'Nada será como dantes' deve ser uma das frases mais ouvidas nos últimos tempos, numa altura em que Portugal e o resto do Mundo vivem os primeiros meses de alguma liberdade após confinamento. A pandemia de COVID-19 veio mudar o mundo e a forma como relacionamos com o próximo. O medo de contágio transformou as relações e deixou o mundo cada vez mais digital, ajudando a criar oportunidades na área da digitalização dos serviços e da comunicação.

Essa transformação é visível no número de soluções tecnológicas que apareceram nos últimos meses relacionados com a pandemia de COVID-19. A criatividade para encontrar soluções informáticas colocou Portugal na linha da frente na luta contra um inimigo nunca antes visto.

Portugal foi o país da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) que mais projetos inovadores apresentou na luta contra a COVID-19. Num relatório da OCDE, o país aparecia mesmo na liderança mundial, com 19 soluções criativas identificadas nos finais de abril, altura do pico da doença em vários países.

Estas tecnologias surgiram de todas as áreas e o desporto não foi exceção. Algumas, que já existiam, foram adaptadas para os novos tempos e estão a conquistar o Mundo. Outras, criadas no seio da pandemia de COVID-19, prometem revolucionar o desporto nos próximos tempos.

É o caso do Global Stadium, uma aplicação que minimiza os efeitos da ausência física de espetadores nas bancadas e que já está a ser usada pela Sport TV, a detentora dos direitos de transmissão dos jogos da Primeira Liga (exceto os do Benfica na Luz).

Outras, como a MyCujoo TV, que já estava no mercado, pode aproveitar a pandemia de COVID-19 para se expandir ainda mais e apresentar-se como solução no regresso do desporto sem público nas bancadas.

De destacar também o 'Kiss my score', uma aplicação social de apostas de futebol onde cada um pode desafiar os seus amigos a mostrarem os seus conhecimentos de futebol. Tudo dentro do lar, com o devido distanciamento social.

Das Marianas Setentrionais às Ilhas Cook: o MyCujoo mostra futebol de 162 países

Poucas inovações se podem afirmar tão globais como o MyCujoo. Com presença em 162 países e territórios e a ter visitantes de 238 países, esta empresa internacional com selo português está a democratizar o mundo do livestreaming. O futebol das Ilhas Marianas Setentrionais, das Ilhas Cook, ou de Gibraltar pode ser visto em qualquer parte do mundo graças a esta tecnologia portuguesa. As ligas que não atraem as grandes cadeias de televisão ligadas ao desporto têm no MyCujoo TV o seu local de eleição.

Os irmãos João e Pedro Presa, fundadores do Mycujoo
Os irmãos João e Pedro Presa, fundadores do Mycujoo créditos: Mycujoo

O MyCujoo foi das tecnologias que mais sofreu com a pandemia de COVID-19. A plataforma de 'live streaming' desportivo viu-se, de uma hora para outra, sem a sua principal base de conteúdos, pelo que teve de se adaptar. Apesar disso, durante vários dias, a plataforma era a única do mundo a fornecer conteúdos de futebol em direto, numa altura em que a UEFA e as principais federações europeias iam parando as suas provas face a propagação do novo coronavírus. Entre treinos em casa, jogos de eSPorts e outras partidas, a plataforma garante ter transmitido 1100 eventos em direto, desde 1 de março até meados de junho.

"Quando a Europa estava a parada, nunca paramos na plataforma. Transmitimos jogos da Liga e Taça do Tajiquistão, fechamos um contrato com a Liga da Bielorrússia, para transmitir e fazer embed dos conteúdos para sites de desporto como a 'Marca' online, o SAPO Desporto e o Record", conta Pedro Presa, CEO da empresa, ao SAPO Desporto.

Mas o impacto foi brutal, principalmente nos primeiros meses da pandemia na Europa, como nos explica Pedro Presa. A solução foi fazer 'restreaming de jogos históricos na plataforma (cerca de 180), que tiveram audiências altas, algo que ajudou a "recuperar o tráfego na plataforma e parte da audiência".

O streaming vai ter um papel cada vez mais determinante nos tempos pós COVID-19, não só para o desporto mas também para outros eventos culturais como música, eventos religiosos

Apesar de a empresa ter mantido o apoio dos investidores e estar otimista quanto aos objetivos para 2020, foram tomadas decisões no sentido de mante-la viável: "Tivemos de fazer controle de custos, assessoria em relação a alguns serviços, fizemos contenção e retenção, mas nunca faltamos com nenhum compromisso", recorda Pedro Presa, que espera fazer 'break even' (lucros iguais aos custos) na empresa em 2021.

