O St. Pauli tornou-se no primeiro clube de futebol a deixar a rede social X, antigo Twitter, algo que já tinha sido feito por alguns jornais como o britânico 'The Guardian'. O clube fez o anúncio  da saída em publicações nas suas plataformas digitais, com uma imagem onde um punho está a esmagar uma suástica.

O clube alemão, onde joga o português Diogo Leite, tomou a decisão por entender que Elon Musk, dono do X, transformou a plataforma "numa máquina de ódio."

"Desde a compra do Twitter, nome pelo qual a plataforma era conhecida, que Elon Musk converteu o X numa máquina de ódio. É permitido que racismo e teorias da conspiração sejam disseminados sem verificação ou controlo. Insultos e ameaças raramente são sancionados e são vendidos como liberdade de expressão. É de presumir que o X também vai promover conteúdos autoritários, misantropos e de extrema-direita durante a próxima campanha eleitoral alemã, manipulando assim a opinião pública", justificou o St. Pauli, atual, 16.º colocado da Bundesliga.

De recordar que o dono do X, Elon Musk, intrometeu-se nas recentes eleições presidenciais norte-americanas, ao apoiar Donald Trump, que viria a vencer, contra Kamala Harris. O bilionário sul-africano ajudou o candidato eleito, ao sortear um milhão de dólares por dia, a quem se registasse para votar. Durante a campanha, Elon Musk apareceu muitas vezes ao lado de Donald Trump nos comícios. O empresário deverá juntar-se ao Governo dos EUA que vai tomar posse em janeiro, no novo Departamento de Eficiência Governamental, liderado pelo também empresário Vivek Ramaswamy.

Esta decisão do St. Pauli vai de encontro à natureza do clube, muito vocacionada para causas sociais. Nos últimos tempos, o emblema alemão usava a rede social X para comunicados de teor político, de apoio à diversidade e inclusão. O emblema alemão, que estava na rede social X desde 2013, tinha 250 mil seguidores na conta em alemão e mais de 40 mil na conta em inglês.

Ainda esta quinta-feira, o jornal espanhol 'La Vanguardia' anunciou que deixará de publicar notícias diretamente na rede social X, alegando que se tornou uma “rede de desinformação” desde a chegada do bilionário Elon Musk. Para o 'La Vanguardia', a rede X está “convertida numa caixa de ressonância de teorias da conspiração e desinformação”.

Segundo o jornal, esta decisão é “necessária” e para ela contribuíram a recente campanha eleitoral nos Estados Unidos ou as “mentiras” que se espalharam em relação à tempestade Dana que assolou Valência.

O jornal considera que ideias que violam os direitos humanos, como o ódio às minorias étnicas, a misoginia e o racismo, fazem parte do conteúdo viral que é distribuído no X, onde adquirem viralidade e captam mais tempo dos utilizadores para ganharem dinheiro com publicidade.

O meio de comunicação espanhol informou que deixa de usar o X ativamente, salvaguardando que os seus jornalistas são livres para continuar a usar a plataforma dentro das regras de contenção.

O 'La Vanguardia' segue assim os passos do britânico 'The Guardian' que, na quarta-feira, informou os leitores da sua decisão de não publicar notícias no X, antigo Twitter.

*Com Lusa