Início da tarde de dia 12 de março. A Liga anunciava a suspensão das competições por tempo indeterminado.
A decisão surgia seis dias antes do governo e das autoridades de saúde decretarem o Estado de Emergência com o alastrar da pandemia do novo coronavírus. Uma crise sanitária que paralisou praticamente todas as atividades de uma forma nunca antes vista, e o futebol naturalmente não foi excepção.
Um travão repentino numa indústria que gera muitos milhões em todo o mundo e que se viu de repente amordaçada por uma ameaça desconhecida.
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A pouco e pouco, e quando já se passaram mais de 60 dias sobre a interrupção, consegue-se vislumbrar o verde da relva ao virar da esquina.
No 'velho continente', entre meados de março e meados de maio, só na Bielorrússia a bola continuou rolar.
Situação portuguesa
Por terras lusas, todas as competições acabaram por ser interrompidas, com a Federação Portuguesa de Futebol a decidir-se por encerrar todas as competições não-profissionais, incluindo o futebol feminino.
O Governo português concluiu no início do mês de maio que há condições para se jogar as 10 jornadas que faltam para terminar a Primeira Liga, assim como a final da Taça de Portugal entre o FC Porto e o Benfica. Os jogos serão a porta fechada. Falta definir como, já que nem todos os estádios reúnem condições sanitárias para se retomar os jogos.
Ao contrário do que aconteceu no escalão máximo do futebol nacional, a Segunda Liga foi cancelada, com o Nacional e Farense, equipas que estavam em primeiro e segundo lugares, respetivamente, antes da interrupção, a subirem de divisão.
Bola em Portugal volta a rolar no dia 4 de junho e testes antes do regresso
Em consonância com as determinações do governo, a Liga Portugal anunciou que o primeiro jogo da 25.ª jornada irá realizar-se a 4 de junho, a uma quinta-feira.
A marcação ocorreu, quatro dias depois do dia 30 de maio, data a partir da qual o Governo dava 'luz verde' para o regresso da competição. As autoridades pretendem assim assegurar-se de que todos os estádios da I Liga são vistoriados e os testes às equipas são realizados antes do regresso. Sendo que os os testes obrigatórios à COVID-19 que os jogadores vão ter que realizar serão custeados pelos próprios clubes.
A prova vai ser retomada a partir da 25.ª jornada, sendo que a Liga ainda não revelou qual será a partida inicial no reinício das competições. O primeiro jogo dessa jornada estava marcada para o dia 13 de março, entre o Rio Ave e o Paços de Ferreira.
Estádios em cima da mesa para realização dos restantes jogos da I Liga
A três semanas do regresso da I Liga, ainda não foram definidos os palcos para a retoma do campeonato, sendo que já se sabe que os jogos vão ser disputados num número reduzido de recintos, de acordo com indicações da Direção Geral da Saúde.
Para já, há oito palcos que reúnem as melhores condições e contam com uma classificação de nível 1. São eles: O estádio da Luz (Benfica), Estádio do Bessa (Boavista), Estádio Municipal de Braga (SC. Braga), Estádio Cidade de Barcelos (Gil Vicente), Estádio do Marítimo, Estádio do Dragão (FC Porto), Estádio José Alvalade (Sporting) e Estádio D. Afonso Henriques (Vitória de Guimarães).
De referir já houve vários anúncios no que a essa matéria diz respeito. O Santa Clara anunciou que irá jogar na Cidade do Futebol, que poderá ainda receber os jogos em casa do Belenenses e do V. Setúbal.
Já o Famalicão acordou com o Gil Vicente a utilização do estádio Cidade de Barcelos.
Em relação à Taça de Portugal, a final entre o Benfica e FC Porto não será disputada no estádio do Jamor, com Aveiro e Algarve a surgiram como hipóteses fortes.
O campeonato alemão (primeira e segundas divisões) vai ser o primeiro a ser retomado
O campeonato alemão de futebol vai ser retomado em 16 de maio, dois meses depois de ter sido suspenso devido à pandemia de COVID-19, confirmou o diretor da Liga Alemã de Futebol (DFL), Christian Seifert.