MyCujoo Live Services: todos podem ser broadcasters

Durante este período, a empresa lançou um serviço inovador que poderá revolucionar o mercado de streaming nos próximos tempos: o MyCujoo Live Services, um serviço que utiliza a tecnologia do MyCujoo e que é oferecido às federações, empresas e clubes para que as mesmas possam oferecer uma plataforma de 'livestreaming' no seu próprio ambiente exclusivo. Essas entidades podem agora criar serviços individuais como resumos, serviços de monitorização, de subscrições, de pay-per-view, de forma a criarem comunidade e serviços para os seus membros.

Este novo serviço vai ao encontro das necessidades de muitas empresas e federações que já tinham solicitado a utilização da tecnologia do MyCujoo mas dentro das suas plataformas, algo que dantes não era possível. Neste momento, decorrem negociações avançadas com 20 potenciais clientes, muitos deles sem ligação ao futebol.

"Lançamos o produto há cerca de um mês, temos tido uma receção incrível, com contactos com grandes mediaplayers internacionais, de pequenas federações de desporto, como andebol que estão a explorar a nossa tecnologia, a oferecer aos clubes e federações a oportunidade de conseguirem transmitir os jogos com alta qualidade, e chegar às comunidades que dantes iam aos pavilhões assistir esses jogos", explica.

Além do MyCujoo Live Services, a empresa entrou no mundo dos desportos eletrónicos, ao celebrar um acordo com a Confederação Brasileira de Futebol para transmitir mais de mil jogos oficiais de futebol FIFA e PES (Pro Evolution Soccer). Acordo semelhante foi fechado com o departamento de eSports da Federação Portuguesa de Futebol.

Com o regresso gradual do desporto, a empresa espera tirar dividendos deste novo mundo e marcar a sua posição a nível global. Com as perspetivas de se conseguir uma vacina contra o vírus do novo coronavírus apenas daqui a um ano, só em 2021 poderá ser possível ter público a assistirem aos eventos desportivos ao vivo, nos estádios ou pavilhões.

Para Pedro Presa, "o streaming vai ter um papel cada vez mais determinante nos tempos pós COVID-19, não só para o desporto mas também para outros eventos culturais como música, eventos religiosos", algo que poderá beneficiar a sua empresa: "Saímos mais fortes desta crise, esta pandemia foi uma oportunidade para o MyCujoo".

"Tudo o que agrega um certo número de pessoas vai ter de criar uma economia sustentável no sentido em que, se não tem capacidade de monitorizar as pessoas nos eventos, as bilheteiras, a compra de mershandising a nível local, etc, as plataformas digitais vão ter um papel cada vez mais importante. Não sabemos o que vai acontecer no futuro, se teremos outras pandemias. Então o papel das plataformas de streaming, de e-commerce, de agregação de comunidades em redes sociais, é cada vez mais importante para garantir que este tipo de economias seja sustentável", finaliza.

Por detrás do Mycujoo está a ideia de democratizar as transmissões desportivas. Qualquer emblema ou entidade poderá colocar os seus conteúdos nos quatro cantos do Mundo, ao mais baixo custo, com uma tecnologia simples e fácil de usar. Com sede em Amesterdão, Holanda, escritórios em Zurique, Lisboa e Singapura, e representações em São Paulo, Rio de Janeiro e Boston, esta ‘startup’ portuguesa quer tornar-se no maior mercado de desporto do Mundo.

Na transmissão de um evento desportivo, o Mycujoo não gasta um cêntimo. E o funcionamento é simples: os detentores dos direitos de imagem entram em contacto com a empresa, criam o seu canal onde transmitem os seus jogos ou eventos em direto ou em diferido. Para tal basta terem um telemóvel ou câmara, ligação à internet, um tripé e um adaptador. A empresa criou uma aplicação para telemóveis de forma a facilitar as transmissões até porque 80 por cento dos utilizadores da plataforma assistem aos jogos no telemóvel. O Mycujoo apenas controla a parte da tecnologia, desde o momento da captação da imagem até a transmissão, melhorando o conteúdo em estúdio.

O modelo de negócio baseia-se em apresentar publicidade contextualizada à volta de conteúdos, utilizadores e comunidades. A partilha de receitas é 50-50, mas cada partilha é adaptada à medida que se renegoceia com os parceiros. As marcas acabam por patrocinar os golos, ou a apresentação dos resultados, o relógio, etc.

