As participações portuguesas em grandes torneios internacionais são, ao longo da história, irregulares. Portugal já teve grandes momentos europeus e longas travessias no deserto. Contudo, os resultados demostram que a seleção lusa se dá melhor com campeonatos da Europa face a campeonatos do Mundo.
A primeira participação portuguesa numa grande competição data de 1966. Com Eusébio em destaque, a seleção dos ‘magriços’ qualificou-se pela primeira vez para o campeonato do Mundo de Inglaterra. Estranhos ao ambiente de competição mundial, os jogadores da equipa lusa surpreenderam e conseguiram aquele que é o melhor resultado de sempre em Mundiais. Eusébio foi o melhor marcador e Portugal terminou na terceira posição após ter sido derrotado pela seleção da casa com dois golos de Bobby Charlton.
Após a competição de Inglaterra, Portugal esteve 18 anos sem marcar presença num torneio internacional. Uma longa travessia no deserto que chegou ao fim com a qualificação para o campeonato da Europa de 1984, em França. Num grupo com Finlândia, Romênia e Alemanha Ocidental, os portugueses conseguiram o apuramento para as meias-finais onde foram derrotados por 3-2 pela França de Platini.
Contudo, dois anos depois, no México, Portugal voltou a marcar presença num grande torneio. Desta feita, o Mundial de 1986 colocou Portugal no grupo de Inglaterra, Polónia e Marrocos. A equipa portuguesa começou da melhor maneira e bateu o grande candidato à qualificação, Inglaterra, por 1-0. Porém, duas derrotas frente a Polónia (1-0) e Marrocos (3-1) colocaram a seleção das ‘quinas’ fora na fase de grupos, dois anos depois de ter chegado às meias-finais.
O campeonato do Mundo do México foi a consagração da Argentina de Maradona e ditou o início de mais um período de desaparecimento de Portugal. A equipa portuguesa teria de esperar dez anos para se qualificar para um grande torneio internacional. Pelo meio, a seleção portuguesa falhou a qualificação para os Europeus de 1988 e 1992 e para os Mundiais de 1990 e 1994.
O ano de 1996 marcou o regresso de Portugal aos grandes palcos do futebol europeu. Sob a alçada de António Oliveira, a seleção portuguesa voltou a conquistar um lugar entre os intervenientes de um campeonato da Europa. Em Inglaterra, a equipa lusa ficou emparelhada no grupo D com Croácia, Dinamarca e Turquia. Após um início trémulo perante a Dinamarca de Laudrup (1-1), a equipa orientado por António Oliveira venceu os dois jogos seguintes ( Turquia 1-0 e Croácia 3-0) e garantiu o apuramento para os quartos de final onde seriam derrotados pela República Checa por 1-0. Karel Poborský fez o tento solitário com um grande ‘chapéu’ sobre Vítor Baía.
A geração de Ouro e a estabilidade
A chegada da equipa bicampeã do mundo de sub-20, a ‘geração de ouro’, trouxe grandes expetativas quanto à prestação portuguesa no Mundial’98. Apesar de toda a promessa que os jovens jogadores traziam, Portugal não foi capaz de se apurar para o campeonato do Mundo na França. Contudo, seria a última vez que Portugal falharia uma competição internacional até agora.
O Europeu de 2000 foi o arranque da época de estabilidade portuguesa e dos melhores resultados desde 1966. Em 2000, no primeiro Euro recebido por dois países (Bélgica e Holanda), Portugal encontrou Inglaterra, Alemanha e Roménia na fase de grupos. Com três vitórias em três jogos, sendo a terceira jornada a famosa partida em que Sérgio Conceição fez um hat-trick frente aos germânicos. Nos quartos-de-final, Portugal bateu a Turquia por 2-0 com dois golos de Nuno Gomes. Nas meias-finais, Portugal voltou a ceder perante a França (2-1 através de golo de ouro) num jogo em que a arbitragem foi muito contestada pelos jogadores lusos.
A má prestação portuguesa em Mundiais voltou a mostrar-se no Coreia-Japão, em 2002. Depois de ter sido semifinalista no Europeu, Portugal não conseguiu apurar-se para a fase a eliminar num grupo composto por Coreia do Sul, Polónia e Estados Unidos da América. Com duas derrotas, a equipa portuguesa ficou de fora do mundial asiático.
Depois de, em 2003, ter contratado Luiz Felipe Scolari para selecionador, Portugal recebeu a notícia de que iria receber o Euro’2004. A competição mais marcante até agora em solo português criou um ambiente festivo que esteve com a equipa das ‘quinas’ até à final. No grupo A, Portugal encontrou Espanha (1-0), Grécia (1-2) e Rússia (2-0). No caminho até à final, ficaram pelo caminho Inglaterra (1-1 decidido nos penáltis) e Holanda (2-1). Na final, descrita como o ‘milagre dos deuses gregos’, a Grécia sagrou-se campeã da Europa e tornou-se a única seleção a bater Portugal ( 2-1 no jogo de abertura e 1-0 na final).
