Dois golos de Gabriel Barbosa, aos 89 e 92 minutos, permitiram ao Flamengo vencer a Taça Libertadores da América, ao bater o River Plate por 2-1 na final disputada no Monumental de Lima, Peru. É o segundo título do Flamengo na prova, 38 anos depois do primeiro. Jorge Jesus consegue assim o seu tão desejado título internacional, e torna-se no segundo técnico estrangeiro a vencer a prova, depois do croata Mirko Jozic. É o 16.º título na carreira de Jorge Jesus.

Jorge Jesus apresentou a melhor versão do Flamengo, num onze sem surpresas. Do lado de Gallardo, a mesma coisa: os dois técnicos não tinham segredos nem quiseram fugir àquilo que tem marcado as suas ideias.

No Estádio Monumental de Lima, Peru, completamente lotado (havia gente nos montes, com vista privilegiada para o campo, a ver a partida), o Flamengo entrou melhor, com mais bola, a trocar o esférico no meio-campo contrário, tentando perceber de que forma haveria de furar a defensiva dos 'millionarios'.

Gallardo preparou muito bem este jogo. Conhecido com o 'rei' do 'mata-mata', o jovem técnico do River Plate sabia como parar a avalanche ofensiva do Mengão, de Jorge Jesus. Melhor: sabia como 'ferir' a formação brasileira. A pressão a meio-campo começou a intensificar-se, com o River Plate sempre mais forte, mais rápido sobre a bola, ganhando a maior parte dos duelos físicos, com Palacios e Enzo Pérez a dar cartas. E assim que tinha a bola, esticava na frente para tirar partido da velocidade de De La Cruz, Suárez e Santos Borré. Gerson, de Arrascaeta e Bruno Henrique não tinham bola para alimentar o ataque do Flamengo.

Numa dessas descidas pelo corredor, o River Plate marcou: Felipe Luis perdeu a bola no seu flanco, Fernández meteu na área, Gerson e William Arão falharam e Santos Borré aproveitou para rematar para o fundo das redes. Explosão de alegria para os adeptos 'millionarios' no Monumental de Lima.

Um golo que intranquilizou e de que maneira o Flamengo, nada habituado a estas andanças, frente a um River Plate com muita experiência. Pressionados, os homens de Jesus perdiam a bola com muita facilidade, tinham dificuldade em conseguir uma sequência de cinco passes e estavam longe da área contrária. Já os comandados de Gallardo não tinham cerimónias: bola ganha, bola nas costas da defensiva contrária e aceleração dos homens da frente. De La Cruz e Suárez viram Pablo Marí evitar que marcassem, aos 22 e 27 minutos. Aos 37 é Palacios a rematar de fora da área, numa bola que passou muito perto do poste de Diego Alves.

Ao intervalo, ganhava a equipa mais experiente, mais astuta, menos pressionada. Jesus tinha de fazer alguma coisa. Logo aos 57 minutos, viu Gabriel Barbosa e Everton Ribeiro ficarem perto do empate, em dois tiros evitados pelos cortes de de La Cruz e por um defesa do guardião Armani. Pediu-se mão de De la Cruz, o lance foi ao VAR, mas este mandou seguir. Mão não intencional do jogador da formação argentina.

A perder e desesperado por marcar, Jesus lançou Diego aos 66 no posto de Gerson mas só aos 86 voltaria a mexer, para fazer entrar Vitinho no lugar de William Arão. O Mengão ficava com mais gente na frente mas continuava sem conseguir criar lances de golo.

Mas aos 91 minutos, Gabriel Barbosa aproveitou uma bela jogada de Bruno Henrique para empurrar para o empate, aos 89 minutos. E aos 93, o avançado brasileiro bisou, num remate potente, após perda de bola dos argentinos. Era o 9.º golo de Gabigol na Libertadores, ele que chegou aos 40 golos em 2019.

Em apenas quatro minutos, o Flamengo virou o jogo e conquistou a Taça Libertadores da América pela segunda vez na sua história, depois da primeira conquista em 1981. Tal com em 1981, o título chega depois de dois golos de um jogador: há 38 anos foi Zico quem bisou.

Jorge Jesus torna-se no segundo técnico estrangeiro a conquistar a prova, depois do croata Mirko Jozic, pelo Colo Colo.

Este domingo, o Mengão pode juntar o Brasileirão a este título, se o Palmeiras não vencer o Grémio.

Este é o 16.º título na carreira de Jorge Jesus, que já contava com três Liga de Portugal, uma Taça de Portugal, seis Taças da Liga, duas Supertaças de Portugal, uma Taça Intertoto, uma Segunda Divisão B, uma Supertaça da Arábia Saudita.