Numa videoconferência com representantes dos 36 emblemas dos dois principais escalões (Bundesliga e Bundesliga 2), Seifert confirmou o regresso do futebol em 16 de maio, um dia depois do governo germânico ter autorizado o arranque das competições a partir da segunda quinzena de maio, à portafechada.
Situação nos principais campeonatos europeus
Em Itália, um dos países mais afetados pela pandemia do novo coronavírus deverá ver o campeonato retomado no dia 13 de junho, anunciou a Liga transalpina em comunicado. A prova tinha sido interrompida à 26.ª jornada.
Em Inglaterra, o governo britânico confirmou que os eventos desportivos, incluindo a liga inglesa de futebol, deverão ser retomados a partir de 1 de junho, mas sem a presença de público nos recintos, devido à pandemia da COVID-19.
No que diz respeito a La Liga, ainda não há data para o regresso do campeonato, mas a intenção será de retomar os jogos.
O presidente da Liga espanhola de futebol, Javier Tebas mostra-se igualmente confiante na conclusão da mesma “neste verão”.
França, Bélgica e Holanda com a temporada encerrada
Foi o primeiro-ministro francês Edouard Philippe que declarou que "a temporada 2019-2020 dos desportos profissionais, incluindo o futebol, não poderá ser retomada". A Liga de Futebol Profissional decretou então a suspensão definitiva da temporada da Ligue 1, decidindo uma "classificação final" que sagrou o Paris Saint-Germain campeão nacional. O Marselha de André Villas-Boas quedou-se pela segunda posição.
Na Holanda, a decisão foi a mesma se bem que o título acabou por não ser atribuído a nenhuma das equipas, com o Ajax e o AZ Alkmaar no primeiro lugar das classificação com os mesmos pontos.
Na Bélgica, o clube Brugge foi declarado campeão, depois da época desportiva ter sido dada como cancelada.
"O Conselho administrativo decidiu por unanimidade que não era desejável, seja qual for o cenário previsto, continuar a competição após 30 de junho", pode ler-se num comunicado da Pro-League, entidade que administra e organiza o campeonato belga.
Futuro das competições europeias, Europeu adiado para 2021
Com a UEFA em contrarelógio para terminar a atual edição da Liga dos Campeões e Liga Europa em agosto, o atraso poderá traduzir-se numa mudança do modelo em 2020/2021. Com o adiamento do Europeu por um ano, o organismo está a tentar arranjar soluções para fazer face a um calendário demasiadamente preenchido.
Avança o jornal 'Times' que a UEFA pretende reduzir as eliminatórias de acesso à fase de grupos a um só jogo em campo neutro na 'Champions' para os campeões das 12 Ligas com melhor ranking e que ainda não têm nenhum clube na fase de grupos.
FIFA autoriza cinco substituições por jogo e VAR fica ao critério das competições
A FIFA já confirmou que as equipas estão autorizadas a fazer cinco substituições por jogo, depois do aval do Internacional Board (IFAB). A intenção é clara: Proteger a saúde dos jogadores, devido à paragem prolongada das competições.
Esta alteração pontual e temporária vai entrar imediatamente em vigor e aplicada nas competições que estejam previstas para ser concluídas até 31 de dezembro de 2020.
A nova redação da lei autoriza as cinco substituições, em três momentos do jogo, incluindo o intervalo, e define que se as duas equipas fizerem substituições em simultâneo esta vai contar para ambas, ficando só com mais uma possibilidade de alteração.
Em relação ao VAR, a sua utilização poderá ser cessada ficando ao critério do organizador.
Há condições para o regresso do futebol em segurança?
Com o retorno dos treinos em Portugal e com a bateria de testes já realizados aos jogadores, foram já detectados vários casos de COVID-19. Mas ainda assim, estes casos não parecem suficientes para se mudem os planos no que diz respeito ao regresso do futebol.
Na Alemanha por exemplo onde a quarentena aplicada a toda a equipa do Dinamo de Dresden (da segunda divisão) devido ao resultado positivo dos exames de dois dos seus jogadores, não mudou os planos do futebol profissional alemão para retomar os seus campeonatos a partir de 16 de maio, com jogos à porta fechada.
