Roberto Martinez pode dar-se por satisfeito com os dois primeiros jogos à frente da Seleção de Portugal. É verdade que os adversários eram bem modestos mas os 10 golos marcados e zero sofridos e liderança isolada do Grupo J, coloca Portugal no caminho certo rumo ao Euro2024.
Diante do Luxemburgo, valeu a eficácia lusa, que marcou seis golos em oito remates à baliza e ainda falhou uma grande penalidade.
Os verdadeiros testes de Roberto Martinez chegarão quando defrontar as seleções mais contadas do grupo: Eslováquia, Bósnia e Herzegovina e Islândia. Até lá, já terá mais dias de trabalho para desenvolver as suas ideias.
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O jogo: pimpa, pimba, pimba, pimba
Quatro remates enquadrados, quatro golos? É o sonho de qualquer treinador. Em qualquer campo, em qualquer circunstância. E era isso que Portugal apresentava ao intervalo diante do Luxemburgo, com a outra metade de remates a sair fora do alvo.
Foi na eficácia e na simplicidade que Portugal construiu uma das goleadas das antigas, embora no segundo tempo a Seleção tenha andado a gerir, até Roberto Martinez mexer na equipa.
Esperava-se que Portugal tivesse dificuldades diante de um adversário que tinha empatado fora com a Eslováquia, mas a verdade é que Portugal era quem jogava em casa, tal era o apoio da comunidade portuguesa que vive no Grão-Ducado, assim como os portugueses emigrados nos países vizinhos que fizeram questão de marcar presença no moderno Stade de Luxembourg.
A forte pressão lusa, com os laterais bem projetados, na linha dos médios e o recuo de João Félix, asfixiaram a seleção luxemburguesa, que ficou sem capacidade de ligar o seu jogo e sair a jogar, de forma a fazer a bola chegar aos avançados Sinani e Gerson Rogrigues.
Portugal tirou ainda partido da inspiração dos seus executantes, como foi o caso de Bruno Fernandes no 1-0 de Cristiano Ronaldo aos 09 e no 3-0 do avançado aos 31, de Bernardo Silva na bola com olhos para o cabeceamento certeiro de João Félix aos 15, e no fantástico passe de João Palhinha para o 3-0 de Bernardo Silva, de cabeça.
Tudo tão simples, tão eficaz, tão bonito nos lusos, que não se viu a seleção da casa nos primeiros 45 minutos.
Após o intervalo o Luxemburgo veio com outra cara. O selecionador Luc Holtz mudou três peças na sua seleção, desfez o 5-4-1 e passou a jogar em 4-3-3. O Luxemburgo cresceu e assustou Rui Patrício.
Roberto Martinez viu o que o jogo pedia e lançou Otávio, Gonçalo Ramos, Rúben Neves e Rafael Leão (além de Diogo Jota). Os quatro primeiros vieram mexer com o jogo e estiveram nos principais lances de perigo até ao final, estando em dois golos.
Dos 14 remates de Portugal, oito foram a baliza e desses, só dois não entraram: o penálti de Rafael Leão que Moris defendeu, e mais uma outra defesa do guardião do Luxemburgo. Curiosamente, três dos seis golos foram de cabeça, dois deles marcados pelos jogadores mais baixos em campo: Bernardo Silva e Otávio.
É verdade que os adversários não deram luta, mas Roberto Martinez não podia ter pedido melhor nos seus primeiros jogos na Seleção A de Portugal: arrancar com duas goleadas, 10 golos marcados e zero sofridos, e ainda por cima a jogar bom futebol. Portugal não ganhava os dois primeiros jogos na fase de qualificação para o Europeu desde o apuramento para o Euro96, de acordo com dados do Playmakerstats.
Eslováquia, Bósnia e Herzegovina e Islândia serão testes diferentes.
Momento-chave: primeiro remate, primeiro golo
Marcar cedo, logo aos nove minutos, no primeiro remate enquadrado com a baliza, deu moral à Portugal e deixou o Luxemburgo a fazer contas. Tal como aconteceu na última quinta-feira em Alvalade, o golo madrugador deixou a seleção lusa mais à-vontade para fazer o seu jogo sem pensar no resultado.
Os Melhores: Leão com fome, Ronaldo com cheiro de golo e uma seleção que encanta
Rafael Leão mostrou porque é uma alternativa credível nesta seleção: entrou aos 75 e fez quase tudo bem: assistiu Otávio para o 5-0, ganhou uma grande penalidade que falhou (defesa de Moris) e depois fechou as contas com um golaço, em jogada individual. Só não é titular porque Roberto Martinez não abdica de Cristiano Ronaldo e porque João Félix está num grande momento.
Cristiano Ronaldo parece ter voltado aos velhos tempos. Está mais sorridente, mais solidário. Longe do CR7 de outros tempos, em velocidade, um-para-um e capacidade de resolver jogos, a verdade é que o capitão vai alargando os seus recordes (122 golos por seleções e 198 jogos). Nestes dois jogos marcou quatro golos em pouco mais de 120 minutos de jogo, o que mostra que a sua capacidade goleadora ainda pode ajudar.
Duas vitórias, 10 golos marcados e nenhum sofrido é o melhor registo de um selecionador nacional nos dois primeiros encontros. O 3-4-3 ou 3-5-2 de Roberto Martinez está a ser elogiado por todos os jogadores, por potenciar o seu talento em campo, principalmente os alas e os homens da frente. É verdade que o novo selecionador teve pouco tempo de trabalho mas já se vê ideias que agradam, tanto aos adeptos como aos jogadores. E isso é bom sinal.
Em Noite 'não': Não era este o Luxemburgo que se esperava
Apenas dois remates (nenhum enquadrado) era o registo do Luxemburgo ao intervalo. No segundo tempo, quando passou a atacar com mais gente, ainda conseguiu acertar na baliza de Rui Patrício numa ocasião. Muito pouco para quem tinha empatado a zero com a Eslováquia na 1.ª ronda e tinha feito Portugal sofrer no apuramento para o Mundial2022.
A seleção do Grão-Ducado tem crescido muito, sonha apurar-se para uma fase final de uma grande prova mas, diante de Portugal, continua sem argumentos. Sofreu a 13.ª derrota seguida diante de Portugal, a 18.ª em 20 jogos (tem ainda uma vitória e um empate).
Reações: Roberto Martinez feliz pela eficácia, jogadores elogiam novo sistema tático
A reação de Cristiano Ronaldo à goleada de Portugal ao Luxemburgo
João Félix: "Com esta tática temos sempre quatro ou cinco jogadores na área"
Bruno Fernandes não concorda com Cristiano Ronaldo: "Não há lufada de ar fresco nenhuma"
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