No campeonato do Mundo da Alemanha, em 2006, a seleção portuguesa manteve Luiz Felipe Scolari no comando técnico e partiu para terras germânicas como uma das seleções a ter em conta. Num grupo ‘acessível’ com Irão, Angola e México, a equipa lusa garantiu a passagem para os oitavos de final. Depois, Portugal repetiu os oponentes do Euro’2004. A ‘laranja mecânica’ foi o oponente nos oitavos de final num jogo que contou com 16 cartões amarelos e quatro expulsões – considerado até agora o jogo com mais cartões de todos os mundiais-. Seguiu-se Inglaterra com uma nova decisão pelas grandes penalidades. Tal como em 2004, Ricardo voltou a ser herói e colocou Portugal nas meias-finais.
As meias-finais ditaram a queda de Portugal perante os pés de Zinedine Zidane. Os gauleses venceram por 1-0 com o franco-argelino a marcar o único golo através da conversão de uma grande penalidade. No jogo de terceiro e quarto lugar, Portugal conquistou o quarto lugar após ter sido derrotado pela Alemanha por 3-1.
O campeonato da Europa de 2008 começou com a certeza de que seria a última competição de Scolari enquanto selecionador português. Portugal garantiu a qualificação após duas vitórias nos dois primeiros jogos (2-0 frente à Turquia e 3-1 perante à República Checa). No terceiro jogo, Portugal sofreu uma derrota perante a Suíça. No primeiro jogo de ‘mata-mata’, a celebre expressão de Scolari, a seleção portuguesa voltou a encontrar a Alemanha. Apesar ter sido um jogo bastante equilibrado, os germânicos voltaram a levar a melhor e eliminaram Portugal por 3-4.
Carlos Queiroz foi o homem escolhido para comandar a seleção portuguesa depois de Scolari ter assinado pelo Chelsea. O técnico português estava de volta ao comando da equipa depois de a sua primeira passagem ter sido fraca em termos de apuramentos. Depois de uma qualificação muito complicada, Portugal não foi capaz de garantir apuramento direto para o primeiro Mundial realizado em Africa. Com efeito, a qualificação foi decidida através de play-off de duas mãos frente à Bósnia. Com duas vitórias pela margem mínima, Portugal teve acesso ao Mundial da Africa do Sul.
Na fase de grupos, Portugal emparelhou com Brasil, Costa do Marfim e Coreia do Norte. Após dois empates com ‘canarinhos’ e ‘elefantes’, Portugal goleou a Coreia do Norte por 7-1 e passou para a fase seguinte devido à diferença de golos. Na primeira eliminatória, a seleção das ‘quinas’ encontrou pelo caminho a campeã da Europa, Espanha. A ‘roja’ acabaria por vencer por 1-0 com um tento solitário de David Villa.
O Euro 2012 colocou, à partida, Portugal numa situação muito complicada. Para além de ter garantido o apuramento através de novo play-off frente à Bósnia, Portugal foi colocado no grupo da morte do Campeonato da Europa da Polónia/Ucrânia.
Frente a Alemanha, Holanda e Dinamarca, os portugueses foram capazes de se apurar apesar de terem sido derrotados pela Alemanha no primeiro jogo por 1-0. Frente à Dinamarca, foi Varela que aos 87 minutos colocou Portugal a vencer frente aos dinamarqueses por 3-2. No jogo decisivo frente à Holanda, Cristiano Ronaldo virou um resultado de 1-0 para 2-1 e deu o apuramento à seleção lusa.
Nos quartos-de-final, a equipa orientada por Paulo Bento, que tinha substituído Carlos Queiroz durante a qualificação, encontrou a República Checa. CR7 voltou a ser determinante e colocou Portugal nas meias-finais frente a Espanha com o único golo do jogo (1-0). O duelo ibérico, visto como uma final antecipada, manteve o nulo até ao fim. Após 120 minutos de futebol, os espanhóis foram mais felizes na marcação de grande penalidades.
Mais recentemente, o Mundial do Brasil quebrou o ciclo de boas competições europeias de Portugal. Desde 2002 que a seleção portuguesa passava a fase de grupos. Depois de ter sido muito contestada, a Federação Portuguesa de Futebol declarou incompetência na prova brasileira e apontou baterias para o Europeu 2016, em França.
A história das competições internacionais portuguesas demostra que, de facto, Portugal se dá melhor no Euro do que no Mundial. Embora a derrota frente à Albânia não complique o apuramento para já, não deixa de ser um sinal de que é necessária mudança no seio da seleção portuguesa. A derrota do passado domingo foi a primeira derrota lusa frente à seleção dos balcãs.
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