O Sindicato dos Jogadores (SJPF) não foi contactado pelas futebolistas que lançaram hoje o movimento ‘Futebol Sem Género’, mas está “solidário e disponível” para as apoiar nas suas reivindicações, revelou o presidente do organismo.

Contactado pela agência Lusa, Joaquim Evangelista considerou “estranho” que as jogadoras não tenham solicitado apoio ao organismo a que preside e que a questão esteja a ser colocada “nestes termos” quando ainda existe “todo um percurso a fazer” na defesa dos interesses e desenvolvimento do futebol feminino, mas disse compreender “o sentimento de injustiça das jogadoras ao serem confrontadas com esta limitação”.

“Para muitas das jogadoras, a reivindicação ainda é terem um contrato, que a maioria não tem”, disse Joaquim Evangelista, explicando que, no que diz respeito ao futebol feminino em Portugal, ainda se está "na fase de assegurar direitos fundamentais”, como um “salário, gravidez, férias, entre outros”.

O dirigente sindical sublinhou, ainda, que o que está em questão “não é um teto salarial, mas sim um limite orçamental”, que poderá ter sido pensado como “algo próximo dos tetos orçamentais que o ‘fair-play’ financeiro da UEFA utiliza para equilibrar os competidores”, embora assuma que “não deixa de condicionar a gestão orçamental” dos clubes com maior capacidade financeira.

“A nossa visão para o futebol feminino nacional é diferente desta, mas muito mais abrangente. O principal objetivo, neste momento, deveria ser nivelar as condições mínimas contratuais e definir mecanismos de solidariedade entre clubes nacionais, de forma a mitigar os desequilíbrios”, apontou o presidente do SJPF.

Desse ponto de vista, Evangelista considerou que o limite orçamental até “poderia ter a vantagem de diminuir a décalage entre os grandes e os restantes clubes” e que, no seguimento da pandemia de covid-19, será necessário “ajustar o futebol à sua realidade”.

“O SJPF tem trabalhado numa proposta de acordo coletivo de trabalho que se adeque às exigências do futebol feminino nacional, à semelhança do que recentemente foi alcançado em Espanha e que versa sobre as medidas essenciais para proteger as relações laborais das jogadoras e evitar a precariedade que compromete a própria competição”, adiantou, ainda, Joaquim Evangelista.

O estabelecimento de um teto orçamental de 550 mil euros por época integra a proposta de regulamento para a Liga feminina de 2020/21, tendo em vista o aumento da competitividade da principal competição nacional de futebol feminino e está atualmente em fase de consulta pública.

Das 329 jogadoras inscritas na Liga feminina, competição que tem o estatuto de não profissional, contam-se 259 amadoras e 70 profissionais, que alinham em cinco clubes (Benfica, Sporting, Sporting de Braga, Ouriense e Marítimo).

Fonte ligada ao futebol feminino assegurou à Lusa que a generalidade dos emblemas primodivisionários tem orçamentos anuais a rondar os 100 mil euros, tendo a FPF iniciado, em 2018/19, um programa de apoio aos clubes, num valor total de 600 mil euros, com montantes entre os 18 e os 42 mil euros cada.

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