O antigo selecionador Nuno Cristóvão considerou hoje que o apuramento de Portugal para o Mundial feminino de futebol “é um feito que pertence a muita gente” e um passo muito importante na consolidação da modalidade.

“O apuramento é um grande feito, um grande passo na consolidação de todo um trajeto que tem vindo a ser desenvolvido. Tal como disse a capitã da seleção, a Dolores [Silva], é um feito que pertence a muita gente, a quem já esteve e a quem está, e que vai ter um significado muito especial no futuro”, disse Nuno Cristóvão à agência Lusa.

O técnico, que liderou a seleção feminina portuguesa entre 2001 e 2004 destacou a visibilidade que a participação no Mundial - a disputar entre 20 de julho e 20 de agosto na Austrália e Nova Zelândia -, pode ter para a modalidade.

“Este Mundial pode trazer visibilidade junto do público em geral. Afinal, não são só os homens que conseguem estar num Campeonato do Mundo, as mulheres também lá conseguem estar”, afirmou, acrescentando: “Vai ser mais uma alavanca para a continuação do desenvolvimento do futebol praticado pelas mulheres e pelas raparigas em Portugal".

O atual coordenador do futebol feminino do Torreense acredita que a seleção “não vai ficar por aqui”, e entende que “enquanto o presidente [da Federação Portuguesa de Futebol, Fernando Gomes] acreditar, as coisas vão andar, e os presidentes acreditam quando há resultados, mas, para haver resultados, é preciso haver investimentos, projetos e vontade, que neste momento existem”.

Nuno Cristóvão considera que Portugal, que hoje garantiu o apuramento ao vencer os Camarões por 2-1, na final do Grupo A do play-off intercontinental, tem um grupo “muito difícil” na primeira fase do Mundial, em que encontrará as seleções dos Países Baixos, Vietname e Estados Unidos.

“É um grupo muito difícil com a campeã (Estados Unidos) e vice-campeã do mundo (Países Baixos). É uma primeira experiência, apesar de já não ser a primeira vez que Portugal está numa grande competição, já teve duas vezes no campeonato da Europa, e participou muitas vezes na Algarve Cup”, afirmou à Lusa.

Nuno Cristóvão, que depois de ter deixado a seleção passou por clubes como 1.º de Dezembro, Casa Pia, Benfica e Sporting, lembrou que quando desempenhou o cargo a aposta no futebol feminino não era uma prioridade.

“Na altura, foi feito um plano de desenvolvimento para a década seguinte, que foi interrompido ao fim de quatro anos, porque não havia grande vontade da federação da altura para as coisas crescerem”, disse.

A seleção portuguesa feminina de futebol qualificou-se hoje para o Mundial de 2023, ao vencer os Camarões por 2-1, na final do Grupo A do play-off intercontinental, em Hamilton, na Nova Zelândia.

Uma grande penalidade apontada por Carole Costa, aos 90+4 minutos, selou a inédita qualificação lusa, depois de, aos 89, a camaronesa Ajara Nchout ter ‘anulado’ o tento inicial de Portugal, apontado por Diana Gomes, aos 22.

As comandadas de Francisco Neto juntam-se no Grupo E aos vice-campeões em título Países Baixos (23 de julho), ao Vietname (27) e aos detentores do troféu Estados Unidos (01 de agosto), de 20 de julho a 20 de agosto, na Austrália e Nova Zelândia.