A jogadora Carolina Mendes, da equipa de futebol feminino do Sporting, vai iniciar hoje um leilão solidário de camisolas com outros futebolistas, através da rede social Instagram, para tentar atenuar os efeitos sociais da pandemia de COVID-19.
Todas as noites desta semana serão preenchidas com conversas em direto com um jogador ligado ao clube de Alvalade, durante as quais se farão licitações de camisolas, revertendo as verbas para a associação Comunidade Vida e Paz, que se dedica ao apoio aos sem-abrigo. Para a internacional portuguesa, de 32 anos, a ideia surgiu após ver iniciativas semelhantes nas redes sociais, como foi o caso das jogadoras da seleção do Brasil.
“Pensei que era giro fazer algo assim em Portugal. Primeiro, pensei só no futebol feminino, mas, como a ideia era angariar o máximo de dinheiro possível, achei que teria outro impacto se incluísse jogadores da equipa masculina”, afirmou à agência Lusa, salientando: “Os jogadores deram um 'feedback' positivo. Disponibilizaram-se logo sem qualquer pedido de explicação.”
O primeiro convidado será o defesa Neto, hoje, pelas 21:00, seguindo-se o uruguaio Coates (terça-feira, 21:00), o responsável do departamento de guarda-redes do clube, Nelson Pereira (quarta, 21:00), a colega de equipa Ana Borges (quinta, 21:00) e, finalmente, na sexta-feira (21:30), Bruno Fernandes, que deixou o clube no inverno para rumar ao Manchester United.
“A ideia é estar à conversa com eles, além do leilão. São pessoas que sigo há muitos anos e creio que tem interesse para mim em ser algo natural, falando de futebol e da situação atual. Estamos todos a viver a situação da mesma maneira, porque somos desportistas, queremos estar dentro de campo e estamos impedidos de fazer aquilo que mais gostamos”, declarou.
Sem competir há cerca de um mês, Carolina Mendes encontrou na continuação da atividade física um ‘escape’ para ajudar a lidar com a quarentena, chegando até a treinar duas vezes em alguns dias. Perto de Estremoz, de onde é natural, a futebolista acabou também por se dedicar mais à família, além de ver séries, fazer cursos online e ler livros, sabendo já que a época do futebol feminino terminou por decisão da Federação Portuguesa de Futebol (FPF).
“Como jogadora, tinha imaginado todos os cenários: se o campeonato acabasse, se recomeçasse ou se houvesse um 'play-off'. A FPF anunciou essa decisão e em primeiro lugar está a saúde. Se não há condições para continuar ou recomeçar mais tarde o campeonato, não faz sentido estar a meter a saúde em risco. Foi uma decisão em prol das jogadoras”, explicou.
Na memória fica agora o último jogo antes da interrupção, uma derrota por 2-0 com a Suécia na Algarve Cup, em 10 de março, apenas três dias antes da declaração de estado de alerta no país. Porém, a internacional lusa realçou não ter tido receio de participar e assumiu que a equipa comandada pelo selecionador Francisco Neto estava a par da situação.
“A médica da seleção falou connosco sobre o que se estava a passar e explicou os cuidados que precisávamos de ter. Houve bastante cuidado e já estávamos alertadas para o que poderia vir a acontecer, mas não imaginava que atingisse estas proporções”, sentenciou.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da COVID-19, já provocou mais de 114 mil mortos e infetou mais de 1,8 milhões de pessoas em 193 países e territórios. Dos casos de infeção, quase 400 mil são considerados curados.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, registam-se 535 mortos e 16.934 casos de infeção confirmados. Dos infetados, 1.187 estão internados, 188 dos quais em unidades de cuidados intensivos, e há 277 doentes que já recuperaram.
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