O Botafogo conquistou a Taça Libertadores da América pela primeira vez, ao derrotar na final o Atlético Mineiro por 3-1. A equipa orientada pelo português Artur Jorge resistiu a 90+8 minutos a jogar com menos um para derrotar o emblema de Minas Gerais e assim conquistar a prova maior da América Latina pela primeira vez.
Artur Jorge é assim o terceiro português a conquistar a prova, depois de Jorge Jesus e Abel Ferreira.
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À procura da glória eterna
No Monumental Núñez, em Buenos Aires, o Brasil tinha a certeza que iria conquistar a sexta vitória consecutiva na Taça Libertadores, a 24.ª em 65 edições, para ficar a apenas um dos 25 da Argentina.
O Botafogo chegou ao jogo cheio de confiança, depois de vencer fora o bicampeão em título Palmeiras por 3-1 e regressar, agora isolado, ao comando do Brasileirão, ficando a quatro pontos do cetro, a duas rondas do fim.
Artur Jorge tinha a missão de guiar o Fogão ao título e igualar os feitos de Jorge Jesus e Abel Ferreira (duas vezes), os técnicos portugueses que venceram a prova ao comando de Flamengo e Palmeiras, respetivamente.
O jogo começou a boa maneira sul-americana. 40 segundos, vermelho direto para Gregore. O médio do Botafogo foi tentar cortar uma bola em lance com Fausto Vera e acertou, em cheio, na cabeça do médio do Atlético Mineiro. Não havia outra hipótese para o árbitro argentino Facundo Tello Figueroa, senão mostrar o vermelho direto ao jogador do Galo.
Esperava-se que a equipa de Gabriel Milito pegasse no jogo e fosse para cima dos homens de Artur Jorge, tirando partido da superioridade numérica, mas não foi isso que se viu no lotado Monumental Nuñez, em Buenos Aires. Hulk até deu indicação que seria assim, em dois remates potentes de fora da área, aos 9 e aos 11 minutos, que o guardião John Victor sacudiu com os punhos.
Artur Jorge organizou a sua equipa num 4-1-3-1 que, à defender, muitas vezes era um 6-2-1, com Igor Jesus como elemento mais adiantado e toda a equipa recuada, para travar as intenções do emblema mineiro. Savarino recuou e foi fazer um trio de médios com Thiago Almada e Luiz Enrique, com Marlon Freitas à frente dos centrais.
Mesmo com menos um, o Botafogo conseguia sair a jogar, com a bola nos pés, perante a passividade dos jogadores do Atlético Mineiro.
Via-se mesmo que era uma final, tal era a forma como os jogadores lutavam pela bola. A agressividade colocada na disputa dos lances obrigou o árbitro a mostrar amarelo a Lyanco, Rodrigo Battaglia e Fausto Vera no Atlético Mineiro e a Alex Telles no lado do Botafogo.
Aos 35 minutos, a equipa de Artur Jorge deu sequência a uma melhor adaptação no jogo e marcou, num lance com alguma sorte. Luiz Henrique meteu na área, rasteiro, Marlon Freitas disparou mal, a bola bateu bateu em Júnior Alonso e foi ter com Luiz Henrique que disparou de pronto, com o pé esquerdo, abrindo o marcador. Nas bancadas do Monumental Nuñez havia adeptos a chorarem de alegria.
E aos 41 minutos, chegou o 2-0, num lance que ilustrava a intranquilidade no lado do Galo. O guarda-redes Everson saiu aos de Luiz Henrique, numa bola que Arana estava a proteger, mas acabou por atropelar o atacante do Fogão. Alertado pelo VAR, o árbitro foi rever a jogada no monitor e assinalou grande penalidade, que Alex Telles, ex-FC Porto, converteu no 2-0.
Gabriel Milito mexe, Galo acorda e lança o jogo
Era preciso mexer e revitalizar a equipa e foi isso que fez Gabriel Milito, ao lançar Bernard, Vargas e Mariano nos lugares de Lyanco, Scarpa e Fausto Vera.
E logo nos segundo minuto, a equipa reduziu: canto de Hulk na esquerda, Eduardo Vargas saltou mais alto que todos e atirou de cabeça para o fundo das redes de Everson. O Atlético Mineiro reduzia e relançava a partida.
O golo acordou o Galo, que foi à procura do empate. Aos 53, Hulk meteu na área, mas Deyverson e Vargas atrapalharam-se ao irem à bola ao mesmo tempo e não conseguiram desviar para golo
Artur Jorge sentiu que tinha de ajudar a sua equipa e colocou Marçal e Danilo Barbosa nos lugares de Alex Telles e Savarino. O ex-lateral do FC Porto já tinha amarelo e estava a passar dificuldades com Hulk.
Mas a segunda parte estava a ser toda do Atlético Mineiro. Aos 64 minutos, quase o empate, numa 'bomba' de Hulk que John Victor defendeu com uma palmada.
Aos 86 minutos, Vargas voltou a ter nova oportunidade para empatar, após choque entre os defesas contrários, mas o seu chapéu saiu por cima.
Numa das poucas vezes que foi lá a frente no segundo tempo, o Botafogo acabou com o jogo, ao fazer o 3-1, aos 90+6 minutos. O golo foi de Júnior Santos, a empurrar para a baliza uma bola largada pelo guardião contrário.
O Botafogo conquista a Taça Libertadores pela primeira vez. O técnico Artur Jorge imita os feitos de Jorge Jesus e Abel Ferreira e torna-se no terceiro treinador português a vencer a prova maior da América Latina a nível de clubes.
A época poderá ser ainda mais memorável para Artur Jorge: o Botafogo lidera o Brasileirão com três pontos de vantagem sobre o Palmeiras, quando faltam duas jornadas para o final.
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