Ainda não é desta: a Inglaterra perdeu pela segunda vez seguida uma final de um Europeu de futebol, ao ser derrotada pela Espanha no Olímpico de Berlim, este domingo, por 2-1. Os ingleses, que marcaram por Palmer, continuam sem vencer a prova continental, depois da derrota nos penáltis na final do Euro 2020.
Nico Williams e Oyarzabal foram os heróis espanhóis, ao marcarem os dois golos que fizeram a Espanha sagrar-se campeã europeia só com triunfos. A Espanha chega aos quatro títulos de campeão da Europa e passa a ser a seleção com mais conquistas.
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Caminhada até a final
A Espanha, campeão europeia em 1964, 2008 e 2012, entrou no Estádio Olímpico de Berlim favorita a vencer a 17.ª edição do Europeu de futebol, já que vencera todos os jogos disputados na prova. Já a Inglaterra, que foi crescendo com o torneio, procurava o seu primeiro título europeu e ainda a primeira grande conquista a nível de seleções, depois de vencer o Mundial de 1966 que organizou. Os ingleses queriam dar uma alegria aos adeptos, após terem perdido a final do Euro 2020 (jogado em 2021 por causa da COVID-19) em casa para a Itália, nas grandes penalidades.
Esta era uma final inédita, entre dois conjuntos que contam ambos um título mundial - os ingleses venceram em 1966 e os espanhóis em 2010. A Espanha ganhou o Grupo B, ao superar a Croácia (3-0), a Itália (1-0) e, já apurada, a Albânia (1-0), e, a eliminar, afastou a Geórgia (4-1, nos ‘oitavos’), Alemanha (2-1 após prolongamentos, nos ‘quartos’) e França (2-1, nas ‘meias’).
Por seu lado, a Inglaterra foi primeira do Grupo C, ao impor-se a Sérvia (1-0), Dinamarca (1-1) e Eslovénia (0-0), e, depois, superiorizou-se a Eslováquia (2-1 após prolongamento), nos ‘oitavos’, Suíça (5-3 nos penáltis, após 1-1 nos 120 minutos), nos ‘quartos’, e Países Baixos (2-1), nas ‘meias’.
Num Euro 2024 onde os jovens deram cartas, Inglaterra e Espanha não fugiram à regra. Yamal (17 anos) e Mainoo (19 anos) fizeram história, já que pela primeira vez uma final de um Euro tinha dois adolescentes em campo. Por falar em juventude, François Letexier tornou-se no árbitro mais jovem de sempre a apitar uma final de um europeu.
A esperança de 'Nuestros Hermanos' estava centrada em Lamine Yamal, que fez 17 anos ontem, sábado, mas também no outro jovem Nico Williams. Na seleção dos três leões, Phill Foden, Bukayo Saka, Mainoo e Bellingham eram os jovens que davam esperançam ao lema 'Football's coming home' (da música 'Three Lions'), ou seja, de o ver o país que inventou o futebol finalmente vencer o principal torneio europeu de seleções.
Nos onzes, poucas mudanças. Luis de la Fuente, selecionador espanhol, recuperou Dani Carvajal na direita, e Le Normand a central, após falharem as meias-finais por castigo. Já Gareth Southgate, técnico da Inglaterra, lançou Luke Shaw na esquerda da defesa, no lugar de Trippier.
Os primeiros minutos, de muitos duelos e luta, foram marcados por um remate acrobático falhado de Le Normand na área inglesa e de um trabalho de Nico Williams que Stones teve de se aplicar para afastar, aos 12 e 13 minutos.
Após um ligeiro ascendente dos espanhóis, a Inglaterra respondeu com Kane, num remate à entrada da área que ficou nas pernas de Rodri, aos 45, e depois no primeiro remate enquadrado, aos 45+2, de Phill Foden que Unai Simon defendeu sem problemas.
Finalmente os golos
O segundo tempo arrancou praticamente com a Espanha a marcar, dando seguimento ao seu ascendente nos primeiros minutos. Isto depois de Martín Zubimendi ter rendido o capitão Rodri (lesionado) ao intervalo. Carvajal encontrou Lamine Yamal pela direita, o miúdo de 17 anos meteu um passe 'açucarado' para o outro menino, Nico Williams, que finalizou de primeira na área batendo Pickford, aos 47 minutos, neste que era o seu segundo tento na prova. Grande golo! Para Yamal, era a quarta assistência neste Euro 2024. Ninguém fez mais passes para golo que o jovem do Barcelona.
Embalados pelo golo, 'Nuestros Hermanos' tentaram logo dar o golpe de misericórdia na seleção dos três leões. Nova grande jogada dos espanhóis, com Nico Williams a encontrar Dani Olmo na área. O remate do médio ofensivo saiu para fora, aos 49 minutos.
A Inglaterra precisava urgentemente de ser resgatada porque a Espanha não parava de pressionar, na busca do segundo. Aos 56, Yamal lançou Morata na área, o avançado picou a bola sobre Pickford, valendo aos ingleses a pronta intervenção de Stones, a varrer. No mesmo minuto, Nico Williams disparou à entrada da área, com a bola a passar muito perto do poste direito de Pickford.
Eram precisos heróis e Southgate foi até ao banco buscar os homens que deram a vitória nas meias-finais, diante dos Países Baixos: saídas do capitão Kane e de Mainoo, entradas de Watkins e Palmer, num espaço de dez minutos. Três minutos de entrar, Palmer converteu em golo a melhor jogada dos ingleses em todo o jogo: Saka a bailar na esquerda, a meter em Bellingham que deu um toque para trás para um remate fantástico, de fora da área, muito colocado do jovem extremo que atua no Chelsea, aos 73 minutos. Palmer estreava-se assim a marcar no Euro.
A Inglaterra tentou crescer com o golo, mas a Espanha tratou logo de ganhar ascendente. Em mais uma bela jogada ofensiva entre Nico Williams, Dani Olmo e Lamine Yamal, o jovem extremo de 17 anos atirou cruzado, valendo a Inglaterra uma grande defesa de Pickford, uma das figuras da final.
Se Southgate tinha resgatado a sua equipa desde o banco, De La Fuente também fez o mesmo já que, aos 87 minutos, Mikel Oyarzabal (entrou no lugar de Morata) antecipou-se a Guehi e Pickford na pequena área para desviar um centro fantástico de Cucurella, em mais uma fantástica jogada ofensiva dos espanhóis. O futebol-espetáculo da Espanha a dar frutos.
Southgate meteu a 'carne toda no assador', com o avançado Ivan Toney no lugar de Foden. Aos 90, Unai Simon primeiro e Dani Olmo depois, salvaram o empate em cima da linha de golo, após dois cabeceamentos de Guehi.
Com o apito final do árbitro, a festa foi espanhola no relvado e nas bancas, a contrastar com a tristeza e lágrimas dos ingleses, que perdem a sua segunda final seguida de um Europeu.
A formação espanhola, que também conta no seu palmarés o Mundial de 2010, isolou-se na liderança do ranking europeu com quatro títulos, deixando para trás a tricampeã Alemanha (1972, 1980 e 1996).
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