Portugal está a tornar-se num especialista em ´bater com o nariz` nas ´portas` das finais de grandes competições. Esta quarta-feira, a seleção lusa perdeu nas meias-finais da Taça das Confederações para o Chile, no desempate por grandes penalidades. Das oito vezes em que a seleção A de Portugal esteve em semifinais, só em duas ocasiões conseguiu marcar presença no jogo decisivo.
Inglaterra antes da França
Nestas contas há uma seleção que tem sido um trauma para Portugal. Ou melhor, vinha sendo. Até que Éder colocou-a no seu lugar. A vitória de Portugal frente a França no Euro2016, em plena Paris, foi uma espécie de vingança por todas as derrotas lusas às mãos dos gauleses. Isto porque a França é responsável por metade das eliminações de Portugal em meias-finais.
Tudo começou no Mundial de 1966, no primeiro grande torneio da seleção lusa. Os ´magriços`, nome pelo qual ficou conhecida aquela seleção, que tinha Eusébio, Coluna, Simões, José Augusto ou José Torres caiu nas meias-finais diante da anfitriã Inglaterra por 2-1, com um bis do lendário Bobby Charlton. Na memória de todos ficou a época recuperação frente a Coreia do Norte: os magriços estiveram a perder por 3-0, mas viriam a vencer por 5-3, com quatro golos de Eusébio.
Tripla maldição francesa
Seguiram-se depois uma tripla maldição frente a França, que começou o Euro de 84, organizado pelos gauleses. Nas semifinais, a seleção de Chalana, Sousa, Jordão, Bento, Fernando Gomes, entre outros, lutou de igual para igual com a França: esteve a perdeu, deu a volta e esteve a ganhar no prolongamento antes de Platini e Domergue vergar os lusos por 3-2.
Portugal viria a esperar por mais 16 anos antes de voltar a ´bater com o nariz na porta` de uma final. Desta vez foi uma mão ´marota` de Abel Xavier na área que não passou despercebida ao árbitro. Coube a Zidane sentenciar o jogo, em mais uma derrota portuguesa ante a França.
Estávamos no Euro2000, e Portugal tinha jogadores como Rui Costa, Figo, Fernando Couto, Vítor Baía, João Vieira Pinto, Nuno Gomes, entre outros. Nuno Gomes tinha dado vantagem aos lusos, Thierry Henry empatou antes de Zidane sentenciar o jogo, de grande penalidade. A França voltava a ser mais forte, numa seleção poderosa, que contava com estrelas como Anelka, Barthez, Thuram, Blanc, Deschamps, Patrick Vieira, David Trezeguet, Pires.
Seis anos depois, novo duelo com os gauleses, nova derrota. E outra vez, de grande penalidade, saída dos pés do mago Zidane, nas meias-finais do Mundial2006. Cristiano Ronaldo, Figo, Deco, Ricardo Carvalho não conseguiram ultrapassar Zidane, Ribéry, Henry, Makélélé, Patrick Vieira e companhia.
Depois da França, a Espanha
Em 2012 já não era a França, mas sim a vizinha Espanha, então campeã do Mundo e da Europa, quem roubaria mais um momento de glória a Portugal. Nas ´meias` do Mundial2012, ´nuestros hermanos` venceram no desempate por grandes penalidades por 4-2, depois de Bruno Alves e João Moutinho falharem da marca dos nove metros. Nos 120 minutos registou-se um empate a zero bolas.
Euro2004 de má memória
Antes de nova eliminação em meias-finais, frente o Chile, Portugal interrompeu a malapata de derrotas em meias-finais e esteve em duas finais, perdendo uma. No Euro2004, organizado em casa, Ronaldo abriu caminho à vitória sobre a Holanda no Dragão, selada com um golaço de Maniche, depois de um autogolo de Jorge Andrade. A equipa de Scolari estava na final, mas na Luz, a Grécia haveria de deixar dez milhões em depressão, numa final onde faltou frieza aos lusos.
Éder para a eternidade numa vingança especial
Portugal ganhou-lhe o gosto e, 12 anos depois da desilusão que foi o Euro2004, voltou a estar numa meia-final e com sucesso. A vitória por 2-0 frente ao País de Gales foi a mais folgada da equipa comandada por Fernando Santos, depois de três empates na fase de grupos, e duas vitórias sofridas frente a Croácia (prolongamento) e Polónia (grandes penalidades). Na final, Éder vingou-se de todas as derrotas às mãos dos franceses e deu o primeiro título a Seleção A de Portugal em grandes competições.
Esta quarta-feira, frente ao Chile, faltou competência nos penáltis.
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