sudão ou Tunísia.
Com seis títulos egípcios pelo Al-Ahly, Manuel José é líder incontestado nesse ‘ranking’ à escala mundial, à frente dos cinco de Bernardino Pedroto na Liga angolana - três no ASA e dois com o Petro Luanda -, num continente em que Carlos Gomes se eternizou como primeiro português campeão além-fronteiras, em 1970/71, com os argelinos do MC Oran.
Moçambique, com 11, e Egito, com 10, acolheram mais êxitos de técnicos lusos, que, ao todo, já prevaleceram nos escalões principais de 38 países dos quatro cantos do mundo.
O principal perseguidor de África é a Europa, onde, além da I Liga portuguesa, há marca registada em 13 nações, tais como Bulgária, Chipre, Espanha, Grécia, França, Inglaterra, Israel, Itália, Luxemburgo, Roménia, Rússia, Suíça e Ucrânia, faltando a Alemanha para completar a senda vitoriosa nos cinco campeonatos mais mediáticos daquele continente.
O principal protagonista desse cenário é José Mourinho, que ainda é o único a vencer em Espanha, no Real Madrid (2011/12), em Inglaterra, onde foi tricampeão com o Chelsea (2004/05, 2005/06 e 2014/15), e em Itália, 'bisando' pelo Inter Milão (2008/09 e 2009/10).
O recém-contratado treinador dos turcos do Fenerbahçe nunca trabalhou em Alemanha e França, cuja Liga já elevou Artur Jorge, com a segunda de 12 conquistas do Paris Saint-Germain (1993/94) e Leonardo Jardim, para o oitavo e último êxito do Mónaco (2016/17).
Segue-se a Ásia, com vitórias dispersas por Arábia Saudita, China, Coreia do Sul, Hong Kong, Emirados Árabes Unidos, Indonésia, Macau, Malásia, Maldivas, Qatar e Vietname, sobressaindo os três títulos de Bernardo Tavares, com PSM Makassar, Benfica Macau e New Radiant, e de José Morais, que celebrou pelo Al-Hilal e ‘bisou’ ao leme do Jeonbuk.
Mais recente é a marca portuguesa na América do Sul, que começou a ser construída há cinco anos por Jorge Jesus no Brasil - onde Abel Ferreira foi bicampeão com o Palmeiras (2022 e 2023) -, havendo igualmente contributos de Renato Paiva pelo Independiente del Valle (2021), do Equador, e Ricardo Formosinho com o The Strongest (2023), da Bolívia.
Se não há qualquer vitória na Oceânia, o palmarés na América do Norte cinge-se ao 'bis' de Guilherme Farinha na Costa Rica, em representação do Alajuelense, entre 1999/00 e 2000/01, e aos festejos de Pedro Caixinha pelo Santos Laguna, do México, em 2014/15.
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