Vítor Baía, antigo guarda-redes internacional português e ex-jogador de FC Porto e FC Barcelona, realçou hoje o papel do futebol no combate à violência doméstica, sobretudo através da sensibilização.
O campeão europeu de clubes de 2003/04 é um dos 15 futebolistas e antigos futebolistas que protagonizam uma campanha de combate à violência doméstica promovida por FIFA, União Europeia e Organização Mundial da Saúde (OMS).
"O futebol tem um papel muito importante porque é um veículo de transmissão de várias mensagens. Neste caso, pode ter um papel preponderante em passar essa mensagem. O futebol também tem esse poder e é fundamental que seja usado também nesse sentido. Penso que poderá ajudar nesta missão de colocar as pessoas a pensar", afirmou.
O ex-guarda-redes de FC Porto e FC Barcelona admitiu que a violência doméstica é uma preocupação crescente, tendo em conta o contexto atual da pandemia de covid-19.
"Penso que está diretamente relacionado, mas não deveria. Esta deveria ser uma altura para fortalecer as relações, deveriam estar todos de corpo e alma, num momento de conhecimento profundo. O facto de estarmos fechados em casa pode levar-nos a uma reflexão. Mas, acredito que o stress, ansiedade e incerteza desta situação pode levar algumas pessoas a ter essas atitudes reprováveis", concluiu.
Em 26 de maio, A FIFA, a OMS e a Comissão Europeia lançaram a campanha #SafeHome (#CasaSegura) para dar apoio a quem corre risco de sofrer violência doméstica.
A campanha é uma resposta conjunta das três instituições ao recente aumento das denúncias de violência doméstica num momento em que há apelos e foram tomadas medidas para que todos fiquem em casa para prevenir a propagação da covid-19, situação que expôs mulheres e crianças que sofrem abusos a um maior risco.
Segundo estudos, quase uma em cada três mulheres em todo o mundo sofrem violência física e/ou sexual por parte de um parceiro íntimo ou violência sexual por parte de outros durante a sua vida.
Os mesmos dados indicam que, na maioria dos casos, essa violência é cometida por um parceiro em casa, sendo que até 38% de todos os assassinatos de mulheres são cometidos por um parceiro íntimo.
"Juntamente com a OMS e a Comissão Europeia, estamos a pedir à comunidade do futebol que gere uma conscientização a respeito desta situação intolerável, que ameaça especialmente mulheres e crianças nas suas próprias casas, lugar em que deveriam sentir-se felizes, seguras e protegidas”, justificou o presidente da FIFA, Gianni Infantino.
Também se estima que mil milhões de crianças entre os dois e os 17 anos de idade (ou metade das crianças do mundo) sofreram em 2019 negligência ou violência física, sexual ou emocional.
"Assim como a violência física, sexual ou psicológica não tem espaço no futebol, ela também não tem espaço em casa", vincou Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS.
O médico elogiou a parceria internacional “para chamar atenção para este problema crucial”: “Como as pessoas estão isoladas em casa devido à covid-19, o risco da violência doméstica foi tragicamente agravado".
A comissária europeia da Inovação, Pesquisa, Cultura, Educação e Juventude, Mariya Gabriel, reforça a mensagem de que “a violência não tem espaço” nas nossas sociedades.
"Os direitos das mulheres são direitos humanos e devem ser protegidos. Com frequência, as mulheres e as crianças abusadas ficam receosas de falar por medo ou vergonha. Essa 'janela' para se manifestar e pedir ajuda é ainda mais restrita durante o confinamento. É nossa responsabilidade como sociedade e como instituições pronunciarmo-nos por essas mulheres, dar-lhes confiança e força”, completou.
Os 15 antigos ou atuais futebolistas enviam mensagens para as vítimas, para os agressores e para os governos.
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