Nunca é tarde demais para se sonhar e Matheus Pereira é a prova disso mesmo. O médio teve de esperar aos 28 anos para se estrear pela seleção do Brasil, já numa fase em que achava que seria muito complicado ter essa hipótese. O ex-Sporting foi chamado para substituir o lesionado Lucas Paquetá e ainda foi a tempo de"viver um sonho de criança".
O momento que perdurará na memória do jogador do Cruzeiro aconteceu aos 78 minutos do triunfo brasileiro frente ao Peru (4-0). Matheus entrou para o lugar de Raphinha e teve um dos momentos mais felizes da carreira.
"15.10.24, mais um dia especial que Deus me deu! Um sonho de criança realizado com muita luta. Agradeço a todas as pessoas que me ajudaram, e em especial a minha esposa e o meu pequeno Theo que está a vir! 'Ponha a sua vida nas mãos do Senhor, confie nele, e ele o ajudará.'” Salmos 37:5", escreveu, nas suas redes sociais.
Esta internacionalização teve especial importância uma vez que o médio passou por uma fase complicada na carreira em que se refugiava no álcool para combater a solidão e a depressão. Curou-se com ajuda de psicólogos e regressou ao país natal para voltar a erguer-se.
No Cruzeiro assumiu a titularidade e chamou à atenção do selecionador, que lhe resolveu dar uma oportunidade após ter contribuído com 9 golos e 13 assistências nesta temporada, na qual participou em 48 jogos.
Antes chegou a ser promessa do Sporting, mas nunca se conseguiu afirmar em definitivo, muito por culpa do comportamento fora de campo, como o próprio admitiu. Passou ainda por Chaves, Nuremberga e West Brom antes de rumar ao Al Hilal, onde admitiu que chegou a pensar em pôr fim à própria vida.
"Comecei a cair em algumas coisas que já tinha caído antes, voltei a beber e as coisas foram piorando. Não tinha vontade de fazer nada, só queria ficar em casa. Pensava 'quero morrer, não tenho mais solução'. Depois lembrei-me que já tinha caído uma vez, duas... Juntei tudo e pensei 'não quero saber de mais nada nem de ninguém. Vou acabar com isto'. Era como se quisesse morrer todos os dias", admitiu numa entrevista ao The Players Tribune.
Voltou a casa e parece um homem diferente, pelo menos pela forma como joga mais solto e alegre em campo, e conseguiu agora cumprir um dos seus grandes sonhos. Aos 28 anos, ainda não é tarde para ambicionar outros voos, até porque qualidade não lhe falta.
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