Os presidentes do Rebordosa Atlético Clube e do União de Paredes contestaram hoje a paragem de três meses no Campeonato de Portugal de futebol para a maioria dos clubes participantes, considerando tratar-se de “uma coisa de terceiro mundo”.
O líder do Rebordosa, quinto classificado da Série B, patrocinou os termos mais duros e justificou a opinião de que “Campeonato de Portugal (CP) está de luto” com a experiência de 26 anos na presidência do clube.
“É inadmissível ficarmos tanto tempo sem competir, até porque os compromissos continuam a existir e têm de ser cumpridos, mas as receitas baixam. Não podemos obrigar os patrocinadores a pagar por uma divulgação que não pode ser feita ou os sócios a pagar mais tempo sem futebol. Isto pode deixar muitos clubes numa situação muito complicada”, disse hoje Joaquim Barbosa, em declarações à agência Lusa.
O presidente do Rebordosa solidariza-se com a preocupação revelada pela Associação de Futebol do Porto, embora entenda que só isso não chega, defendendo que “todos os presidentes dos clubes do CP deviam juntar-se e tomar uma posição conjunta”, para não se deixar prolongar “algo ao nível de terceiro mundo”.
Dos 56 clubes participantes no Campeonato de Portugal, só oito, respeitantes aos dois primeiros das quatro séries existentes, continuam em prova. Para os restantes, em maioria, o campeonato terminou no início de abril, sensivelmente três meses antes do regresso aos trabalhos.
“Estou muito apreensivo”, confessou, receando que os jogadores procurem manter a forma em ginásios ou competindo em atividades lúdicas, até mesmo noutras modalidades, potenciando lesões, que, depois, prejudicam uns e outros.
O presidente do União de Paredes, para quem a permanência só foi assegurada na última jornada, junta-se aos protestos e contestou, sobretudo, “o modelo competitivo”, por considerar que “não beneficia clubes, jogadores e treinadores” e “agrava as dificuldades de angariar apoios”.
“Há meses com apenas dois jogos e, em 14 equipas, descem cinco. Se calhar, em vez das quatro séries, faziam somente três, mas com mais equipas e jogos para realizar”, defendeu Pedro Silva, em declarações à Lusa.
Para o dirigente paredense, “os clubes têm de ser solidários para ter uma palavra”, antecipando dificuldades até no momento de contratar jogadores.
“Mesmo que o projeto apresentado seja aliciante, os jogadores vão ficar sempre de pé atrás, porque, se o clube não conseguir atingir a fase final, eles vão jogar menos, ter menos possibilidades de se mostrar e, se calhar, ganhar menos”, sublinhou, insistindo na ideia de “nunca é tarde para mudar o que está mal”.
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