André Villas-Boas marcou presença no salão nobre da Junta de Freguesia de Santa Maria da Feira, numa sessão de esclarecimentos aos sócios do FC Porto. O candidato à presidência do FC Porto falou da formação do clube e dos seus planos para aproveitar melhor o talento formado no Olival.
Aposta na formação: "Não é para ter medo de chamar precocemente os melhores talentos que produzimos. Estamos nas meias-finais da Youth League, há uma geração a ser formada que pode dar muito ao FC Porto no futuro. Não somos campeões de juniores há cinco anos. É preciso alimentar a equipa com jogadores da formação. Aliado a isto há direção de scouting, obrigada a escolher o melhor talento para o FC Porto. O momento de pouca saúde financeira,... escolher bem e os melhores é fundamental. Acresce outra problemática: os grandes clubes europeus fecham-se em cadeias de clubes. O grupo City tem 8 ou 10 clubes pelo mundo, há a Red Bull, o grupo do PSG... É preciso que as nossas redes de observadores funcionem em antecipação a estes grandes europeus, detetem talento pelo mundo inteiro. E há o crescimento de outras ligas, como a brasileira, que retém o talento de melhor forma e o futebol português não consegue ir buscar jogadores como antes. Essa parte tem de estar entregue a pessoas com experiência."
Atual geração de subn-19: "Os heróis da Youth League deste ano chegam ao sintético e, por vezes, estão lá cabras... Isso torna ainda mais heróico o que estão a fazer [FC Porto está na meia-final da Champions jovem]. O candidato Pinto da Costa falava na injeção de milhões que vai ter para proteger a equipa principal, mas acabou de vender 30% da Porto Comercial a um fundo americano. Quem diz que os outros pensam em vender o clube foi o primeiro a fazê-lo por injeção de capital."
Importante apostar na formação: "Há formas de chamá-los precocemente. Não há que ter medo de arriscar na emancipação precoce. É um risco que tem de passar a ser aceite, até por ser caminho para a sustentabilidade. A FIFA tentou regular o mercado de agentes, mas falhou redondamente, porque queria estabelecer máximos de comissionamento e intermediação, o que torna os clubes pobres e tanta gente rica. Os agentes são parte presente em todos os desportos, mas tem de o fazer de forma inteligente, tendo atenção a certas regalias que dá."
Academia do FC Porto no Olival: "É um tema quente entre as duas candidaturas, porque temos opiniões diferentes. O que fizemos? Como há anos de atraso para recuperar, parece-nos lógico que a criação de uma academia seja o mais rápido possível, não só em controlo de custo, mas também pela situação financeira atual. O primeiro critério foi a proximidade ao Olival. Quem já esteve lá, conhecerá certamente o sr. Barbosa, a primeira chamada que pessoas fizeram para perceber os terrenos que havia à volta, dos quais nos foram indicado dois. Pareceu-nos lógico, em termos de unidade, unir a formação ao profissional. Chegámos a acordo com o proprietário, há contrato-promessa de compra e venda que passará para nome do FC Porto caso esta candidatura seja eleita.
Unificar tudo no mesmo espaço: "O Olival tem mais 29 anos de aluguer. Há três campos seguidos, um sintético e o mini-estádio. Quando a equipa principal treina, é raro que o sintético seja utilizado. A equipa B está no mini-estádio. Em termos de ocupação de espaços, a equipa principal ocupa um campo e os outros não têm de se preocupar. O que nos pareceu mais fácil, tendo em conta o futuro, é montar um centro de alto rendimento ao lado, para que a formação se desloque para o Olival e usufrua de todos os campos. Há uma taxa de ocupação muito maior se a formação for para o Olival atual. Criando o centro de alto rendimento, com hotel centro de estágio para a equipa principal, mini-estádio para equipa B e sub-19 e ainda mais dois campos paralelos a esses a utilizar. Pensávamos unificar as modalidades num pavilhão neste mesmo espaço, a nossa ideia é mover também as equipas profissionais das modalidades para aí. É o nosso projeto. O que me parece que não faz sentido é dividir o FC Porto em três pólos: o Olival, o Dragão e a Maia. Neste caso, ficávamos em dois polos, a operação logística é mais simples, equipa principal e formação devem estar sempre próximas. Este é o nosso conceito e por isso fechámos o contrato promessa compra e venda."
Pinto da Costa aposta na Maia: "Na Maia, o FC Porto está a tentar montar um projeto com 10 campos, para onde mudará toda a Academia e terá estrutura de apoio. Está sujeito a construção de pontos de acesso aos campos e o tempo de obra, que se avizinha cada vez mais longo, tendo em conta dois pareceres onde há descoberta de achados arqueológicos. O sonho do presidente era entregar a academia. Foi o sonho e quer entregar antes do fim do mandato, que pode acabar dentro de mês e meio. Parece-me um desrespeito tomar decisões assim, para com os sócios. Isto tornou-se batalha verbal e campal. A nossa escolha é em Gaia, é o que faz sentido em termos de unidade, custo e rapidez."
Pedido de esclarecimentos: "Poderemos ser confrontados com problemas contratuais assinados pela atual Direção. Olhamos com inquietude para tudo isto. Daí termos pedido ontem esclarecimentos à SAD enquanto candidatura em relação a estas decisões. Entramos num mundo novo com esta candidatura, que é a conversa com os sócios. Nunca nos demos a saber o porquê das coisas. Se se tornou moda a transparência e boa governança, então que a demonstrem. A SAD preferiu transformar a nossa análise ao relatório e contas num ataque de imagem pública à vitória por 5-0. Atuámos agora de forma mais oficial, enquanto eu candidato e detentor das minhas ações. Hei de ficar à espera das respostas. Pode ser que a minha intenção se traduza em explicações aos sócios, porque há muitas coisas incompreensíveis."
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