O presidente do Beira-Mar disse hoje não temer o regresso do clube ao Estádio Municipal de Aveiro (EMA), no âmbito de um acordo assinado com a Câmara de Aveiro, mostrando-se convicto de que "não serão repetidos erros do passado".
O protocolo, que já foi aprovado em reunião de Câmara, prevê que o clube entregue ao município o velho Estádio Mário Duarte, na época 2018/19, passando a usar as instalações do novo estádio construído para o Euro2004, mediante o pagamento de uma quantia mensal de 1.500 euros. "Sabemos que esta é uma mudança que assusta alguns de nós, até por causa das marcas do passado recente. Muitos pensarão que o regresso ao EMA será mais uma vez a ruína do clube. Estou convicto de que isso não será", disse o presidente do Beira-Mar, António Cruz.
O dirigente, que falava durante uma conferência de imprensa para dar a conhecer os pormenores do acordo, referiu ainda que, daqui a dois anos, o clube terá "outras condições de gestão" e "infraestruturas adequadas à fixação do clube em torno do EMA". "Temos hoje um clube que se levantou com associados que durante este último ano disseram presente e nos provaram que esse passado só se repete se não soubermos cuidar deles", vincou.
António Cruz realçou ainda que este processo "nunca deixará o Beira-Mar descalço", lembrando que a mudança de instalações só se efetuará, caso o município cumpra a promessa de construir dois campos de treino nos terrenos adjacentes ao EMA, até ao final de 2018. Classificando este momento como "histórico", o dirigente disse que este acordo "transfigurará a realidade desportiva e financeira do clube" e permitirá a aprovação do plano de insolvência, que será apresentado aos credores, numa assembleia no próximo mês de outubro.
O Beira-Mar, que joga atualmente na I divisão distrital, está em processo de insolvência e tem dívidas de cerca de quatro milhões de euros.
Na mesma ocasião, o presidente da Câmara de Aveiro, Ribau Esteves (PSD/CDS/PPM), explicou que este protocolo vem "arrumar com o passado", resolvendo um historial de dívidas mútuas e protocolos incumpridos entre as duas entidades, desde 2003.
O autarca admitiu que o acordo "tem risco", mas disse ter uma "segurança muito forte" na execução e no realismo deste documento. "Estamos muito confortados, porque não assumimos nenhum compromisso louco, não pusemos dinheiro que não temos, não usámos terrenos que não temos, não usámos perspetivas de execução de sonhos irreais naquilo que é a capacidade das duas instituições de os poderem vir a executar", disse.
O protocolo contempla um acerto de contas entre o Beira-Mar e a autarquia, do qual resulta um saldo de cerca de 18 mil euros a favor do clube. Segundo o documento, o município compromete-se a providenciar horas de treino e jogos em pavilhões, para as épocas desportivas 2016/17 e 2017/18, e a manter a cedência gratuita de utilização do estádio Mário Duarte até 2018.
O protocolo prevê a instalação das secções do clube no EMA, bem como a utilização do relvado principal pela equipa sénior a partir de 2018, sendo que os jogos da Taça Distrital e da Taça de Portugal já terão lugar naquele local, na presente época desportiva.
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