Jorge Valdano comoveu-se em direto, num canal de televisão, ao recordar os momentos passados com Diego Armando Maradona, seu companheiro na seleção argentina que venceu o Mundial86 e que morreu hoje, aos 60 anos.
"Fui surpreendido pela notícia e senti uma dor imensa, pelo jogador e pelo homem", começou por dizer Valdano, ao canal espanhol Movistar, ao serviço do qual ia comentar o jogo Atlético de Madrid-Lokomotiv de Moscovo, da Liga dos Campeões.
Instado pela jornalista a recordar alguns "momentos inesquecíveis" que partilhou com Maradona, Jorge Valdano, de 65 anos, manteve inicialmente a tranquilidade, mas rapidamente se desfez em lágrimas.
"Muitas das recordações que me passaram pela cabeça fizeram-me sorrir?", expressou o ex-futebolista e ex-treinador, antes de se interromper, de forma comovente.
Num artigo escrito para o jornal La Nacion, da Argentina, o mesmo Valdano considera que "se o futebol é universal, Maradona também o é, porque Maradona e futebol são sinónimos".
"Ao mesmo tempo, ele era, de forma inequívoca, argentino, o que explica o poder sentimental que sempre teve no nosso país e que o tornou impune. Um homem que, através da sua condição de génio, deixou de ter limites desde a adolescência e que, pelas suas origens, cresceu orgulhoso da sua classe", escreveu Valdano.
O antigo treinador de Valência e Real Madrid salientou que "com Maradona, os pobres ganharam aos ricos", numa referência à seleção argentina, mas também ao Nápoles, que conquistou os dois únicos títulos de campeão durante a vigência de 'El Pibe' no sul de Itália, em 1987 e 1990, intrometendo-se no domínio dos clubes do norte (Juventus, Inter ou AC Milan).
"O apoio incondicional que tinha das gentes de baixo era proporcional à desconfiança que sentiam os que estavam lá em cima. Os ricos detestam perder. No entanto, até os seus [de Maradona] piores inimigos tiveram de 'tirar o chapéu' perante o seu imenso talento futebolístico. Já tinham remédio", refere.
Maradona, considerado um dos melhores futebolistas da história, morreu hoje na sua residência, na Argentina, aos 60 anos, anunciou o seu advogado e amigo Matías Morla.
Segundo a imprensa argentina, Maradona, que treinava os argentinos do Gimnasia de La Plata, sofreu uma paragem cardíaca na sua vivenda na província de Buenos Aires.
A sua carreira de futebolista, de 1976 a 2001, ficou marcada pela conquista, pela Argentina, do Mundial de 1986, no México, e os dois títulos italianos e a Taça UEFA ganhos ao serviço dos italianos do Nápoles.
O presidente da Argentina, Alberto Fernández, decretou três dias de luto nacional pela morte de Maradona.
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