23 de fevereiro. Fim de tarde em Kiev, na Ucrânia, e Edgar Cardoso orienta mais um treino a jovens ucranianos que aspiram vir a ser os melhores jogadores de futebol do Shakhtar Donetsk, o maior clube da Ucrânia.
"É um dia como todos os outros", diz Edgar Cardoso ao SAPO Desporto. "No fundo, ninguém acreditava que dali a poucas horas daria início a uma guerra", desabafa o coordenador do futebol de formação do emblema ucraniano, que desde 2014 joga e treina em Kiev devido aos conflitos na região do Donbass.
Guerra, mortes, conflitos são palavras que os ucranianos de Donetsk estão habituados há seis anos, mas na madrugada de 24 de fevereiro o cenário mudou drasticamente. As forças militares russas deram início a uma invasão com o objetivo de se apoderar do país vizinho e, possivelmente, anexá-lo tal como fizeram com a península da Crimeia.
A esposa e filho de Edgar Cardoso já não estavam na Ucrânia nessa fatídica noite, mas o treinador de 38 anos permaneceu mais uns dias até que conseguiu fugir, ao lado de outros portugueses, pela fronteira com a Roménia.
Em Portugal, o treinador que passou pelo Benfica e Qatar está são e salvo, mas o coração permanece com o povo ucraniano.
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