O presidente do Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol (SJPF) revelou hoje que os atletas do Centro Desportivo de Fátima estão a ser ajudados pelo Fundo de Garantial Salarial (FGS) ou por meios do sindicato.
No final de uma reunião com o plantel da equipa - quarta classificada da série F do Campeonato Nacional de Seniores -, Joaquim Evangelista especificou que há 15 jogadores que ou não receberam qualquer verba esta época ou receberam apenas um mês. Noutros casos, já aconteceu rescisão de contrato e a respetiva saída do clube.
Hoje, ficou decidido que os jogadores cujo contrato estava registado na Federação Portuguesa de Futebol (FPF) acionem o Fundo de Garantia Salarial, enquanto, aos restantes, o SJPF "disponibilizou meios próprios e uma verba para as situações mais dramáticas".
«A situação arrasta-se há algum tempo e o que está na base dos problemas é a constituição da SAD do Fátima», sublinhou Joaquim Evangelista à Lusa, acrescentando que «o presidente acreditou num investidor brasileiro que surgiu», cedeu os direitos da sociedade, mas «a transferência do dinheiro não se realizou e isso não permitiu o pagamento de salários».
Segundo o presidente do SJPF, este caso «começa a ser reincidente no futebol português».
«Os clubes acreditam na boa vontade de investidores sem qualquer tipo de garantias. Depois são surpreendidos. Está na moda falar-se de investidores angolanos ou asiáticos e ninguém sabe quem são. Os dirigentes não podem estar à espera de resolver os problemas com dinheiro alheio e desresponsabilizarem-se dos seus atos», disse Evangelista.
O dirigente sindical reconheceu existirem «situações dramáticas» no plantel do Fátima: «O presidente disponibilizou-se para encontrar soluções, mas as vítimas são os jogadores, que não vivem cá, almoçam no restaurante indicado pelo clube e, quando falha alguma coisa, isso reflete-se logo na sua vida pessoal».
Jorge Neves, médio de 26 anos e "capitão" de equipa, revelou que o dinheiro recebido hoje foi «a primeira verba desde o início da época».
«Há jogadores que ainda não receberam um único salário desde o início da época. É grave, há quem não tenha dinheiro para comer ou para ir a casa ver os filhos», lamentou o atleta, criticando as promessas constantes da parte dos dirigentes.
«O futuro não é risonho», assumiu.
Para o presidente do SJPF, «o primeiro caso público mais visível de incumprimento salarial desta época» serve para «os dirigentes estarem mais próximos e evitaram que situações como esta se repitam».
«Quem quer abrir o clube ao capital estrangeiro tem de ter o cuidado de saber com quem está a negociar. Estamos a tentar, com a FPF, impedir que isto aconteça no futuro, com regulamentação mais eficiente. Isto pode generalizar-se até no futebol profissional e é importante que Liga e FPF estejam atentas», frisou.
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