Um grupo de padarias de portugueses e luso-descendentes tornou-se patrocinador da Portuguesa de Desportos, clube de São Paulo que vive uma crise financeira e joga a terceira divisão do Campeonato Brasileiro.
Na chamada série C do ‘Brasileirão’, sem visibilidade e sem encaixe monetário de televisões ou da Confederação Brasileira de Futebol, o clube recorreu às suas origens, com o sindicato da panificação e confeitaria de São Paulo, que possui cerca de seis mil estabelecimentos associados, entre os quais 65% nas mãos de portugueses ou luso-descendentes.
"O meu pai e o de milhares de descendentes construíram o clube, que tem 95 anos e pela primeira vez está na série C. Temos de ter a humildade de recomeçar. É como se cada padaria estivesse adotando um atleta", afirmou à Lusa o coordenador de Marketing do clube, Carlos Ferreira.
Na prática, cada panificadora patrocina a camisola de um jogador, que entra em campo com o nome do estabelecimento na parte da frente e com o slogan comum "Pão é na padaria!". A estratégia começou no sábado e deve prolongar-se pelas próximas oito partidas que a Portuguesa tem no campeonato.
"A nossa questão é a proximidade com o time [equipa], porque retorno financeiro quase não vai ter nenhum. A maioria [dos donos de padaria] torce pela Portuguesa e tem muita tristeza em ver o que aconteceu", afirmou à Lusa o português Antero José Pereira, presidente do sindicato do setor, dono de padaria e patrocinador da equipa.
Pereira afirmou que cada um dos 13 patrocinadores se comprometeu a pagar 1.500 reais (394,2 euros) por jogo. Aquela padaria que ficar na camisa de um futebolista suplente, na partida seguinte terá o direito de estampar o equipamento de um titular, para não haver injustiça. Já o guarda-redes joga cada parte com o nome de um patrocinador diferente.
A iniciativa de colocar nomes de patrocinadores diferentes nas camisolas não tinha precedentes conhecidos, e a Portuguesa de Desportos pediu autorização da Confederação Brasileira de Futebol e da Federação Paulista, que foi concedida.
A iniciativa tende a crescer. O coordenador de marketing Carlos Ferreira afirmou que outras padarias demonstraram interesse em patrocinar a equipa, e o número de estabelecimentos interessados pode subir até 40. Nesse caso, disse, os nomes seriam inscritos não só a frente das camisas, mas também as costas.
Outros tipos de estabelecimentos comerciais em que a presença portuguesa é importante, como os bares, hotéis e restaurantes, também demonstraram interesse em participar do projeto, e a possibilidade está a ser discutida entre o clube e um sindicato do setor.
O dono de padaria e presidente de sindicato Antero José Pereira disse esperar que "o espírito guerreiro do português" possa ajudar. "Já fomos vice-campeões brasileiros, tivemos grandes jogadores. Não nos conformamos com a atual situação e esperamos sensibilizar outros setores para sair dela", disse.
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