Não sabemos o que vai acontecer no futuro, se teremos outras pandemias. Então o papel das plataformas de streaming, de e-commerce, de agregação de comunidades em redes sociais, é cada vez mais importante para garantir que este tipo de economias seja sustentável

A plataforma, fundada pelos irmãos Pedro e João Presa, tem tido um crescimento exponencial, desde que foi lançada em 2014. No início de 2015 só contavam com três clubes, mas fecharam o ano com 30 emblemas e 90 jogos em direto. Em 2018, a empresa terminou o ano com mais de 75 milhões de utilizadores e 12 mil jogos transmitidos. No ano passado, foram 22 mil jogos transmitidos em direto na plataforma. Neste momento, a tecnológica com sede na Holanda transmite jogos das seis confederações mundiais de futebol: UEFA (Europa), CAF (África), CONCAF (América do Norte, Central e Caraíbas), CONMEBOL (América do Sul), AFC (Ásia) e OFC (Oceânia).

Em Portugal, mais de 100 clubes já transmitem os seus jogos no Mycujoo, como o SC Braga, o CD o Nacional, o GS Carcavelos, o CD Olivais e Moscavide, o FC Alverca, o GD Vilar de Perdizes, o SC Maria da Fonte, entre muitos outros.

Sem perspetivas de se voltar a ter público nos estádios ou pavilhões, os emblemas de menor dimensão tem no MyCujoo a plataforma ideal para chegar aos seus adeptos e potenciar as suas marcas.

Global Stadium: o público no estádio mesmo à porta fechada

A opção de jogar sem público, como forma de conter a propagação da COVID-19, levou as operadoras responsáveis pelas transmissões dos jogos a inovarem, no sentido de minimizar essa ausência. O mesmo foi feito pelos clubes, com várias estratégias, para tentar que os jogadores não sentissem tanto a falta de público nos estádios.

GlobalStadium Sport TV
GlobalStadium Sport TV

No que toca a transmissões televisivas, uma empresa portuguesa apresentou uma solução tecnológica que já está a ser utilizada pela Sport TV, a televisão detentora dos direitos de transmissão dos jogos da Primeira Liga de Futebol em Portugal (exceto os do Benfica em casa, que passam no canal do clube-BTV). Chama-se Global Stadium e é um produto da Yd Entertainment, empresa que faz parte da Ydreams Vision, e tem como objetivo minimizar os efeitos da ausência física de espetadores nas bancadas.

Para já, o software estará integrado dentro da aplicação da Sport TV. Os subscritores do canal premium de desporto terão à sua disposição um conjunto de opções predefinidas para transmitir as suas emoções sobre o jogo em cada momento. O adepto escolhe o clube que quer apoiar e, quando a bola começar a rolar, poderá "enviar palmas, assobios, gritar golo, cantar o hino do clube, etc, manifestando como se estivesse no estádio, mas interagindo com o jogo", explica César Barbosa, diretor da Global Stadium, ao SAPO Desporto.

O GlobalStadium funciona para lá da pandemia e do afastamento social. Vai continuar a aproximar as pessoas dos quatro cantos do mundo

"Em casa o espetador ou fã está a ver o jogo, a escolher as emoções e a ouvir o conjunto de emoções de toda a gente, o algoritmo, graças ao conhecimento de inteligência artificial instalado, vai dizer-me isso mesmo: se houver mais gente a bater palmas, vou ouvir mais gente a bater palmas que assobios na transmissão em casa. A aplicação doseia e calcula esse algoritmo, é tudo real", completa.

A informação sobre as emoções dos adeptos não só aparece nos dispositivos móveis de cada um com podem ser transmitidas nos ecrãs dos estádios.

A tecnologia já cruzou fronteiras e está a ser testada na Turquia, Índia, Estados Unidos da América, através da CBS Sports, garante César Barbosa.

A ideia inicial passava por projetar as emoções dos adeptos nos ecrãs dos estádios durante os jogos, de modo a que os jogadores pudessem perceber as reações do público, minimizando assim os efeitos de jogar sem adeptos nas bancadas. Nesta fase ainda tal não é possível por questões legais mas o futuro poderá passar por aí. Até porque, tão cedo não teremos público nas bancadas dos estádios e pavilhões e os clubes terão de ser criativos para chegar aos seus adeptos.

A aplicação permite mostrar os participantes remotos, onde estão e as suas emoções, dando aos clubes informações importantes sobre os seus adeptos e a sua localização. E adapta-se perfeitamente a estes tempos de pandemia, onde a distância social é importante para controlar a propagação do novo coronavírus.

