O regresso aos treinos de futebol do Guangzhou Evergrande contou com “jogadores com medo de se aproximarem”, revelou hoje o treinador Fábio Cannavaro, certo de que o campeonato não recomeçará nos próximos meses face à COVID-19.
“Estamos a começar a sair e a treinar. O primeiro dia foi muito esquisito, os jogadores tinham medo de se aproximarem. Tirei a máscara para lhes dizer que fizemos quarentena e estamos prontos para treinar, para tentar fazer uma vida normal”, contou o técnico italiano.
Em conversa nas redes sociais com o ex-guarda-redes Iker Casillas, agora na estrutura do FC Porto, Cannavaro assumiu que, apesar de os treinos terem começado, “o governo chinês disse que nos próximos meses o desporto não vai regressar”, pelo que a competição “não vai começar sem se matar este vírus”.
Na Europa, onde a pandemia está ainda a crescer, a UEFA deu às várias federações como limite o fim de julho para se terminarem os campeonatos.
O capitão da seleção de futebol de Itália no Mundial 2006 da Alemanha diz que “a pouco e pouco a vida volta ao normal” na China, agora feita com novos hábitos.
“Sempre que alguém entra num lugar público é-lhe tirada a temperatura”, ao mesmo tempo que dão “em todo o lado material para limpar as mãos”.
O rigor quanto à forma de abordar a pandemia é geral: “Ao entrarmos na cidade desportiva até o carro nos desinfetam. Este vírus dá muito que pensar e até mudou a forma de irmos a um restaurante ou bar.”
O treinador informou que agora “praticamente não há europeus” no futebol chinês, até porque “o governo fechou a entrada a todos eles”.
“A minha família ficou em Nápoles e gostava de os ver, mas esta é a forma de matar o vírus e aqui deixaram isso muito claro. E acho que fizeram muito bom trabalho”, reconhece.
Cannavaro sugeriu à Europa que veja o exemplo chinês na forma de tratar a pandemia, considerando que a Itália e a Espanha poderiam ter poupado muitas vidas se tivessem “fechado cidades logo no primeiro dia” de contágio.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da COVID-19, já infetou mais de 940 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 47 mil. Dos casos de infeção, cerca de 180.000 são considerados curados.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde a declarar uma situação de pandemia, e o continente europeu é neste momento o mais atingido, acima de 508 mil infetados e 34.500 mortos.
Em Portugal, que está em estado de emergência desde as 00:00 de 19 de março e até às 23:59 de 17 de abril, registaram-se 209 mortes e 9.034 casos de infeções confirmadas, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde.
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