Jorge Cadete não esquece a eliminação de Portugal no Euro96 aos pés da República Checa. Um fantástico chapéu de Poborsky foi o suficiente para resolver um jogo, que o antigo internacional português assume que ainda lhe traz um grande “amargo de boca”.
«Sinto mágoa por termos sido eliminados nos quartos de final quando estivemos melhor do que o adversário e depois porque tive apenas dez minutos para virar o resultado. Num jogo a eliminar acho que as substituições foram feitas tardiamente. Não é fácil um jogador entrar e poder marcar poucos minutos em campo. Nos últimos minutos tentámos o empate mas já em desespero», recorda Cadete, que adianta que não tem qualquer desejo de vingança para o jogo desta quinta-feira.
«Quero simplesmente que Portugal vença e estou convicto que isso vai acontecer. Portugal vai estar presente nas meias-finais.»
Quanto ao trajeto português no Euro 2012, o antigo avançado diz que Portugal tem feito uma prova em crescendo e diz que é «natural» que hoje, depois da passagem aos quartos e da vitória sobre a Holanda, Portugal já seja visto como um favorito.
«Qualquer seleção que se apure para uma fase final duma competição deste tipo, tem de pensar que é para lutar pelo título. Mas o favoritismo não adianta de nada se em campo isso não se concretizar. Não basta ser favorito. É preciso mostrá-lo. É dentro de campo que se prova o favoritismo.»
Quanto aos perigos deste encontro dos quartos de final, Cadete alerta para a «matreirice» do futebol checo.
«É uma seleção de modelo típico. É uma equipa matreira, que dá a posse de bola ao adversário para o deixar jogar, para depois recuperar e apostar em transições rápidas no ataque.»
Jorge Cadete acredita que o ambiente em torno da seleção é saudável e frisa que a experiência de Paulo Bento enquanto jogador pode ser determinante.
Realça que «treinadores e jogadores terão de viver sempre com as críticas» e não foge à sempre muito falada falta de eficácia dos avançados portugueses.
«Em relação aos pontas de lança, o problema vem da base. Enquanto em Portugal não se trabalhar especificamente para desenvolver esta posição, poderemos ver os pontas de lança portugueses como uma espécie em vias de extinção. É um jogador que precisa de um treino específico e enquanto isso não for feito, os problemas vão manter-se.»
Para os que pedem que Nélson Oliveira ganhe um lugar no onze, Cadete alerta que tal passo pode ser contraproducente e condicionar o caminho do avançado com a camisola da seleção nacional.
«O Nélson é um jogador com 20 anos, com talento e qualidade, e penso que o Paulo Bento está a gerir bem a sua entrada na seleção, até porque ele pouco jogou no Benfica», termina.
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