"Traz um universo de espetadores anónimos em casa para um espetáculo em tempo real, ela funciona para lá da pandemia e do afastamento social. Vai continuar a aproximar as pessoas dos quatro cantos do mundo", esclarece o diretor da empresa.

Para já, apenas os subscritores dos canais premium Sport TV e que tenham a aplicação do canal poderão ter acesso a esta solução tecnológica. A empresa está a estudar com a Sport TV, a possibilidade de manter esta solução tecnológica na próxima época.

Ao contrário de outras soluções experimentadas por outras ligas como a Espanhola e a Inglesa, que optaram pela introdução de sons previamente gravados nas transmissões, a Global Stadium oferece aquilo que são as emoções dos adeptos.

As soluções testadas por La Liga e Premier League foram fortemente criticadas. Um grupo de adeptos de 16 países da Europa lançou, no dia 17 de junho, uma campanha contra o som artificial de público que é transmitido nos jogos de futebol à porta fechada. Na campanha, o grupo de adeptos considera que o som artificial, com cânticos pré-gravados, numa realidade que é aumentada, representa “um castigo para os adeptos”.

Kiss My Score: quem perder paga o jantar

Com o regresso do futebol, mas com jogos à porta fechada, os adeptos deixaram de pode fazer a habitual romaria aos estádios, alterando assim o habitual convívio entre amigos. Normalmente, combina-se num ponto específico, marcam-se jantares ou almoços antes do jogo, ou então nas 'roulottes' onde se pode comer uma bifana e beber uma cerveja antes de a bola rolar no relvado.

A pandemia de COVID-19 veio interromper esses rituais, mas os mesmos podem ser replicados na segurança do lar, cumprindo o distanciamento e as recomendações das autoridades sanitárias.

João Duarte, CEO do Kiss My Score
João Duarte, CEO do Kiss My Score, nos Prémios Lusófonos da Criatividade créditos: Facebook Kiss My Score

As conversas sobre o possível onze, quem devia jogar e em que lugar e o resultado final podem manter-se, agora através de uma solução portuguesa que é um sucesso, tanto cá como lá fora. Falamos do Kiss My Score, uma aplicação social de apostas de futebol onde pode desafiar os seus amigos a mostrarem os seus conhecimentos sobre os jogos e as equipas.

Esta solução foi pensada e lançada em fevereiro de 2018 e já conta com quase de 450 mil subscritores. 150 mil são de Portugal.

"Estávamos cansados de apostar contra casas de apostas, com odds complexas, a casa acabava por ganhar sempre. Eu e um grupo de amigos começamos a jogar numa folha de Excel, todos os fins-de-semana entrávamos lá e colocávamos os nossos palpites. Depois, de acordo com os resultados dos jogos, recebíamos determinados pontos através de uma fórmula. Mas depois comecei a investigar e descobri que havia muita gente a jogar isto, nos EUA, as pessoas das empresas jogam algo semelhante, no Brasil também, jogam principalmente através do WhatsApp e o jogo chama-se Bolão, mas todos jogavam de forma difícil. Decidi então, com os amigos, construir esta aplicação, que, no fundo, é esta folha de Excel transformado numa aplicação", explica João Duarte, CEO da empresa, ao SAPO Desporto.

Durante a pandemia de COVID-19, numa altura em que o futebol tinha parado em Portugal, o Kiss My Score continuou a crescer. Esse crescimento foi ainda mais visível desde o regresso do campeonato, potenciado pelo facto de os jogos serem a porta fechada, sem a presença dos adeptos.

"Há cada vez mais pessoas a criarem ligas, a convidar os amigos. Não podendo ir aos estádios juntos, estão juntos na aplicação, a conversarem sobre o que está a passar-se no jogo, a fazerem juntos os seus palpites sobre os jogos e a acompanhar o jogo através do Kiss My Score. Acreditamos que cada vez mais seremos uma solução para os fãs do futebol, principalmente nestes tempos de pandemia", conta-nos João Duarte.

No entanto, o adiamento de provas importantes como o Europeu de futebol, que se devia jogar em junho de 2020 (foi adiado para 2021) fez cair várias parcerias que já estavam fechadas, a pensar no Euro2020.

Investimento de 150 mil euros para expandir o negócio

Mas a confiança dos investidores na empresa manteve-se. Recentemente esta startup recebeu um aumento de capital através de um investidor privado, a CoreAngels.

"O investimento de 150 mil euros vai dar-nos recursos, permitir-nos contratar mais pessoas, investir mais em marketing para fazer crescer a comunidade em termos de fãs. E por ser um grupo português, vai permitir-nos chegar a umas marcas em Portugal para trabalharmos diretamente com elas", garante o CEO do Kiss My Score.

