"Não foi uma exibição por aí além", como disse Danilo Pereira após o apito final, mas serviu para o propósito a que Portugal se propôs: estar pela sétima vez consecutiva na fase final de um Europeu, onde irá defender o título conquistado em 2016. A equipa das quinas não deslumbrou, mas conseguiu superar os buracos do Stade Josy Barthel e vencer um Luxemburgo com muito sangue luso, com golos de Bruno Fernandes e Cristiano Ronaldo - o capitão está agora a um golo dos 100 pela Seleção.

Filme do jogo

Com três novidades no onze em relação ao jogo com a Lituânia - ficaram de fora Mário Rui, Rúben Neves e Gonçalo Paciência, entrando Raphael Guerreiro, Danilo e André Silva - Portugal sentiu muitas dificuldades na altura de receber a bola e também no passe, somando vários lances perdidos na primeira metade. E a culpa nem sempre foi do relvado.

Mesmo com menos bola, a equipa da casa conseguiu limitar a manobra ofensiva de Portugal e causar mesmo alguns calafrios à equipa das quinas. O primeiro aviso chegou logo aos seis minutos, com Maurice Deville a cabecear ao lado da baliza de Rui Patrício, depois de um cruzamento na direita. A equipa das quinas respondeu através de Ronaldo, a rematar forte para defesa de Moris.

Aos 15' Vincent Thill rematou com muito perigo e valeu o corte de Rúben Dias, que estava no sítio certo, e aos 25' foi a vez de Gerson Rodrigues, jogador oriundo do Pragal, cabecear por cima. Fernando Santos não parava de abanar a cabeça no banco de suplentes.

A formação lusa tentava chegar ao golo que lhe desse alguma tranquilidade, até porque nesta fase da partida a Sérvia já estava em vantagem frente à Ucrânia. Ronaldo tentou a sorte aos 27 e aos 30 minutos, mas sem sucesso, e Pizzi procurou surpreender Moris com um remate em jeito (32'), mas por cima da baliza luxemburguesa.

Numa curta paragem do jogo, Fernando Santos deu algumas indicações a Bruno Fernandes e, logo a seguir, tudo mudou. Não só a Ucrânia chegou ao empate na Sérvia, como Portugal conseguiu 'desatar o nó', aos 39 minutos: passe magistral de Bernardo, ainda no meio-campo luso, com Bruno Fernandes a surgir nas costas da defesa contrária, a dominar muito bem e a atirar com o pé direito para o fundo da baliza. Foi o segundo golo do médio do Sporting pela Seleção, o primeiro na fase de qualificação.

Portugal chegava ao intervalo com razões de queixa do relvado, mas a jogar de forma previsível e com a tarefa bastante dificultada por um Luxemburgo bastante competente.

Na segunda parte, a formação das quinas tentou não complicar o seu jogo e com isso foi tendo mais bola, fechando com mais facilidade qualquer tentativa do Luxemburgo, enquanto tentava reforçar a vantagem, ainda que de forma algo tímida. Aos 51 minutos, José Fonte  cabeceou a bola muito perto do poste, na sequência de um canto de Pizzi. Logo a seguir, um remate da esquerda, em arco, de Gerson mostrava que o Luxemburgo não ia entregar os três pontos de bandeja.

No outro jogo do grupo B, a  Sérvia voltava a colocar-se em vantagem frente à Ucrânia, o que deixava os comandados de Fernando Santos a precisar ainda mais de um golo para poderem respirar de alívio.

O técnico português tirou Pizzi à passagem da hora de jogo e, mais tarde, André Silva, fazendo entrar João Moutinho e Diogo Jota. O avançado do Wolverhampton acabou por estar no lance do segundo golo, já perto do fim, em que tudo, mais uma vez, começou no pé esquerdo de Bernardo Silva.

O camisola ‘10' cruzou na direita à procura de Jota, que ganhou na dividida e rematou enrolado à saída do guarda-redes luxemburguês, com Ronaldo a confirmar o 2-0 sobre a linha de golo. O capitão chegava aos 99 golos pela equipa das quinas, e deixava Portugal a respirar de alívio, até porque a Ucrânia voltava a empatar na Sérvia. Estava feito.

O momento

Golo de Bruno Fernandes: O melhor momento de futebol da partida, desde o excelente passe de Bernardo Silva à receção cheia de classe de Bruno Fernandes, a rematar, bem ao seu estilo, para o fundo das redes.

O melhor

Bernardo Silva: Não há relvado esburacado que impeça o médio do Manchester City de mostrar a sua criatividade, ainda que de forma mais contida - mérito dos jogadores do Luxemburgo. Bernardo teve de recuar para ter o espaço necessário para desmarcar Bruno Fernandes no 1-0 e ainda conseguiu descobrir Diogo Jota aos 86 minutos, lançando assim o segundo golo.

O pior

Estado do relvado: O mau estado do 'tapete' do Stade Josy Barthel foi um dos culpados pela fraca qualidade do jogo. Fora isso, André Silva teve uma prestação demasiado discreta enquanto esteve em campo.

Reações

Fernando Santos: "Foi um apuramento mais difícil do que pensávamos"

Bruno Fernandes: "O facto de não sentirmos os pés tornou tudo mais difícil"

Danilo: "A exibição não foi por aí além"

Diogo Jota: "Não importa quem marca, importa é ganhar"