O Estádio Algarve está pago e é um sucesso comercial, com uma vasta lista de clientes para as mais diversas atividades, 20 anos depois de ter sido construído para o Euro2004 de futebol, assegura a autarquia.

“Acabámos de pagar este ano a última prestação do empréstimo para a construção do estádio. Portanto, neste momento não temos qualquer encargo financeiro a médio, longo prazo” revelou à agência Lusa o presidente da Câmara de Faro, Rogério Bacalhau.

O Estádio Algarve é gerido pela Associação de Municípios Faro-Loulé, uma pessoa coletiva de direito público que visa a realização de interesses específicos comuns aos dois municípios.

“Eu acho que o que hoje mantém o estádio naquelas condições foi o entendimento entre a Câmara de Faro e a de Loulé. […] E acho que segredo foi esse: não o deixar degradar, tentar trazer para ali mais atividades, e vamos ter mais atividades ali naqueles espaços, e estamos a trabalhar nisso e temos boas perspetivas”, afirmou Rogério Bacalhau.

O Estádio Algarve, que fica situado na fronteira dos concelhos de Faro e de Loulé, foi construído para o Campeonato da Europa de futebol de 2004 e tem uma capacidade para 30.305 espetadores.

O custo final da obra de construção deste equipamento foi de pouco mais de 38 milhões de euros (ME), tendo obtido um financiamento europeu de 9,9 ME e o restante pago através de dois empréstimos feitos pelos municípios de Faro e de Loulé, segundo dados fornecidos pelo Estádio Algarve.

De acordo com a mesma fonte, a empresa apresentou lucros de 24.213 euros no exercício económico de 2022 e de 142.207 euros em 2023.

Com cinco funcionários, o Estádio do Algarve alcançou 2.110.749 euros de receitas e 2.086.537 euros (dos quais 1.538.252 referente a amortizações da infraestrutura) de receitas em 2022, e de 2.296.618 euros de proveitos em 2023 face a gastos de 2.154.412 euros (dos quais 1.540.196 euros são referentes a amortizações).

O presidente da Câmara de Loulé também considera que a aposta feita de construir o estádio “foi muito bem sucedida”.

“Hoje temos aqui uma centralidade nesta área central do Algarve, com excelentes acessos, com uma história de utilização intensa destas instalações, numa área que não era nada até ao dia em que este estádio justificou a execução de um plano de pormenor para esta área”, disse Vítor Aleixo à Lusa.

Na zona em redor do Estádio, gerido pelos dois municípios, já foi construído o Laboratório Regional Laura Aires e está previsto nos próximos anos a construção de outros equipamentos, como o muito esperado Hospital Central do Algarve.

“Tem havido ao longo destes 20 anos centenas de acontecimentos de massas, não só de futebol, mas também outras manifestações que concentram milhares de pessoas, a última delas as Jornadas Mundiais da Juventude”, referiu o autarca de Loulé.

Apesar dos receios iniciais, no caso do Estádio Agrave não se pode falar da existência de um “elefante branco”, tendo as receitas que gerou desde o seu aparecimento conseguido pagar as despesas com a sua construção e a sua manutenção.

“Há muitas atividades que {…] as pessoas nem sequer têm conhecimento. Por isso, daí muitas vezes se falar num elefante branco. Mas não é, porque para 150-200 atividades ao longo do ano isso significa que todas as semanas temos lá atividades. Não são é muitas vezes do conhecimento do público em geral”, insistiu Rogério Bacalhau.

No Euro2004, o Estádio Algarve acolheu dois jogos da primeira fase, entre Rússia e Espanha e entre Grécia e Rússia, e um embate dos quartos de final, que opôs os Países Baixos à Suécia.

Depois do Euro2004, o estádio teve as mais variadas utilizações, mas o destaque vai para os 19 jogos da seleção portuguesa, sendo a par dos estádios da Luz e José Alvalade, ambos em Lisboa, onde mais joga a equipa das ‘quinas’.

Foi no recinto algarvio que Portugal conseguiu a maior goleada de sempre, com o triunfo por 9-0 frente ao Luxemburgo, em 11 de setembro de 2023, já sob o comando do espanhol Roberto Martínez.

Neste palco, a seleção lusa nunca perdeu, somando 15 vitórias e quatro empates.

O Estádio Algarve é ainda a ‘casa’ alternativa do Farense, da I Liga, e de outras equipas da região, como o Portimonense e o Olhanense, acolhendo ainda os jogos da seleção de Gibraltar.

“Nós estamos a ter muita procura de empresas para realizar convenções, para fazer determinadas reuniões temáticas, reuniões privadas, de utilização do nosso restaurante ou para outros fins e não apenas só para espetáculos, seja futebol, seja concerto ou outra natureza”, disse o diretor do Estádio Algarve, Nuno Guerreiro.

O equipamento está de tal forma a ser procurado que clientes habituais ou novos têm dificuldade em conseguir realizar uma reserva.

O estádio está completamente esgotado, a nível desportivo de futebol. Neste momento, nós não temos capacidade a não ser uma capacidade pontual de uma situação ou outra de podermos encaixar aqui um jogo, seja de futebol seja de râguebi ou outro”, referiu Nuno Guerreiro.