Os jogadores do Fátima revelaram hoje, após reunião no Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol (SJPF), que a direção lhes sugeriu que procurassem clube, face à situação de salários em atraso, e pediram ajuda para resolver o problema.
«Esta semana comunicaram que o futebol sénior poderá estar em causa. [Disseram aos jogadores] Para irem à sua vida e procurarem clube em janeiro e que os que fiquem que reduzam os salários», começou por dizer o capitão Jorge Neves.
A situação financeira do clube leva a que muitos dos jogadores do CD Fátima, quarto classificado no grupo F do Campeonato Nacional de seniores, não tenham ainda recebido qualquer salário desde o início da temporada, enquanto outros receberam apenas um.
«É triste vir aqui a esta reunião, queremos jogar, não queremos parar e deveríamos ser pagos para isso. Infelizmente esta época, começámos a treinar 15 de junho, chegámos a dezembro e não há condições», frisou o futebolista.
Jorge Neves disse não ser intenção faltar aos jogos, garantindo que no próximo fim de semana, na visita à União de Leiria, a equipa irá jogar, mas que na jornada seguinte desconhece se haverá número de jogadores, face à hipótese de rescisões.
O médio, de 26 anos, pediu ainda mais apoio da Federação Portuguesa de Futebol, que já entrou com uma verba para o fundo de garantia salarial, bem como das entidades locais e da Câmara Municipal de Ourém.
«O grupo está todo unido, o Fátima tem sorte em ter um grupo como este. Queremos conseguir dinheiro para alguns jogadores conseguirem comer. Estamos aqui e esperemos que melhore», acrescentou.
Do lado do SJPF, Joaquim Evangelista lembrou que se trata de uma «situação que não é nova no futebol português» e que «o afetado é sempre o mesmo protagonista, o jogador de futebol».
O dirigente lembrou que o sindicato já teve a oportunidade de acionar o fundo de garantia salarial, com a ajuda da FPF, e deixou críticas a Sérgio Frias, o presidente do Fátima, que acusou de ser responsável pela situação que se vive.
«No Fátima foi constituída uma SAD, com um investidor brasileiro, com 90 por cento do capital e dez no clube. Investidor esse que não trouxe o capital proposto, abandonou e parece que a culpa morre solteira», referiu Evangelista.
O presidente do SJPF lembrou que as épocas são preparadas com a devida antecedência, que há compromissos assumidos e que não é admissível que não sejam honrados.
«É este apelo que os jogadores fazem junto da FPF. Esta posição tem que ter consequências no futebol português e alertar os demais clubes que têm situações idênticas», frisou o presidente do Sindicato, admitindo agir judicialmente.
Joaquim Evangelista lembrou que Sérgio Frias dizia em agosto que o passivo era de 200.000 euros e que atualmente estará nos 400.000.
«Não aceito que este dirigente lave as mãos e não assuma a sua responsabilidade, não é suficiente dizer que vai acabar com o futebol profissional ou com os contratos profissionais, tem que responder pelos atos pelos quais foi o responsável. Naquilo que depender tudo vamos fazer para o responsabilizar, aliás vamos equacionar avançar com ações criminais. Há aqui uma aparentemente uma burla», acusou o presidente do SJPF.
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