O vice-presidente do Clube Futebol União disse hoje que apenas dissolvida foi o processo de insolvência, porque o clube madeirense, que milita no Campeonato de Portugal de futebol, continua e passa a depender da sua direção.

“O que ficou decidido pelo Ministério Público foi acabar com a insolvência do União e ser a própria direção nas próximas reuniões a decidir o que vai fazer com o União e com as respetivas dívidas”, destacou à Lusa Filipe Rebelo.

O dirigente do clube madeirense revelou ainda que a “juíza tinha votado para o clube desaparecer numa primeira fase”, mas Ministério Público recuou “porque o União não tem mais benfeitorias para pegar e tudo o que seria gasto eram os credores a pagar”.

Na Assembleia de Credores, que teve lugar no Tribunal do Funchal, “houve um representante do Governo regional que votou a favor da dissolução do clube”, segundo o diretor da formação insular, mas o que foi “aprovado foi o encerramento do processo de insolvência, não o União”.

Segundo Filipe Rebelo, o emblema centenário “tem uma direção, mas não tem um quórum”, estando uma reunião para acontecer em breve para decidir o futuro do clube.

“Ainda estamos a digerir esta decisão, foi um passo muito grande, porque tudo indicava que íamos fechar, mas vai haver uma reunião da direção para ver o futuro do clube, pode ainda levar a uma dissolução e insolvência, está ainda por decidir”, assumiu.

Sobre as declarações proferidas no domingo por um atleta da formação, no dia em que foi declarada falta de comparência na receção ao Merelinense para o jogo em atraso da segunda jornada do Campeonato de Portugal, Filipe Rebelo garante não serem verdadeiras, classificando de “vergonhosas” e “sem escrúpulos”.

“As declarações dos atletas não são verdadeiras. Nunca passaram fome”, sublinhou Filipe Rebelo, destacando que a alimentação dos atletas nas visitas ao continente “não foi só sandes de queijo e fiambre, sumos e chocolates como dizem, mas, efetivamente, sandes de leitão, picanha, fruta, água e, mais do que uma refeição”.

“O pai de um dos jogadores que é referido nas declarações dos atletas, que assegurava a alimentação no continente, foi-lhe tudo pago. As duas refeições tinham de ser volantes, toda a gente faz isso, nem que seja pelas condições de logística que temos”, explicou.

Sobre as acusações de que as deslocações ao continente aconteciam no mesmo dia do jogo, revelou que “as viagens Madeira – Porto, Porto - Madeira estão limitadíssimas às 23:00 da noite e às 06:00 da manhã no regresso”.

O dirigente da equipa do Vale Paraíso garante que já desembolsou do seu próprio dinheiro para o União poder estar representado, revelando que “suportou o último jogo em quase dois mil euros”.

Filipe Rebelo garante que apenas abraçou o projeto da SAD e do clube do União, não é acionista, mas que acabou por “gastar dinheiro, dar a cara e a credibilidade”.

“Da última tranche que o administrador judicial disse que eu podia receber para pagar viagens, alimentação e tudo mais, foram 10 mil euros, mas os últimos acontecimentos foi eu paguei cerca de 10 mil euros do meu dinheiro”, frisou.

Sobre os dois meses de ordenados em atraso, Filipe Rebelo reconhece ser verdade, revelando que “houve desvios de dinheiro”.

“É verdade que estão com dois meses de atraso nos ordenados. Houve desvios de dinheiro, coisa que não deveria ter acontecido, porque o administrador judicial foi claro e o Ministério Público já pediu esclarecimentos”, frisou.

A falta de comparência na receção ao Merelinense, no domingo, aconteceu devido a “dívidas com a polícia”.

“A polícia apareceu porque sabia que ia haver jogo para identificar algum diretor para pagar, depois de falar com o delegado foi embora, porque ninguém pagou. Podemos estar equipados dentro de campo, mas se não houver polícia não há jogo”, concluiu.