Primeiro toque na bola, golo. Francisco Conceição escreveu o seu nome neste Europeu de futebol, ao dar a vitória a Portugal diante da Chéquia na noite desta terça-feira no Red Bull Arena em Leipzig, no jogo que fechou a primeira ronda do Europeu. Num encontro mais complicado do que se previa, o extremo mostrou eficácia ao marcar aos 90+2, um minuto depois de entrar. Antes, um autogolo de Hranec tinha empatado a partida, depois de Provod ter dado vantagem aos checos.
Ainda neste Grupo F, a Turquia, próxima adversária de Portugal, venceu a Geórgia por 3-1, pelo que lidera esta série.
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Regresso ao 3-4-3 com uma surpresa
Roberto Martinez surpreendeu, não no esquema tático, mas na escolha das peças. No 3-4-3, Nuno Mendes apareceu como terceiro central, tal como já tinha sido testado nos amigáveis antes do Euro2024, em situações em que Portugal saía a jogar. Cancelo foi o lateral esquerdo, mas a jogar muito por dentro em fase ofensiva, com Vitinha a ser o '6', a construir, em vez de Palhinha. Na frente, Cristiano Ronaldo, que se tornou no primeiro a jogar em seis fases finais de europeus de futebol. Pepe, titular na defesa, a tornar-se no mais velho de sempre a jogar num europeu, aos 41 anos e 113 dias, deixando para trás os 40 anos e 86 dias do antigo guardião húngaro Király.
Portugal demorou a adaptar-se ao jogo mas, aos poucos, foi tomando conta da partida, tentando atacar sempre com paciência, rodando a bola em todos os flancos. Rafael Leão ameaçou aos 12 e aos 26, Cristiano Ronaldo atirou de cabeça ao lado, aos 08 minutos.
Se em campo Portugal dominava, nas bancadas o duelo seguia intenso, dividido, com os adeptos das duas equipas a fazerem-se ouvir no Red Bull Arena.
A paciência na construção dava frutos. Aos 32 minutos Bruno Fernandes viu a diagonal de Cristiano Ronaldo, o mais internacional de sempre por seleções atirou de pronto de pé esquerdo. Stanek apareceu com o seu corpanzil a fechar os espaços e a dar o peito às balas, evitando o primeiro 'Siiiiiii' da noite. Este duelo haveria de se repetir no derradeiro minuto do primeiro tempo, num movimento de Cristiano Ronaldo à ponta de lança: receção, rotação e remate com o pé esquerdo. Defesa com os punhos do homem que guardava a baliza dos checos.
Ainda não seria desta que Stanek iria permitir a libertação do grito do golo luso no Red Bull Arena. Pelo meio, Ronaldo isolou Vitinha com um grande passe de calcanhar, mas Robin Hranac apareceu no momento certo a cortar a bola, antes que o médio do PSG a colocasse no fundo das redes.
Portugal cresce, Chéquia marca
No segundo tempo seria importante continuar a segurar os checos perto da sua área, impedindo os contra-ataques, mas meter uma mudança acima na circulação da bola, de forma a desmontar a bem organizada equipa do técnico Ivan Hasek. Portugal voltou mais agressivo com bola, empurrou os checos para perto da sua área. Nas bancadas, os adeptos portugueses iam puxando pela equipa, percebendo o momento.
Soucek vestiu a pele de bombeiro e tirou da área de qualquer forma, aos 56, depois de vários ressaltos. Aos 59 é Hranac a impedir que o passe de Bernardo Silva chegasse a Cristiano Ronaldo, no segundo poste. Ronaldo, um dos protagonistas do encontro, voltou a testar Stanek, num livre direto, mas o guarda-redes checo defendeu a dois tempos. Portugal ia fazendo quase tudo bem, faltava meter a bola dentro da baliza.
À passagem da hora de jogo, o selecionador checo lançou Chytil e Lingr nos lugares dos avançados Patrick Schick e Jan Kuchta. No minuto seguinte, num dos raros ataques dos checos, houve golo. Bola atrasada para a entrada da área para o médio Provod que rematou enrolado e colocado, de pé direito, para um golaço. Diogo Costa voou mas não chegou. A chuva fria que caia no relvado não chegava às bancadas mas os adeptos portugueses tinham sentido o toque.
Todos finalmente nos seus lugares e... o jeito que dá ter sorte
Roberto Martinez nem esperou mais e lançou Gonçalo Inácio e Diogo Jota nos lugares de Diogo Dalot e Rafael Leão. Portugal passava a ter os mesmos três centrais, mas com Nuno Mendes e João Cancelo nos seus lugares habituais e Diogo Jota a fazer companhia a Ronaldo na frente. A largura e profundidade ficava à cargo dos laterais ofensivos.
Portugal chegaria ao empate aos 69 minutos, num lance de infelicidade do defesa Hranac. Bruno Fernandes centrou, o guadião Stanek socou a bola contra as pernas do companheiro e esta acabou no fundo das redes. Autogolo e tudo novamente empatado no Red Bull Arena. A festa agora era portuguesa.
A seleção nacional estava por cima no jogo, mas era preciso uma fórmula diferente para bater Stanek. O guardião checo estirou-se para evitar o golo de Bernardo Silva num remate de longe, aos 72. Repetiu o movimento aos 78, agora num tiro de Vitinha. Portugal tentava de todas as formas mas estava difícil.
E quando não era Stanek, era o VAR. Aos 87 minutos, Diogo Jota cabeceou para o fundo das redes após Cristiano Ronaldo atirar ao poste. Portugal fez a festa no relvado, os adeptos vibraram nas bancadas para, logo de seguida, chegar a má notícia: golo anulado por fora de jogo milimétrico (uns centímetros de ombro) de Cristiano Ronaldo.
Só aos 90 minutos, Roberto Martinez voltou a mexer na equipa, ao fazer entrar Francisco Conceição, Nélson Semedo e Pedro Neto nos postos de João Cancelo, Nuno Mendes e Vitinha.
Mais uma vez, Roberto Martinez a ser feliz. Da primeira vez que tocou na bola, o extremo do FC Porto aproveitou uma defesa incompleta de Stanek, o melhor dos checos, para atirar para o fundo das redes, numa jogada de Pedro Neto. Tal como o pai, Sérgio Conceição, que marcou no Euro 2000, Francisco Conceição deu seguimento ao legado da família, marcando na sua estreia numa grande prova internacional de seleções.
A Chéquia ainda esboçou algo na frente, na tentativa de empatar, mas o último cabeceamento saiu por cima.
Na próxima ronda, no dia 22, Portugal vai medir forças com a Turquia no Signak Induna Park, em Dortmund. Os turcos venceram a Geórgia por 3-1.
*Reportagem na Alemanha com Evandro Delgado e Afonso Trindade de Araújo, enviados especiais do SAPO Desporto
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