"O que vejo nas últimas manifestações dos líderes da Superliga, Florentino Pérez ou Agnelli, é que fazem um diagnóstico errado e, como acontece com os médicos, se falhamos no diagnóstico vamos matar o paciente", começou por defender o dirigente no painel 'From defending football for all, to becoming a sports tech powerhouse', no qual reiterou a sua total discordância com o projeto da Superliga Europeia.
Javier Tebas, responsável máximo pela Liga Nacional de Fútbol Profesional, que contempla as duas ligas profissionais de Espanha, criticou abertamente a Superliga e os dirigentes que a defendem, caracterizando-a como "um modelo 'fake', 'light'", que, em seu entender, "não será a solução para o futebol europeu".
O dirigente espanhol, de 60 anos, frisa ainda que a prioridade passará por garantir "o futebol para os adeptos" e que "não possam haver clubes-estado, como o PSG".
"Isso não é futebol. Esses clubes não são o centro do futebol," sentenciou Javier Tebas, que, na conferência de imprensa que se seguiu, foi ainda mais longe, aconselhando o CEO da Superliga, Bernd Reichart, a "acordar do sonho", após este ter afirmado existir "uma expectativa razoável" de que a Superliga Europeia poderia ter início na temporada 2024/2025.
O líder da liga profissional espanhola deixou uma garantia: "[Reichart] está a sonhar e tem de acordar para a realidade. Há que ter cuidado quando gente que não tem experiência no futebol tenta dar lições e tirar conclusões que põem em perigo a indústria do futebol na Europa. Não vai haver Superliga em 2024".
Javier Tebas defendeu que "a solução passa por mudar os modelos" em casos concretos e manter como exemplo de sucesso a Liga dos Campeões.
"Se a Liga dos Campeões é um êxito, não há que mudar, já que os jovens não a abandonam e continuam a segui-la. Esta é a época em que os jovens mais vêem mais futebol. Há que continuar a chegar aos jovens e a todas as gerações para que os adeptos estejam dispostos a pagar para assistir ao futebol", diagnostica o dirigente.
O espanhol apelidou de "fake news, parvoíce e idiotice" o pensamento de que o público mais jovem não está disposto a assistir a um jogo de futebol nos moldes habituais, nomeadamente com noventa minutos de duração, e reiterou a importância de fiscalizar e punir as ações de alguns clubes liderados por grupos económicos milionários e até governamentais em incumprimento com regulamentações como, entre outras, o 'fair-play financeiro'.
"Não critico que Qatar, Abu Dhabi ou a Arábia Saudita possam estar no futebol. O que critico é que inventem patrocinadores e transferências que não são reais para cumprirem as normas. Há que cumpri-las e, se tal tivesse sido feito, o City e o PSG não estariam onde estão," acrescentou Tebas, que considerou que movimentações como a compra de ações pelo grupo QSI junto do Sporting de Braga representam "um perigo para todas as ligas europeias, incluindo a portuguesa".
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