Gregoire Akcelrod saltou para a ribalta nos últimos dias pela sua história. O francês deu a conhecer ao mundo como quase jogava a Liga dos Campeões de futebol, na sua autobiografia "Profissional a todo o custo". Para isso, criou um site para se promover, tirou fotografias com a camisola do PSG no centro de treinos da equipa e quase acabou contratado pelo CSKA de Sófia para jogar a Champions.
Em criança, Gregoire tinha um sonho: ser futebolista profissional. Mas faltava-lhe talento. Foi aos dez anos que o pai, ao vê-lo jogar pela primeira vez, aconselhou-o a desistir da ideia.
"Fiz o meu primeiro jogo frente ao meu pai com apenas 10 anos de idade. Foi como se estivesse a jogar a final da Liga dos Campeões para mim. Enfrentámos uma boa equipa e acabámos por perder 0-4. Quando estava de regresso a casa, no carro, o meu pai virou-se para mim e disse: 'Greg, eu estou tão chateado. Tu és tão mau e preguiçoso. Eu não quero voltar a ver-te dentro de campo'. Fiquei chocado. Para mim, estar com os meus amigos dentro de campo era o melhor da minha semana", contou o francês, citada pelo 'Daily Mail'.
As duras palavras do pai não fizeram Gregoire desistir do sonho. Continuou a jogar, na equipa amadora do PSG, na última divisão do futebol francês. Ali, estaria esquecido, sem visibilidade. "Podes ser o Cristiano Ronaldo na quinta equipa e ninguém tem a possibilidade de ver-te jogar. Ninguém ia ver-me jogar pelo PSG porque eu só jogava com jogadores de pontapé para a frente", sublinhou.
Então que começou a pensar em como poderia dar a volta a situação. Faltava-lhe talento com os pés mas a imaginação era fértil. Foi então que um dia, na escola, decidiu criar um um website e um Curriculum Vitae falsos para se fazer passar por jogador profissional. Um dia, entrou nas instalações do PSG totalmente equipado com as cores do emblema parisiense e fez uma sessão fotográfica no mesmo sítio onde o clube costuma apresentar os seus jogadores. Depois, copiou e colou notícias do jornal 'L' Equipe' onde trocava o nome do avançado principal, como Anelka, pelo seu. No seu CV, dizia que tinha atuado pelas reservas do PSG.
Com 19 anos, Akcelrod conta na sua biografia que vivia num pequeno apartamento e trabalhava num restaurante McDonald’s. Tinha chegado a hora de tentar a sua sorte. Enviou o CV para vários clubes em Inglaterra. No verão de 2003, o Swidon, da segunda divisão, aceitou receber-lhe à experiência.
"No primeiro dia do treino à experiência, eu estava tão em baixo de forma e em termos táticos andava perdido", recorda.
Descartado, viria a ter mais uma oportunidade. O Bournemouth, longe da Premier League, aceitou ver em ação este avançado que se dizia ser formado no PSG. Mais uma nega.
Mas em 2009, quase conseguia concretizar o seu sonho. Os búlgaros do CSKA Sofia tiveram conhecimento deste jogador que atuava no PSG, entraram em contacto com Akcelrod e propuseram-lhe um contrato promissor: 15 mil euros mensais durante três anos e a oportunidade de jogar a Champions, já que a equipa tinha acabado de se qualificar para a fase de grupos da Liga milionária. Desta vez não foi tramado pela falta de talento: a internet fez o seu trabalho e o sonho de Gregoire Akcelrod 'morreu'.
"Fiz dois testes com eles [CSKA Sófia] e no domingo o treinador disse ao meu agente que queriam assinar comigo. Tirei fotos com a camisola oficial do CSKA Sófia, assinei um contrato e até publicaram no website que iam anunciar a minha contratação. Mas os adeptos do Paris Saint-Germain destruíram-me. Durante a noite, um dos adeptos do CSKA Sófia foi até um fórum do clube e perguntou: 'Nós estamos prestes a contratar um tal de Gregoire Akcelrod, o que vocês pensam dele?' Os adeptos do PSG não me conheciam. Disseram que eu era 'fake' e foram ver o meu website. Mas algumas das coisas que estavam lá eram verdade. Esse adepto do CSKA Sófia acabou por contactar todos os jornalistas em Sófia e foi revelado que o clube ia assinar com um jogador falso", recordou.
Aos 38 anos, Gregoire Akcelrod é agente de jovens jogadores em Inglaterra. E achou que seria uma boa altura para contar a sua história, na autobiografia intitulada "Profissional a todo o custo".
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