Em Portugal, desde o regresso ao trabalho das equipas foram detetados 10 casos positivos de COVID-19, oito são de jogadores e dois de membros de staff técnico. No Benfica, David Tavares testou postivo. No Moreirense há um caso positivo de um jogador, embora o emblema minhoto não tenha revelado a sua identidade. O Famalicão é o caso mais grave, com três jogadores e dois membros da estrutura do clube a acusarem positivo à COVID-19. No V. Guimarães também foram detetados três casos, embora "assintomáticos" e em "quarentena", conforme revelou o clube em comunicado.
Condições impostas pela DGS para o regresso da I Liga
A Federação Portuguesa de Futebol já comunicou as datas para o reinício da Liga e da Taça de Portugal, mas há ainda muitas dúvidas em relação à forma como este retorno irá ser realizado.
Para já, sabe-se que caberá às autoridades de saúde a avaliação do risco e a decisão de interromper ou não a prova, caso os casos de COVID-19 aumentem.
Sobre as condições do regresso do futebol, a DGS já fez saber que os clubes, a federação, a liga e os jogadores, ou seja todos os intervenientes serão responsáveis pelos riscos de infeção ao retomarem os jogos e os treinos.
Isso está explicito no ponto 1.
"É... do jogador. E também da FPF, da Liga Portugal e dos clubes. No ponto 1 das condições sobre o regresso do futebol, a Direção-geral da Saúde explica que todos os intervenientes assumem que estão a correr riscos de infeção ao retomarem aos jogos e treinos", pode ler-se.
Também o Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol garantiu que os jogadores vão assumir coletivamente o código de conduta do parecer técnico da Direção-Geral da Saúde (DGS) para o reinício da competição devido à pandemia de COVID-19.
Caos Financeiro no futebol com a COVID-19?
Face às dificuldades financeiras com a diminuição da receitas, já se sabe que os clubes vão ter que apertar o cinto já a começar nesta temporada.
Os intervenientes já passaram à ação, tentando minimizar o impacto económico e social que o novo coronavírus está a provocar, com os vários clubes a proporem reduções salariais aos seus jogadores e funcionários face à crise. Naturalmente preocupados com a sua saúde e dos seus, os jogadores já sabem que só o regresso à competição lhes poderá assegurar que serão pagos por inteiro e a tempo e horas.
Em declarações à Lusa, o especialista de gestão desportiva Alfredo Silva confirmou que Benfica, FC Porto e Sporting podem perder mais de 40 milhões de euros por cada mês de paragem do futebol devido à pandemia de COVID-19.
A quebra de receitas traduz-se na queda na bilheteira, e nas receitas resultantes das transmissões televisivas e publicidade.
Com a redução de salários levada a cabo pelos clubes, o presidente do Sindicato de Jogadores Joaquim Evangelista salientou que o recurso ao ‘lay’-off’ é "escandaloso".
Apesar da situação sanitária, os intervenientes salientam que é urgente o regresso das competições para acautelar as perdas. Em entrevista ao 'The Guardian', Carlos Carvalhal, técnico do Rio Ave, comentou a decisão de se jogar o que resta da Primeira Liga, sublinhando que é muito importante jogar dada a dependência dos clubes das receitas de televisão.
"Ninguém nos pressionou. Mas se não jogarmos, será o caos nos clubes", reconheceu o técnico português.
Já no que diz respeito à vertente desportiva e com o FC Porto no 1.º lugar da classificação, Jorge Nuno Pinto da Costa foi questionado sobre uma possível anulação do campeonato. O presidente do FC Porto frisou que o que conta é a classificação nesta altura, tal como foi tida em conta no caso da II Liga.
"Se resolverem que não haja mais campeonato, podem entregar o campeonato a quem querem", atirou o presidente dos Dragões.
Está assim por alguns dias o regresso ao futebol depois da suspensão de mais de dois meses. A Alemanha é o primeiro campeonato a dar um novo pontapé de saída. Acontece já no próximo sábado.
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