O médico do antigo futebolista argentino Diego Maradona, Leopoldo Duque, defendeu-se hoje de acusações de negligência na morte do ‘astro’, dizendo que o “amava”, que está “à disposição da justiça” e que não tem “nada a esconder”.

“Querem saber por que sou responsável? Por amá-lo, tomar conta dele, prolongar a sua vida, pô-lo melhor [de saúde] até ao fim. (...) Sou a pessoa que tomou conta dele desde a operação. Tenho orgulho de tudo o que fiz, não tenho nada a esconder e estou ao dispor da justiça”, declarou, entre lágrimas, o médico.

Segundo fontes judiciais confirmaram à agência noticiosa EFE, a casa e o consultório do neurocirurgião foram alvo de buscas, no âmbito de uma investigação à morte, confirmada na quarta-feira.

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Serviram para que fosse recolhido material de prova relevante para o caso, como o historial médico de Maradona, adiantaram as mesmas fontes.

Luque foi informado dos seus direitos, apesar de “não estar formalmente acusado”, algo que poderá vir a acontecer, podendo ainda vir a ser notificado para prestar declarações.

As buscas foram ordenadas após declarações prestadas no sábado por familiares diretos de ‘El Pibe’, que, no início deste mês, deu entrada num hospital de Buenos Aires, anémico, desidratado e deprimido, e acabou por ser operado, com sucesso, a um hematoma subdural, que tinha sido detetado durante um exame de rotina.

Desde que recebeu alta do hospital, em 11 de novembro, Maradona esteve a residir na sua vivenda em Tigre, na província de Buenos Aires, onde acabou por morrer na quarta-feira, após sofrer uma paragem cardíaca.

Segundo Luque, de 39 anos, Maradona era “um amigo” que via “mais como um pai do que um paciente”, e admitiu desconhecer a razão pela qual não estava instalado qualquer desfibrilhador em Tigre, por não ser o médico designado para o acompanhar.

Sem qualquer queixa formal aberta, Luque explicou ainda assim que Maradona estava “muito triste e queria estar sozinho”, um estado depressivo que se arrastava desde o internamento.

Outra questão que tem sido levantada relaciona-se com o tempo de espera por uma ambulância, com o advogado, Matías Morla, a destacar que demorou “mais de meia hora” a chegar ao ‘10’.

A investigação pretende esclarecer que tipo de tratamento médico recebeu desde a operação até ao dia da morte e quais os medicamentos que lhe estavam a ser administrados, bem como uma suposta visita do médico à residência do antigo ‘craque’, em 19 de novembro, em que terão discutido, segundo os advogados da família.

Ainda de acordo com as mesmas testemunhas, desde esse dia, o médico não voltou a deslocar-se ao domicílio de Maradona para lhe prestar cuidados médicos, o que poderá configurar um eventual crime, segundo os advogados, com a justiça argentina a ter já um inquérito aberto por negligência.

A carreira de futebolista, de 1976 a 1997, ficou marcada pela conquista, pela Argentina, do Mundial de 1986, no México, e os dois títulos italianos e a Taça UEFA vencidos ao serviço dos italianos do Nápoles.

O Presidente argentino, Alberto Fernández, decretou três dias de luto nacional pela morte de Maradona, cujo velório e funeral, marcados por alguns tumultos, se realizaram na quinta-feira, em Buenos Aires.

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