O Governo do Brasil transmitiu a Cabo Verde o “apoio institucional” à intenção de atribuir o nome de Pelé ao Estádio Nacional, nos arredores da Praia, anunciou hoje o executivo cabo-verdiano.
Em comunicado, o Governo liderado por Ulisses Correia e Silva refere que o apoio à iniciativa de homenagem ao antigo futebolista brasileiro que morreu em 29 de dezembro foi manifestado na quarta-feira, através de um ofício do Ministério da Cidadania enviada ao embaixador de Cabo Verde em Brasília, José Pedro Chantre d’Oliveira, assinado pela ministra de Estado do Desporto, Ana Beatriz Moser.
Este ofício reconhece esta iniciativa do Governo cabo-verdiano “como convergente aos objetivos da administração federal brasileira”, acrescenta-se no comunicado.
O primeiro-ministro de Cabo Verde, Ulisses Correia e Silva, anunciou em 04 de janeiro a intenção de atribuir o nome de Pelé ao Estádio Nacional, localizado nos arredores da cidade da Praia.
O anúncio foi feito através de uma mensagem colocada na sua conta oficial na rede social Facebook que já originou um recorde de mais de 4.400 comentários na mesma, sobretudo críticos dessa intenção, por não ser uma figura cabo-verdiana, pela ausência de ligações entre o arquipélago e o antigo futebolista ou até pelo facto de o estádio não estar certificado pela FIFA para jogos internacionais devido ao estado da relva.
“Cabo Verde e Brasil têm uma história e cultura ‘que andam de mãos dadas, considerando que são dois países irmãos, ligados pela língua e por identidades muito similares’”, justificou na sua mensagem o primeiro-ministro, acrescentando que Pelé “foi e será uma referência” no Brasil, na lusofonia e no resto do mundo.
A Lusa noticiou esta semana que cerca de 2.400 pessoas assinaram em quatro dias uma petição online contestando a intenção de Cabo Verde atribuir o nome de Pelé ao Estadio Nacional.
A petição, consultada na segunda-feira pela Lusa na plataforma “change.org” intitula-se “Não queremos o nome do nosso ‘Estádio Nacional’ como ‘Estádio Pelé’” e surge na sequência do intenso debate na opinião pública e nas redes sociais em Cabo Verde desde o anúncio dessa intenção pelo chefe do Governo, Ulisses Correia e Silva, respondendo então ao desafio da FIFA de uma homenagem internacional ao antigo futebolista brasileiro.
“Se a FIFA recomenda que em todos os países deveria ser nomeado um estádio como ‘Estádio Pelé’, pois a FIFA que venha financiar um novo ‘Estádio Pelé’, aceitaremos de bom coração. Sem dúvidas que reconhecemos a grandeza do grande Pelé, mas este seria melhor homenageado pelo ‘Santos’ e pelo seu país”, lê-se no texto da petição, que classifica a intenção do Governo de um “ato emotivo e imaturo”.
O executivo liderado por Ulisses Correia e Silva deu conta da intenção de renomear o recinto, construído pela China, inaugurado em 2014 e com uma capacidade para cerca de 15 mil espetadores, como “homenagem e reconhecimento” a Pelé.
No mesmo dia, o presidente da FIFA manifestou a sua gratidão a Cabo Verde pela iniciativa de dar o nome de Pelé ao Estádio Nacional, numa mensagem deixada na sua conta do Instagram.
Para Infantino, este gesto pioneiro dignifica o país e honra a memória de Pelé, acrescentando que espera que “mais estádios e locais onde se joga futebol em todo o mundo possam também vir a associar-se a esta homenagem global”.
Pelé morreu em 29 de dezembro, aos 82 anos, no hospital israelita Albert Einstein, em São Paulo, na sequência da falência de múltiplos órgãos, resultado da progressão do cancro do cólon.
O ex-futebolista estava internado desde o dia 29 de novembro naquele hospital para tratamento de quimioterapia a um tumor no cólon e tratamento de infeção respiratória.
Nascido em 23 de outubro de 1940 na cidade Três Corações, em Minas Gerais, Pelé foi o único futebolista três vezes campeão do mundo, em 1958, 1962 e 1970, marcou 77 golos nas 92 internacionalizações pela seleção brasileira e jogou pelo clube brasileiro Santos e pelo Cosmos, dos Estados Unidos.
Foi ainda ministro do Desporto no Governo de Fernando Henrique Cardoso, entre 1995 e 1998, e eleito o desportista do século pelo Comité Olímpico internacional (1999) e futebolista do século pela FIFA (2000).
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