Continuam a surgir relatos de portugueses retidos em Kiev e na Ucrânia e alguns estão ligados ao mundo do desporto. Depois de Paulo Fonseca ter dado conta das dificuldades que está a encontrar para deixar a capital ucraniana, é agora a vez de Edgar Cardoso, coordenador do futebol de formação do Shakhtar Donetsk, a relatar o que está a viver.
Edgar Cardoso encontra-se num hotel do dono do Shakhtar, na mesma unidade hoteleira onde está Paulo Fonseca, juntamente com jogadores e staff da equipa, à espera de novidades por parte do clube e das embaixadas e, em declarações à 'TSF' nesta quinta-feira, fez o ponto de situação.
"A embaixada aconselha a tentarmos deslocar-nos até à fronteira com a Polónia ou a Roménia, mas está impossível sair de Kiev. Há milhares e milhares de carros completamente parados, filas de quatro horas para andar 15 quilómetros e, para já, não me parece uma solução", contou àquela estação de rádio.
Edgar Cardoso, cuja família regressou a Portugal há algumas semanas, perante o escalar da tensão política e militar, explica ainda que já não está fácil encontrar alguns bens essenciais em Kiev, acrescentando que os postos de combustível estão fechados e as caixas multibanco já não têm dinheiro. "Voou tudo dos supermercados: água, pão e outros bens essenciais. O ambiente está complicado neste momento", lamenta nas mesmas declarações à TSF.
Apesar de não duvidar que o Governo português esteja a fazer de tudo o que pode para ajudar os portugueses que ainda estão na Ucrânia, Edgar Cardoso pediu mais informação e ajuda. "Gostávamos de ter uma mensagem mais clara sobre se vai haver alguma atualização, se há algum plano de evacuação, mesmo que não seja pelo ar. Mas precisamos de ajuda", termina.
Técnico tinha tudo pronto para deixar o país
Há poucos dias, então em declarações à 'Rádio Renascença', Edgar Cardoso mostrava-se já impaciente com o evoluir da crise entre Ucrânia e Rússia. "A mala está feita e o passaporte está sempre comigo. Se acontecer alguma coisa de um momento para o outro ou faço-me à estrada, ou arranco para o aeroporto e tento arranjar o voo mais rápido", conta.
Porém, com o aeroporto de Kiev encerrado, com voos cancelados e alegadamente também ele sob ataque das forças russas, e com longas filas nas estradas da capital ucraniana, o técnico acabou mesmo por ficar retido, sem encontrar para já solução para deixar a Ucrânia.
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