O ex-selecionador espanhol de futebol feminino Jorge Vilda considerou na terça-feira que foi injusta a demissão imposta pela Federação Espanhola de Futebol (RFEF), realçando que não esperava tal decisão após a recente conquista do título mundial.
"Não esperava. Foi injusto", afirmou o técnico, que também desempenhava o papel de diretor desportivo, à estação televisiva espanhola Cadena Ser, horas depois de ter sido destituído do cargo de selecionador pela RFEF, que tem agora como presidente em funções Pedro Rocha, devido ao escândalo 'Rubiales'.
Em causa está o comportamento de Luís Rubiales na final do Mundial feminino, então em funções como presidente, e entretanto suspenso pela FIFA, depois de ter agarrado uma jogadora e dado um beijo sem consentimento, após ter feito gestos inadequados quando estava na tribuna, durante o jogo que levou Espanha à conquista do seu primeiro título mundial.
"Estou tão bem como se pode estar depois de ser campeão do mundo há 16 dias, ter renovado contrato há 10 dias por mais quatro anos com um salário maior, e hoje [terça-feira] ser despedido injustamente", lançou Jorge Vilda, revelando que na reunião com Pedro Rocha lhe foi dito que a decisão foi tomada devido a "mudanças estruturais".
E acrescentou: "Depois de 17 anos no futebol feminino, depois de tudo o que consegui, e de deixar a pele como um trabalhador mais da federação, tenho a consciência tranquila. Dei tudo".
O ex-selecionador confessou ainda que "não esperava" este desfecho, e que mantinha a "ilusão e esperança" de ser bem tratado, como sempre tinha sido até aqui.
"Via-me com força para disputar a Liga das Nações e os Jogos Olímpicos", salientou, explicando seguidamente os aplausos que dispensou ao discurso de Luis Rubiales, na Assembleia Geral da RFEF de 25 de agosto, na qual Rubiales disse que não se demitiria do cargo de presidente da entidade.
"Jamais aplaudirei algo machista e jamais aplaudirei algo que vá contra o feminismo, entendendo-o como uma luta de igualdade e equidade. Não sabia ao que ia nessa assembleia. Pensei que íamos assistir a uma demissão. Estava na linha da frente, o discurso do chefe era direcionado para mim e ele está a tornar público que me valoriza", justificou.
Vilda destacou ainda que "é realmente complicado, com 140 pessoas a aplaudir, ser o único que não se levanta", mas que reitera a sua opinião de que os atos de Rubiales durante a final do Mundial foram "impróprios".
A técnica Montse Tomé é a nova selecionadora espanhola de futebol feminino, sendo a primeira mulher a ocupar este cargo em Espanha, substituindo Jorge Vilda.
A treinadora asturiana, que até agora era adjunta de Vilda, foi escolhida no âmbito das "medidas de regeneração" anunciadas pelo novo presidente da federação espanhola, Pedro Rocha, na sexta-feira.
A nomeação de Montse Tomé e a demissão de Jorge Vilda surgiram no mesmo dia em que a RFEF pediu de forma institucional, através do presidente em funções, as mais sinceras desculpas ao futebol mundial e aos adeptos, pelo comportamento do presidente suspenso Luís Rubiales.
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