O clube chinês de futebol Shaanxi Chang'an Athletic, que compete na terceira divisão chinesa e é treinado pelo português Paulo Santos, venceu este mês a 13.ª edição dos Jogos Nacionais da China.
Aquela competição, uma espécie de miniolimpíadas chinesas, é o principal evento desportivo do país, e realiza-se a cada quatro anos. A última edição decorreu na cidade de Tianjin, a cerca de 120 quilómetros de Pequim.
Paulo Santos chegou ao país asiático em fevereiro passado, depois de um percurso em Portugal que inclui o Clube Desportivo do Candal, atualmente na Divisão de Elite da AF Porto, e o União de Lamas, que disputa a primeira divisão da AF Aveiro.
"Hoje, sou muito mais treinador", disse o técnico de 40 anos à agência Lusa, sobre a experiência no Shaanxi, acrescentando. "Fui sujeito a outro tipo de estímulos que não estava habituado, tive que sair da zona de conforto".
O Shaanxi Chang'an Athletic foi formado em 2016 e compete atualmente na China League Two, o terceira e último escalão do futebol profissional no país.
"É um clube ‘sui generis’. Estamos na terceira divisão, mas temos 20.000 adeptos no estádio em jogos em casa. Temos uma massa adepta que é uma coisa doida”, contou.
Para além de Paulo Santos, outros dois técnicos portugueses orientam equipas da terceira divisão chinesa.
Manuel Cajuda, antigo treinador de Sporting de Braga, Vitória de Guimarães e Marítimo, entre outros clubes, orienta desde dezembro passado o Sichuan Annapurna.
Por seu lado, o jovem treinador Pedro Rodrigues, que chegou à China em 2014, para trabalhar na academia do antigo internacional português Luís Figo, está no Hainan Boying FC.
Paulo Santos não tem dúvidas: "O treinador português é bem-visto na China. Os treinadores portugueses que vieram para cá, têm vindo com a missão de continuar a abrir portas aos portugueses, o que é importantíssimo”.
Só na cidade de Xi'an, a capital da província de Shaanxi, onde Paulo Santos vive, estão outros sete treinadores portugueses de futebol, distribuídos por academias locais.
"Em Xi'na, gosta-se muito de futebol", explicou.
A crescente paixão pelo ‘desporto-rei’ é um fenómeno comum a grande parte da China, apesar do insucesso da seleção do país, que figura em 62.º no ranking da FIFA e cuja única participação num Mundial foi em 2002.
Paulo Santos culpa a "rede de prospeção, muito curtinha", pelo fracasso chinês na modalidade.
"Muito provavelmente um (Lionel) Messi ou um Cristiano Ronaldo estarão por aqui. Só que, provavelmente, o miúdo é muito pobre e não tem acesso ao futebol. Eles precisam de ramificar completamente a sua rede”, afirmou.
A China League Two é disputada por 24 equipas e está dividida entre as zonas Sul e Norte - 12 equipas por zona.
Os primeiros quatro classificados de cada zona apuram-se para os ‘play-offs', tendo depois de ultrapassar duas rondas a eliminar para chegar à final. Os dois finalistas qualificam-se para a China League One, a segunda divisão.
O Shaanxi Chang'an Athletic está perto de se qualificar para os quartos de final dos ‘play-offs'.
Paulo Santos já sabe quem quer defrontar na final.
"Gostava de jogar contra o Cajuda”, diz. "Era muito bom para os portugueses".
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