E como funciona o Kyss My Score?

"O utilizador faz a sua aposta: se acertar em cheio ganha três pontos, acertar na tendência (não no resultado certo, mas ficar lá perto) ganha dois pontos, se não acertar, não ganha pontos. Pode ter quantas ligas que quiser com os amigos, em cada liga pode definir quais as competições que querem jogar com os amigos, (uma liga ou duas ou três). Dentro de cada Liga consegue ver o vencedor de cada semana e o vencedor global", sublinha.

Além de poder juntar amigos para ver quem percebe mais de prognósticos, pode sempre criar ligas onde os últimos ficam responsáveis por um belo jantar ou então uma rodada de cervejas.

Acreditamos que cada vez mais seremos uma solução para os fãs do futebol, principalmente nestes tempos de pandemia

Mas nem só de adeptos vive o Kiss My Score. A ferramenta foi também pensada para os clubes, de forma a que eles possam dar valor às suas marcas. A empresa trabalha com o Sport Lisboa e Benfica desde o início. Todos os meses o emblema da Luz oferece um prémio ao vencedor da Liga Benfica, prémios esses que podem ser camisolas oficiais, bilhetes para jogos, visitas ao museu do clube, etc. E, com isso, o Benfica consegue chegar aos adeptos, principalmente os mais jovens, que se sentem mais à vontade com as novas tecnologias.

"Antes, com os estádios abertos, os clubes estavam mais perto dos seus fãs e conseguiam, com facilidade, dar valor às marcas que os patrocinam. Neste momento não tem espaço e precisam dela. No Kiss My Score oferecemos essa oportunidade de ter este espaço, de ter ligas de fãs na aplicação, de comunicar com eles, de trazer os parceiros e de comunicar com eles, tudo de forma digital, sem o tal risco de contágio", explica-nos João Duarte.

Nesta altura, decorrem negociações com quatro emblemas da I Liga que costumam lutar por lugares europeus.

A internacionalização da empresa aconteceu de forma natural, principalmente nos países com grandes comunidades portuguesas, mas também no Brasil, onde existe a maior comunidade de utilizadores da aplicação (cerca de 30 por cento dos utilizadores). "As nossas métricas no Brasil são muito boas, ali é natural juntar amigos e fazer palpites para jogos, o que eles chamam de Bolão. Mas fazem isso mais através do WhatsApp. No Kiss My Score conseguiram sistematizar essas apostas, convidam muitos amigos. É uma pena o Brasileirão estar parado devido a pandemia de COVID-19", lamenta João Duarte.

Lá fora não tem sido fácil arranjar parceiros. A empresa continua à procura de marcas e entidades para firmar parceiras. No entanto, houve emblemas que conseguiram perceber o potencial desta tecnologia portuguesa. O Colónia da Alemanha, que joga na Bundesliga, foi o primeiro clube a formar uma parceria com a startup portuguesa. Recentemente o Kiss My Score esteve a trabalhar com o Wolfsburgo, numa experiência que durou um mês.

Apesar das dificuldades em penetrar um mercado tão vasto, há reconhecimento do valor da aplicação. Há cerca de um ano (maio de 2019), o Kiss My Score conquistou o prémio de 'Melhor Startup' (15 mil euros) no programa de aceleração Hype Sports Innovation, uma plataforma global dedicada ao universo desportivo, num universo de 100 candidatos.

João Duarte quer transformar o Kiss My Score no "melhor produto para o fã de futebol". Ao aumentar o número de utilizadores da aplicação, "os clubes e as marcas vão querer estar presentes", garante.

Foi a pensar nos adeptos que recentemente foi lançado uma nova funcionalidade na aplicação, que são as questões durante o jogo.

"Os utilizadores, além dos palpites, acompanham o jogo no Kiss My Socre através do livescore. Lançamentos cinco questões por cada jogo que podem ser respondidas e temos prémios semanais para quem conseguir acertar em mais questões. São perguntas sobre quem irá marcar os golos de uma equipa, se haverá expulsões, quantas defesas fará um guarda-redes, etc. É uma funcionalidade que queremos explorar mais porque acreditamos que terá muito futuro. O novo fã do futebol não quer apenas assistir ao jogo, quer interagir, quer sentir-se integrado, fazer parte do jogo", diz-nos o CEO da empresa.

Com quase 450 mil utilizadores registados, o Kiss My Score está bem classificado nas principais lojas de aplicações: no App Store está avaliado em 4.7/5 e na Play Store com 4.4/5.

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