O jornal francês 'Le Monde' adianta que o 'hacker' Rui Pinto pode ficar um ano na prisão a aguardar julgamento. De acordo com a mesma fonte, o pirata informático viu a prisão preventiva ser prolongada por mais três meses
Detido em Portugal desde 22 de março, após a extradição autorizada pela Hungria, onde residia, o denunciante do "FootballLeaks" pode ficar na cadeia durante um ano a aguardar julgamento, uma vez que, de acordo com o mesmo jornal, a justiça portuguesa considera que este se trata de um caso complexo.
Contactado pelo ‘Le Monde’, Francisco Teixeira da Mota, advogado do hacker, diz não haver "motivos legais para manter Rui Pinto na prisão", ele que ainda não foi ouvido pelos tribunais portugueses desde a sua primeira audiência em março.
Em prisão preventiva desde 22 de março, Rui Pinto, de 30 anos, foi detido na Hungria e entregue às autoridades portuguesas, com base num mandado de detenção europeu, estando indiciado pela prática de quatro crimes: acesso ilegítimo, violação de segredo, ofensa à pessoa coletiva e extorsão na forma tentada.
Na base da emissão do mandado de detenção europeu estão acessos ilegais aos sistemas informáticos do Sporting e do fundo de investimento Doyen Sports e posterior divulgação de documentos confidenciais, como contratos de futebolistas do clube lisboeta e do então treinador Jorge Jesus, além de outros contratos celebrados entre a Doyen e vários clubes de futebol.
O colaborador do Football Leaks terá entrado, em setembro de 2015, no sistema informático da Doyen Sports, com sede em Malta, e é também suspeito de aceder ao endereço de correio eletrónico de membros do Conselho de Administração e do departamento jurídico do Sporting e, consequentemente, ao sistema informático da SAD 'leonina'.
O crime de tentativa de extorsão diz respeito ao episódio em que Rui Pinto tentou, alegadamente, extorquir entre 500 mil e um milhão de euros à Doyen, com a intermediação do seu advogado à data, Aníbal Pinto, que já foi constituído arguido neste processo.
No período em que esteve detido na Hungria, Rui Pinto assumiu ser uma das fontes do Football Leaks, plataforma digital que tem denunciado casos de corrupção e fraude fiscal no universo do futebol, no âmbito dos quais estava a colaborar com autoridades de outros países, nomeadamente, França e Bélgica.
O Sporting, a Doyen e o Benfica constituíram-se assistentes no processo, o que lhes permite intervir no inquérito e na fase de instrução, apresentar provas e requerer diligências que considerem necessárias.
No dia em que Rui Pinto ficou em prisão preventiva (22 de março), fonte do Benfica disse à Lusa que requereu junto do Ministério Público informação sobre a prova produzida na investigação. Rui Pinto é suspeito de ser o autor do furto dos emails do clube da Luz, em 2017.
As autoridades russas enviaram uma carta rogatória à justiça portuguesa para obter informações sobre o ‘pirata’ informático, confirmou, em abril, a Procuradoria Geral da República, em resposta à Lusa.
Ao contrário das autoridades belgas, francesas ou holandesas que desejam colaborar com Rui Pinto para avançar as suas investigações, particularmente em casos de evasão fiscal, as autoridades russas acusam-no de várias infrações, de acordo com a comunicação social portuguesa.
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