As futebolistas da seleção norte-americana de futebol estão a levar a cabo uma ação judicial contra a federação daquele país, a US Soccer, afirmando existir uma discriminação de género no que toca aos honorários contratualizados. Descontentes com a situação, avançaram para tribunal com um processo que pode levar ao pagamento de 66 milhões de dólares por parte do órgão máximo do 'soccer' dos EUA.
Em tribunal, neste processo que coloca frente-a-frente a US Soccer e as jogadoras da atual seleção campeã do mundo de futebol feminino, nenhuma das partes parece mostrar muita vontade em esperar por uma decisão judicial.
A federação procura evitar que esta questão da discriminação de género ganhe ainda maiores proporções mediáticas e pediu ao juiz para rejeitar desde logo as pretensões das jogadoras, sem que o caso avance para julgamento. As futebolistas, por seu lado, apelaram a uma decisão pré-julgamento, mas em termos bem distintos: pretendem o pagamento imediato de quase 67 milhões de dólares (quase 62 milhões de euros) pela diferença de tratamentos em relação aos homens e por danos causados à sua imagem.
Posições antagónicas
Segundo a US Soccer, "as jogadoras são pagas de maneira diferente porque pediram, especificamente, para negociar um contrato diferente da equipa nacional masculina", nomeadamente "benefícios adicionais, incluindo salários anuais, seguro médico, assistência aos filhos, licença de maternidade, indemnização por dispensa e pagamento de salários durante o período em que estão lesionadas, bem como acesso a um plano de reforma entre outros".
Já a porta-voz das atletas, Molly Levinson, argumenta que "durante as recentes negociações do contrato coletivo, a federação reiterou que não haveria salário igual ao dos futebolistas masculinos, independentemente da folha salarial".
Estas duas tão distintas posições mostram o quão distantes as duas partes estão de um acordo. O juiz responsável pelo caso ouviu estes argumentos das duas partes e marcou o início do julgamento para maio. E, embora pareça ter dado mostras de concordar com algumas das pretensões das jogadoras quando em relaçao à disparidade de pagamentos a homens e mulheres, quando em novembro último aceitou a abertura do processo, a decisão não se avizinha tão fácil como à partida poderia parecer e deverá envolver inúmeras audições das partes envolvidas.
O valor da indemnização pedida pelas jogadoras - um grupo de dezenas de futebolistas, entre elas estrelas como Alex Morgan e Carli Lloyd, entre outra bem menos reconhecidas — constituiria um forte revés para as finanças da US Soccer em todas as vertentes do futebol norte-americano e foi determinado tendo em conta o desempenho da seleção feminina, o calendário de jogos por esta efetuado e os resultados por ela conseguidos, calculando o que teriam ganho mediante igual desempenho, calendário e resultados se fizessem parte da equipa masculina.
Cálculos que a US Soccer considera imprecisos e injustos, por incluírem bónus de participação em Mundiais pagos pela FIFA, os quais são bem mais elevados na vertente masculina.
Aliados de peso
As jogadoras, contudo, terão na seleção masculina um aliado de peso. Em fevereiro último, o sindicato que representa a seleção masculina de futebol dos Estados Unidos disse que a equipa feminina, campeã mundial em título, deveria ganhar “pelo menos o triplo” do que os homens.
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