A província do Huambo pode voltar a ter, em 2017, duas equipas no campeonato nacional de futebol da I divisão (Girabola), já que o Desportivo JGM conseguiu, sábado, apurar-se para a prova, faltando somente o Recreativo da Caála garantir a sua permanência no final da presente edição.
A última vez que duas equipas locais estiveram na maior competição do futebol nacional foi no longínquo ano de 1997, com o Benfica (Mambroa) a ser despromovido, deixando sozinho o Petro, que, 11 anos depois, também teve o mesmo destino.
Antes destas formações, a província esteve representada pelos Palancas do Huambo e Estrelas Vermelhas, coincidentemente nas primeiras duas edições do Girabola (1979 e 1980). O "monopólio" do par Benfica e Petro do Huambo durou quase 15 anos, entre 1983 e 1997, com uma interrupção de dois anos (1993 e 1994) por causa do intensificar do conflito armado.
Com a descida dos "encarnados", os petrolíferos passaram a ser os únicos embaixadores da província do Huambo, estatuto que, desde 2009, passou a ser ostentado pelo Recreativo da Caála, cuja sede social e estádio localizam-se a 23 quilômetros da cidade do Huambo.
O JGM, depois do penúltimo lugar alcançado em 2015, ano em que se estreou no torneio de apuramento à I divisão nacional, conseguiu uma façanha inédita, até porque os habituais Petro e Benfica, de quem muito se espera, nunca mais retornaram à “fina flor” do futebol nacional, apesar de sucessivas tentativas.
Este ano, o dono e presidente do clube, o empresário Jorge Gomes Mangrinha, que se notabilizou como futebolista no Benfica (Mambroa), além de ter sido um recordista nacional em provas de fundo, em atletismo, fez uma aposta forte e séria para ver a sua equipa no Girabola.
Diferente da época passada, em que o plantel era constituído por jovens futebolistas sem experiência necessária para torneios de apuramento, Jorge Gomes Mangrinha, cujas letras iniciais do nome são as mesmas do seu clube, trouxe ao plantel jogadores que, além de já terem disputado com sucesso a competição, já evoluíram na I divisão.
Administrativa e financeiramente o conjunto esteve impecável; durante a prova de apuramento, a direção, equipa técnica e atletas, sempre confirmaram isto mesmo, nos seus pronunciamentos à imprensa.
Não menos importante foi a contratação do treinador Águas Zeca da Silva, que, embora pouco conhecido nas lides futebolísticas nacionais, teve passagens pela Académica do Soyo, Académica do Lobito e 1º de Maio de Benguela, na condição de adjunto de Agostinho Tramagal, este que, em vésperas do arranque da prova de apuramento, recusou orientar o JGM.
Tal como em 2015, este ano poucos estavam crentes no apuramento do JGM, mesmo com as reiteradas promessas do proprietário, antes e durante a competição.
Jorge Gomes Mangrinha chegou a assumir, publicamente, que tinha responsabilidade moral de tentar devolver a alegria aos adeptos do futebol na cidade do Huambo, depois das descidas do Benfica, em 1997, e Petro, em 2007.
Quis o destino que a sorte do JGM tivesse sido decidida através de uma liguilha, à semelhança do Benfica e Petro, nos anos em que desceram de divisão.
O adversário foi o Sporting de Cabinda, que também ficou no 2º lugar do outro grupo. Desde logo, os “leões” da província mais ao norte do país, eram apontados como favoritos, pelo seu histórico na 1ª divisão e em torneios de apuramento.
Para os mais céticos, era o fim da aventura do conjunto do Huambo, que, em abono da verdade, diga-se, até já tinha chegado muito longe no torneio de apuramento, contrariando as previsões.
Porém, enganaram-se os que assim pensavam. No desafio da 1ª mão, em Cabinda, o JGM perdeu por 1-0, resultado que, embora traiçoeiro, era uma lufada de ar para decidir a eliminatória em casa, bastando, para tal, vencer por dois golos.
Apesar de todas as dificuldades impostas pelo Sporting de Cabinda, o grémio de Jorge Gomes Mangrinha fez o que lhe competia, vencendo por 2-0 após prolongamento.
Foi, sobretudo, um triunfo da crença, da ousadia e, também, da união, que serviu para provar que a atitude e a responsabilidade são de extrema importância no alcance do sucesso.
Fundado a 12 de Maio de 1998, o Grupo Desportivo JGM tem-se destacado pela sua aposta nas infraestrturas e formação, nas modalidades de futebol e atletismo, sendo que nesta última conquistou vários títulos nacionais além de ter cedido atletas para as seleções nacionais.
A direção do clube está a construir uma sede social, um centro de estágio e um estádio relvado, sendo provável que o mesmo esteja pronto em 2017.
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