O ex-árbitro Pedro Henriques considera que as leis regidas pelo International Board (IFAB) vão ser reforçadas em campo na temporada futebolística 2023/24, para “chamar à atenção” os intervenientes, nomeadamente os guarda-redes, porque os juízes não cumpriram.

O antigo ‘juiz’ português, de 57 anos, referiu, em declarações à agência Lusa, que vão ser dadas “recomendações no sentido de reforçar aquilo que já existia, chamando um bocadinho mais à atenção”.

Uma das indicações para a nova temporada é que os guarda-redes deixarão de pode distrair os atacantes no momento da marcação de uma grande penalidade, situação que ficou, sobretudo, evidenciada durante o Mundial2022, através do guardião argentino Emiliano Martínez.

“Mesmo essa questão dos guarda-redes, já tem vindo a sofrer algumas alterações. Nos pontapés de penálti, já não se pode tocar nos postes, na barra, já não podem abanar as redes e, cada vez mais, com a altura que têm, o que fazem é tentar distrair os jogadores que vão executar os pontapés de penálti. Estas alterações têm vindo a ser feitas”, relembrou.

Para Pedro Henriques, “o penálti é para penalizar quem defende, pelo que as alterações são feitas para beneficiar e dar melhores condições a quem marca".

“Aqueles ‘mind games’ antes do penálti, histórias de apostas que fazem, tudo isso vem reforçar essa ideia. O guarda-redes, após o árbitro assinalar a falta, não pode contactar ou distrair o batedor que se prepara para colocar a bola. Mais do que avisar ou informar, a ideia é penalizá-lo”, indicou.

Ainda assim, acredita que para a nova temporada, que hoje arranca oficialmente, “haverá uma fase transitória”, com os árbitros a procurarem falar com os guarda-redes”, sem penalizá-los de imediato.

“Uma coisa é aquilo que vem nas leis, outra são as recomendações dadas aos árbitros no início de cada época, de levar com muito rigor. Há este reforço, esta atenção para que levem a sério todas estas situações, numa perspetiva de proatividade. Mas isto já estava, o que fizeram foi reforçar, porque os árbitros não estavam a cumprir”, explicou.

Sobre o tempo perdido pelas equipas na hora de celebrar os golos, o ex-árbritro recordou os muitos minutos de descontos dados no último Campeonato do Mundo, disputado no Qatar, no final de 2022, para perspetivar o que vai acontecer futuramente na modalidade.

“Nós tivemos no Mundial do Qatar esta questão com o assistente do VAR a contabilizar tudo o que era assistências e formas de perder tempo. Vimos alguns jogos com 10, 11 minutos de descontos, etc. Isto vai caminhar para o tempo útil, tipo futsal, cronometrado”, apontou à Lusa.

Nesse sentido, existirão “descontos maiores”, naquele que será “um reforço para as ditas perdas de tempo”, segundo Pedro Henriques, que não vê o tempo perdido nas comemorações de golos a melhor forma de atacar o tempo útil.

“Dentro das perdas de tempo, acho que, de todas, é aquela que não se deve mexer, porque o futebol tem uma finalidade última, que é marcar golo. É natural que haja euforia e alegria, há outras formas de atacar o tempo útil”, concluiu.