O Sporting Clube de Espinho fez uma queixa-crime contra o chefe de gabinete da presidência da Câmara de Espinho, revelou hoje a instituição desportiva, na sequência de declarações “dúbias” desse responsável sobre a construção do estádio municipal.
“Na sequência dos acontecimentos da semana passada, o SC Espinho apresentou segunda-feira uma participação contra o chefe do Gabinete de Apoio à Presidência da Câmara Municipal de Espinho, Nuno Cardoso, junto do Departamento de Investigação e Ação Penal do Porto”, informou hoje a direção do referido clube do distrito de Aveiro.
A justificação para a denúncia é a de que “as propostas sugeridas ao clube por Nuno Cardoso, em reunião informal, apresentam contornos dúbios e merecem ser investigadas e analisadas, podendo configurar ilícito criminal”.
Em causa está a polémica que surgiu a semana passada quando o presidente do SC Espinho, Bernardo Gomes de Almeida, interveio na Assembleia Municipal para pedir esclarecimentos sobre a interrupção nas obras do estádio que está a ser construído pela Câmara e que, mediante um acordo de cedência de instalações, funcionaria também como sede do clube.
Nessa sessão, Bernardo Gomes de Almeida pediu esclarecimentos aos eleitos locais sobre “informações contraditórias” emitidas, por um lado, por Maria Manuel Cruz – que é a atual presidente da Câmara após a detenção do seu antecessor devido a suspeitas de corrupção em negócios imobiliários – e, por outro, pelo seu chefe de gabinete, Nuno Cardoso. Segundo o dirigente desportivo, a presidente da Câmara terá dado a entender, numa reunião formal, que o acordo de cedência ao clube se manteria após uma auditoria à empreitada do estádio e resolução de eventuais problemas; já o chefe de gabinete, por sua vez, terá avançado informalmente com a “proposta disparatada” de que “a Câmara entregaria a obra ao clube no estado atual e seria esse a ter de resolver o problema da construção do estádio”.
Segundo contou Bernardo Gomes Almeida aos eleitos da Assembleia Municipal e depois aos sócios do clube, Nuno Cardoso “sugeriu até um sócio para essa empreitada, ligado a uma empresa de construção”.
Questionado então pela Lusa, o chefe de gabinete da Câmara Municipal de Espinho não quis comentar as acusações do presidente do clube local, mas hoje, face à queixa no Ministério Público, respondeu ao pedido de reação com uma resposta que classificou como “exclusivamente pessoal, não vinculando, de qualquer forma, a autarquia”.
Nesse sentido, declarou: “Apesar do absurdo jurídico de uma queixa-crime, que só faz sentido como manobra de propaganda mediática e de desresponsabilização, confio que será efetivamente nas instâncias próprias e adequadas que a verdade será apurada, e tomarei as devidas diligências para que assim seja, repondo a verdade dos factos e contribuindo para a desintoxicação e clarificação do debate público”.
Distinguindo entre a instituição SC Espinho e o presidente do clube, cujas declarações repudia “inequívoca e veementemente”, Nuno Cardoso lamenta ainda que o debate público local continue “a ser instrumentalizado e desqualificado em nome de motivações que não se deveriam sobrepor aos interesses de Espinho e dos Espinhenses”.
Entretanto, e como anunciado a semana passada, a Câmara Municipal de Espinho mantém a intenção de realizar “uma auditoria técnica e financeira à construção do Estádio Municipal, com o objetivo de avaliar os procedimentos contratuais e o projeto da empreitada, analisar sobrecustos em relação ao valor adjudicado e projetar o valor necessário para a conclusão da obra”.
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