O treinador Rui Águas apontou, esta terça-feira, “como um enorme desafio” treinar a seleção nacional de futebol de Cabo Verde, pelas dificuldades em constituir uma equipa devido à escassez de jogadores, a maioria a jogarem fora do país.

"Em Cabo Verde há uma luta desigual, que é cabo-verdianos ou descendentes que têm a dúvida entre representar Cabo Verde ou Portugal, que é uma gigante da Europa", disse o técnico ao intervir no Fórum de treinadores que decorre em Portimão, no Algarve.

Segundo o treinador, além da escassez de jogadores, num país com meio milhão de habitantes, “há relva artificial em todo o lado e são grandes as dificuldades económicas no futebol, nomeadamente a falta de uma liga profissional”.

“As estruturas não têm as melhores condições, mas são as que existem e às quais temos de nos adaptar”, indicou o treinador, acrescentando que, “de um grupo de 25 jogadores, 23 jogam fora do país, tendo apenas dois dias para os enquadrar e para dar alguma qualidade à equipa nacional”.

Rui Águas acrescentou que a questão desportiva tem muito peso e uma grande importância afetiva em Cabo Verde, país onde o futebol assume extrema relevância e em que as competições portuguesas são seguidas com grande entusiasmo.

“O campeonato e a seleção de Portugal são muito seguidos em solo cabo-verdiano, com muitos naturais ou descendentes de Cabo Verde a alimentarem a esperança de vestir um dia a camisola da equipa portuguesa”, destacou.

Rui Águas disse ainda que as capacidades financeiras estão na base de muitas dificuldades, uma das quais o constrangimento de competir apenas em uma das duas competições africanas: “Há a CAN [Taça das Nações Africanas] e o CHAN [Campeonato das Nações Africanas], que é só para jogadores residentes no país, mas financeiramente não conseguimos competir nas duas”.

Segundo o selecionador de futebol de Cabo Verde, o seu trabalho resume-se a cerca de dez dias do estágio, “trabalho que é centrado na melhoria da qualidade da equipa, com incidência na linha defensiva e nas bolas paradas”.

O antigo internacional português lamentou a falta de oportunidades de trabalho em Portugal, situação que o levou a abandonar o país, com passagens por Egito, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e, por fim, Cabo Verde.

“É preciso que todos ligados ao futebol reflitam para esta situação, porque os treinadores portugueses são dos melhores e são reconhecidos mundialmente”, concluiu. Neste momento, entre os 36 clubes das duas ligas profissionais, o holandês Marcel Keizer, do Sporting, é o único treinador estrangeiro.

Sobre o dérbi de quarta-feira entre Benfica e Sporting, segunda mão das meias-finais da Taça de Portugal, o antigo jogador do FC Porto e do Benfica referiu que, "embora o Benfica possa estar melhor, as hipóteses são de 50% para cada lado".

Rui Águas participou juntamente com Henrique Calisto, no painel ‘Treino em seleções nacionais’ do fórum de treinadores que decorreu durante dois dias em Portimão, e que juntou cerca de 600 profissionais ligados ao futebol e ao futsal.

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