O futebolista do Bayern Munique Joshua Kimmich assumiu hoje que “quase tudo mudou” no regresso à competição sem adeptos, considerando que essa imposição da COVID-19 retirou “adrenalina”, mas melhorou a qualidade na “comunicação”.
“Normalmente, temos mais adrenalina e mais tensão dentro do corpo quando jogamos com 80.000 nas bancadas. Quase tudo mudou”, admitiu, comentando o ritmo e rotinas nos treinos e jogos.
O silêncio que agora impera lembra-lhe as partidas das camadas jovens, com menos emoção e responsabilidade do que atuar agora ao mais alto nível.
“Normalmente, quando há adeptos, temos de estar focados por causa disso, pois sabemos que quando cometemos um erro toda a gente vai dizer ‘whoa’. Sentimos mais os erros. Do mesmo modo, também vibramos mais se marcamos um golo. É mais emotivo quando temos os nossos fãs”, admitiu.
As dinâmicas no relvado são igualmente distintas, pois os atletas devem “esforçar-se mais, motivar os colegas e estar mais focados e mais concentrados” do que nunca.
Do lado das melhorias, a comunicação com os ‘juízes’ da partida – “sinto que sou menos emocional quando falo com o árbitro” -, recordando o futebolista que ao serem obrigados a falar “mais alto”, devido ao ambiente, quando há público, isso também influencia o relacionamento e o diálogo entre ambos.
“Agora podemos ficar mais silenciosos e calmos e falar de modo normal com o árbitro sem gritar e sem ele nos responder da mesma forma”, ilustrou.
O trabalho da arbitragem e a qualidade das partidas podem melhorar pelo facto de os protagonistas não se “deitarem ao chão a gritar” com a mesma frequência, considerando que agora os atletas estão “mais focados no jogo”.
Neste regresso, Kimmich pode ter sido decisivo na resolução do título, pois foi o autor do único golo do triunfo do Bayern na visita ao Borussia Dortmund, que aspirava ficar só a um ponto e terminou o encontro sete, após derrota caseira por 1-0.
O médio assume que o seu opositor foi prejudicado por não ter adeptos nas bancadas: “É uma mais uma desvantagem para a equipa da casa do que para nós, especialmente contra o Dortmund, em que há sempre uma grande atmosfera”.
Sem adeptos, a percentagem de vitórias das equipas da casa baixou quase para metade, de 40% antes do coronavírus para somente 22%, sendo disso exemplo o Colónia e o Union Berlim, com reconhecido apoio especial em casa, e que ainda não venceram qualquer dos quatro desafios disputados desde que a competição regressou em 16 de maio.
Kimmich espera ser campeão e, na impossibilidade de poder celebrar em aproximação com os torcedores, promete que todos os amantes do clube vão “beber toda a cerveja” nos festejos.
Os campeonatos de futebol de França, Escócia, Bélgica e dos Países Baixos foram cancelados, enquanto outros países preparam o regresso à competição, com fortes restrições, como sucede em Inglaterra, Itália e Espanha: Portugal voltou à competição quarta-feira e a Liga alemã regressou em 16 de maio.
Na Alemanha já morreram 8.581 pessoas com a covid-19, havendo ainda um total de 182.764 infetados.
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de COVID-19 já provocou mais de 385 mil mortos e infetou mais de 6,5 milhões de pessoas em 196 países e territórios.
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