Fábio Júnior não consegue que a sua memória apague a tragédia de Port Said, no Egito, quando 74 pessoas morreram e 250 ficaram feridas, na sequência de uma invasão de campo, no primeiro dia de fevereiro de 2012 após um jogo entre o Al-Masry e o Al-Ahly. Na altura, Manuel José, antigo treinador do Benfica, orientava o Al-Ahly, foi alvo dos 'ultras', tendo levado socos e pontapés.

Na altura dos acontecimentos, há precisamente sete anos, Fábio Júnior era avançado do Al-Ahly, clube que o contratou a Naval 1.º de Maio, por 600 mil euros, em 2010. No emblema da Figueira da Foz, contava com nove golos em 42 jogos.

Os confrontos começaram mal o árbitro deu por terminado o jogo em que o Al-Masry impôs a primeira derrota da temporada ao Al-Ahly (3-1), na 17.ª jornada do campeonato egípcio, com os adeptos do Al Masry (de Port Said) a atirarem pedras, tochas e garrafas para os do clube adversário, o Al-Ahly, do Cairo, à época treinado por Manuel José, tendo inclusive ferido alguns jogadores.

O delegado de saúde de Port Said, Helmy Ali al Atny, explicou na altura que a maioria das mortes resultou de fraturas no rosto e hemorragias internas, mas que também houve um grande número de feridos devido à queda de grades de proteção do estádio de Port-Said.

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Os jogadores do Al-Ahly tiveram de fugir para o balneário, depois de serem perseguidos pelos adeptos do Al-Masry, que, segundo Manuel José, provocaram pequenas invasões de campo a cada golo da equipa local. Durante seis horas, estiveram fechados no balneário, sem saber se sairiam vivos ou mortos. A chegada do Exército colocou um ponto final naquele dia de terror. Uma tragédia que aconteceu, um ano depois das convulsões no Egipto, depois da queda de Hosni Mubarak, na altura, presidente do país.

"Lembro-me de coisas até hoje. Até sonho com aquela tragédia. Foram imagens muito marcantes. A violência, a revolução, foi tudo muito marcante para mim. Quando estou deitado, recordo-me daquilo tudo. Era um cenário de guerra", contou o jogador ao 'Globoesporte'.

Imagens chocantes do balneário do Al-Ahly

Nesse dia, Fábio Júnior tomou uma decisão: o futebol, para ele, tinha acabado. Parou. Foram sete anos longe dos relvados, até decidir, aos 37 anos, abandonar a sua vida pacata em Nossa Senhora Glória, no interior de Sergipe. Em conversa com o 'Globoesporte', confidenciou que na próxima época vai disputar o Campeonato Paraibano, vestindo as cores do Campinense. O Campinense, além do Campeonato Paraibano (foi vice-campeão em 2019, vai disputar a Série D do Campeonato Brasileiro e a Taça do Brasil.

"Precisava de passar um tempo com a família. Já tinha viajado muito. Depois do acontecimento no Egito, fiquei traumatizado. Mas sempre tive o intuito de voltar para o Campinense. Sempre me acolheu. Saí do Campinense para vários clubes. É uma equipa que admiro muito. Estou a voltar e - quem sabe? - encerrar depois a carreira", disse o avançado ao 'Globoesporte'.

A vida de Fábio Júnior no futebol foi feito de altos e baixos. No Brasil, jogou no Flamengo, Vasco da Gama, Internacional, Ceará e Sport Recife. Em Espanha, brilhou no Lorca, na Segunda Divisão B, antes de mudar-se para o Real Madrid em 2003, onde não ficou devido a ganância do empresário, recorda.

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