Duas dezenas de futebolistas sem clube estiveram hoje presentes no primeiro treino do Estágio do Jogador 2024, iniciativa do Sindicato dos Jogadores (SJ) em que o objetivo é passar “uma mensagem positiva”, disse o treinador Paulo Lopes.
“Estamos cá para os ajudar, para fazer com que eles continuem o seu sonho. Passamos uma mensagem positiva, para continuarem a acreditar e esperarem que algo de bom aconteça”, afirmou o ex-treinador da equipa de sub-23 do Benfica.
A 22.ª edição do Estágio do Jogador decorre até 30 de agosto e está aberta a todos os jogadores que ainda não tenham encontrado clube para prosseguir a carreira na nova época.
Nas 21 edições anteriores, participaram 1.232 jogadores e foram colocados 763 atletas durante o estágio, ou seja, “uma taxa de colocação de 62%”, explicou o presidente do SJ, Joaquim Evangelista, salientando que "é obra”.
“Aqueles jogadores que estão em casa, indecisos, aproveitem. Venham aqui e treinem, façam os jogos de exibição. Estão aqui reunidas as condições para rapidamente arranjarem emprego”, garantiu o dirigente em declarações à imprensa.
A ideia, de resto, foi corroborada por Paulo Lopes, treinador que “aceitou imediatamente” o desafio lançado por Evangelista e vê no Estágio do Jogador “um bom sítio para treinar” e para os jogadores desempregados ficarem mais preparados para o futuro.
“Em vez de estarem sozinhos, aqui têm um espaço onde treinam com mais colegas, de níveis diferentes, que trazem situações diferentes. Faz sentido virem, pois os treinos são preparados ao pormenor, para ajudá-los em todos os sentidos, individualmente, tecnicamente e taticamente”, vincou Paulo Lopes.
Entre os 20 jogadores presentes no primeiro dia de trabalhos, a Liga 3 foi o escalão competitivo mais elevado que disputaram na época passada, mas há também vários elementos que regressam de experiências no estrangeiro.
É o caso de Evendro Brandão, avançado de 33 anos que fez “parte da formação” no Manchester United, onde participou “algumas vezes nos treinos dos seniores”, ao lado de Cristiano Ronaldo, e que concluiu uma passagem de um ano pelo RANS Nusantara, da Indonésia.
“Foi uma decisão relativamente fácil. Venho acompanhando o trabalho do SJ e dos estágios que têm feito. E no momento em que vi que voltava a haver estágio este ano, não pensei muito”, admitiu o atleta, cujo último clube que representou em Portugal foi o Alverca.
A diversidade de origens e escalões competitivos, no entanto, não ‘atrapalha’ os trabalhos, pois no futebol “costuma ser tudo muito fácil”, comentou Kadú, antigo guarda-redes do FC Porto que jogou a última época no Oliveira do Hospital.
“Quando encontramos jogadores de realidades muito diferentes, depois, lá dentro do campo, não se percebe. O futebol tem essa particularidade de unir pessoas de vários estratos e isso é importante”, destacou o jogador.
Aos 29 anos, o guarda-redes está no Estágio do Jogador com a expectativa de “aproveitar ao máximo” para “melhorar a condição física” após as férias e sair “pronto para os próximos desafios", mas não estabelece, sequer, um patamar mínimo.
“O futuro? Ser feliz e continuar a fazer o que gosto, que é jogar futebol. Queremos sempre o melhor e, se me perguntar, gostava de jogar a Liga dos Campeões. Mas sabemos a realidade e onde puder jogar e ser feliz, lá estarei”, assumiu o guarda-redes formado no FC Porto.
O Estágio do Jogador teve a sua primeira edição em 2001, foi retomado em 2004 e, desde então, realiza-se anualmente de forma ininterrupta.
Pela equipa técnica já passaram nomes como Mariano Barreto, Mário Wilson, Emílio Peixe, Pedro Martins, José Carlos, Luís Boa Morte, Silas, Neca e Nandinho, entre outros.
Joaquim Evangelista não quis enumerar por admitir que não seria capaz de “lembrar todos”, mas explicou que também faz “o trabalho de casa” e, por isso, “quando soube que o Paulo [Lopes] estava a resolver a sua vida”, ligou e o técnico “aceitou imediatamente” o desafio.
“Há jogadores que têm valores que eu defendo para a instituição e o Paulo é um deles. Os treinadores que passam aqui também têm de ter um sentimento de pertença e de identidade com os valores do SJ. Mas fico satisfeito, sobretudo, pelo perfil de treinadores que o SJ tem conseguido associar a esta iniciativa e que, depois, trazem também valor ao futebol português”, concluiu Evangelista.
No primeiro dia do Estágio do Jogador participaram, entre outros, os guarda-redes Kadu (ex-Oliveira do Hospital) e Valter Manaia (ex-Real), o defesas Pierre Sagna (ex-Alverca) e Délcio Gomes (ex-Kuznia Ustron, Polónia), o médio Bubacar Sané (ex-Amora) e o avançado Evandro Brandão (ex-RANS Nusantara, Indonésia).
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