Diamantino Miranda cumpriu a sua primeira época ao serviço do futebol moçambicano, ao serviço do Costa do Sol, que foi terceiro classificado do Moçambola e finalista derrotado da Taça de Moçambique.
“Eu acho que foi excelente, o Costa do Sol tem andado arredado dos títulos há alguns anos, embora tenha participado em algumas finais há bem pouco tempo, e vejo um entusiasmo muito grande nas pessoas por aquilo que a equipa está a fazer, principalmente em relação ao futebol que pratica”, afirmou Diamantino Miranda em entrevista ao SAPO Desporto.
O técnico elogiou os seus jogadores, mas referiu que o terceiro lugar soube a pouco: “Ficámos algo frustrados ao percebemos que se as coisas no início tivessem sido mais fáceis poderíamos ter chegado a campeões, basta dizer que desde a quarta jornada a equipa perdeu uma única vez e foi em casa e num jogo esquisito com o Ferroviário da Beira”.
Os primeiros meses foram difíceis para Diamantino Miranda, já que encontrou no futebol moçambicano uma realidade diferente da que estava habituado.
“Não é fácil fazermos uma viagem a Vilanculos num 'mini-bus' onde mal cabíamos e tínhamos que levar todo o material, bolas, sacos, água e fazermos uma viagem de 12 horas, 720 quilómetros, não se coaduna muito com o profissionalismo. Foram essas situações a que tive que me habituar. No início andava aqui à deriva.”
Apesar disso, Diamantino Miranda diz ter ficado com impressões positivas sobre o futebol moçambicano. “Existem aspetos mais importantes, como a qualidade dos jogadores moçambicanos que têm muito talento, a vontade que as pessoas têm de fazer bem, mas encontrei situações muito estranhas, de muita promiscuidade entre dirigentes, jogadores e árbitros", explicou.
"Alguns campos são indignos para a prática do futebol"
Na primeira aventura fora do seu país como treinador, Miranda mostrou-se crítico quanto à qualidade das infra-estruturas e da organização do futebol moçambicano.
“Os campos como o de Tete, por exemplo, ou o de Nampula, são indignos para a prática do futebol. Aquilo é um autêntico crime porque em cada jogada em que os jogadores participam arriscam-se a ter lesões graves, devido aos buracos onde não há relva”, comentou o treinador luso, para depois afirmar: “Compreendo que haja dificuldades financeiras, mas se se quer desenvolver e fazer evoluir o futebol moçambicano terá que se começar por aí.”
Ao longo desta época, Miranda foi acusado de ser racista por alguns árbitros do Moçambola, sendo que o técnico refuta as críticas. “Isso tem que ver com uma situação de perseguição. Não percebo o porquê de me acusarem de ser racista, não faço a mínima ideia de onde partiu isso porque, aliás, não posso considerar pessoas sérias o jornalista, ou diretor do jornal que deixou sair essa notícia, porque não vem assinada sequer. Só pode ser de pessoas cobardes”, afirmou, acrescentando ainda: "Isso surgiu de várias mentiras vindas de alguns pseudo-jornalistas que existem nalgumas províncias."
"O mundo pôs os olhos no futebol português"
Na época 2012, o futebol moçambicano registou a presença recorde de quatro treinadores portugueses. Na opinião de de Diamantino Miranda, este facto deve-se à qualidade dos técnicos lusos. “Os treinadores portugueses são reflexo daquilo que o futebol luso tem feito nos últimos anos e principalmente da carreira de alguns treinadores de renome como o Mourinho, na Europa, e Manuel José, aqui em África. Naturalmente o mundo pôs os olhos no futebol português e essa escola tem feito muito sucesso em alguns campeonatos e a proximidade da língua ajuda a que eles possam singrar aqui em Moçambique”, comentou.
O convite para renovar com o Costa do Sol já está em cima da mesa, faltando apenas acertar alguns pormenores para que o treinador continue a orientar os “canarinhos”.
Diamantino Miranda representou o Boavista e o SL Benfica. Foi um dos jogadores-chave dos "encarnados" durante a década de 1980, tendo ganho vários campeonatos e taças de Portugal.
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