Ricardo de Burgos Bengoetxea, árbitro espanhol escolhido para dirigir a final da Taça do Rei entre Barcelona e Real Madrid, protagonizou esta sexta-feira um momento comovente ao emocionar-se durante a conferência de imprensa de antevisão ao clássico. Visivelmente afetado, o juiz partilhou a dificuldade de lidar com os insultos e a pressão, sobretudo quando estas atingem a família.

"Quando o teu filho vai para a escola e há meninos que dizem que o teu pai é um ladrão, e ele chega a casa a chorar, isso é o mais difícil", confessou, com lágrimas nos olhos. “No meu caso, tento educar o meu filho e dizer-lhe que o pai é honrado e que se engana, como qualquer outro desportista.”

A intervenção emocionada de Bengoetxea serviu também como apelo à empatia e ao respeito no futebol. "No dia em que for embora, quero que o meu filho esteja orgulhoso do que foi o seu pai e do que é ser árbitro", declarou, lembrando que a arbitragem é uma função nobre, marcada por valores e espírito de justiça.

O árbitro de 38 anos alertou ainda para o impacto que os ataques dirigidos aos árbitros têm não apenas nos profissionais, mas nas suas famílias. “Não é justo aquilo que os meus colegas e as minhas colegas passam. Afeta as nossas famílias”, reforçou, deixando um claro pedido: “Cada um que faça uma reflexão sobre onde quer que o desporto vá e o que quer do futebol.”

A final da Taça do Rei, marcada para este fim de semana, será assim arbitrada por um homem cuja preparação vai muito além da técnica — envolve também o peso emocional de uma profissão muitas vezes injustamente vilipendiada.